Derrame (AVC): causas, sintomas e como prevenir

Saúde
27 de Dezembro, 2022
Derrame (AVC): causas, sintomas e como prevenir

O acidente vascular cerebral (AVC), comumente chamado de derrame, é a principal causa de morte no Brasil, e pode provocar efeitos incapacitantes. De acordo com dados do portal de Transparência do Registro Civil, mantido pela Associação Nacional dos Registradores de Pessoas Naturais, o acidente vascular cerebral já matou 87.518 brasileiros de 1º de janeiro até 13 de outubro deste ano. O número equivale à média de 12 óbitos por hora, ou 307 por dia, e faz do AVC a principal causa de morte no país. 

Além disso, segundo a Sociedade Brasileira de Doenças Cerebrovasculares (SBDCV), cerca de 70% das pessoas acometidas por AVC não conseguem ter condições de retomar as atividades profissionais, em decorrência de sequelas. A boa notícia é que é possível prevenir o problema controlando os fatores de risco. Conheça agora as causas, sintomas e como evitar o derrame.

Leia mais: Dieta vegetariana pode reduzir risco de AVC

Tipos de acidente vascular cerebral

O quadro costuma se dividir em dois tipos:

Acidente vascular cerebral isquêmico: ocorre devido à falta de circulação do sangue no cérebro, causada pelo entupimento ou comprometimento de um vaso saguíneo. Correponde por aproximadamente 85% dos casos de AVC.

AVC hemorrágico: O AVC hemorrágico ocorre quando há um rompimento (e não entupimento) de um vaso cerebral, provocando uma hemorragia, um sangramento. Corresponde a 15% dos casos de AVC, aproximadamente.

Em ambos os casos, seja por entupimento ou por rompimento, há comprometimento da circulação sanguínea na área acometida.

Causas do derrame

Doenças cardiovasculares, incluindo o derrame, matam 400 mil brasileiros todos os anos, segundo a Sociedade Brasileira de Cardiologia. No caso de acidente vascular cerebral, dez fatores de risco são responsáveis por 92% dos casos no mundo: hipertensão arterial, tabagismo, obesidade abdominal, diabetes, álcool, estresse e depressão, doenças cardíacas e colesterol alterado.

Tais fatores podem causar o derrame, ou seja, o entupimento e/ou rompimento dos vasos que levam sangue com oxigênio e nutrientes para o cérebro, ocasionando a morte de neurônios e consequente perda ou redução da função da região cerebral comprometida. 

Outros fatores

Além disso, outros fatores também podem causar derrame:

  • Doenças que ocasionam a formação de placas nos vasos, aumentando a chance de entupimento;
  • Problemas no coração que levam a formação de trombos (coágulos) no coração. Tais coágulo podem se soltar (êmbolo) e causar o entupimento de vasos no cérebro; 
  • Alterações na coagulação do sangue, que sempre deve ser investigada no caso de pacientes mais jovens; 
  • Derrames sem causa conhecida (criptogênicos).

Sintomas de derrame

O derrame pode ser isquêmico, quando ocorre entupimento de um vaso que leva sangue para o cérebro ou hemorrágico, isto é, quando um vaso se rompe/estoura dentro do cérebro. Dessa forma, é importante ficar atento a todo sintoma neurológico que surja muito rápido (de forma aguda): 

  • Perda de força, formigamento ou dormência em rosto e/ou braço e/ou perna de um lado do corpo; 
  • Dificuldade para falar/compreender o que estão dizendo;
  • Dificuldade para enxergar; 
  • Tontura sem causa conhecida, alterando a coordenação ou o equilíbrio; 
  • Dor de cabeça muito forte e que não melhora; 
  • Dificuldade para engolir; 
  • Confusão mental.

Como saber se uma pessoa está tendo um AVC

Além dos sintomas, existe um teste chamado SAMU (que tem esse nome justamente pra você lembrar de chamar o SAMU):

S – Peça para a pessoa sorrir: em casos de derrame, a boca costuma “entortar” com o sorriso.

A – Abrace: durante o abraço, o indivíduo tem dificuldade para levantar um dos braços.

M – Peça para cantar um trecho de música: se a fala ficar embolada ou com as frases sem contexto, é outro sinal da condição.

U – Por fim, se acontecerem todos os cenários acima, chame imediatamente uma ambulância ou vá ao socorro médico.

Prevenção

Ainda de acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), o Brasil será o país com maior número de casos de morte por doenças cardiovasculares em 2040. Dessa forma, a prevenção é a principal aliada para evitar diversas patologias, incluindo o derrame. Dados da Sociedade Brasileira de Cardiologia revelam, por exemplo, que a ingestão de frutas e legumes diariamente reduz em aproximadamente 20% a mortalidade da doença. 

Dessa forma, para prevenir o derrame, deve-se manter uma vida saudável, incluindo uma alimentação saudável, consumo de água, prática regular de atividade física, evitar vícios como cigarro, bebida e drogas, além de controlar o peso e diminuir o risco de doenças como pressão alta, diabetes e colesterol alto. Exames preventivos também são fundamentais, pois muitas doenças podem ser silenciosas em um primeiro momento, sendo descobertas somente após o derrame já ter acontecido.

Por fim, havendo sequelas, o tratamento geralmente é multidisciplinar, incluindo fisioterapia, além de acompanhamento com fonoaudióloga, terapeuta ocupacional, psicóloga, entre outros, a depender da sequela de cada paciente.

Perguntas frequentes

Todo derrame deixa sequelas?

Não necessariamente. Se o AVC acomete uma pequena área do cérebro, a pessoa consegue se recuperar sem ter sequelas. Entretanto, a condição pode atingir proporções maiores do órgão, trazendo mais riscos de efeitos colaterais. Por exemplo, alterações na face (boca torta, olhos caídos), dificuldade permanente para falar e problemas de mobilidade.

Quem pode ter um AVC?

Embora o AVC atinja mais frequentemente indivíduos com idade acima de 60 anos, tem crescido entre jovens e pode, inclusive, afetar crianças. 

Quais médicos procurar?

A princípio, se a pessoa está enfrentando um derrame, o pronto atendimento é a melhor opção. Por outro lado, já para acompanhamento médico preventivo ou pós-AVC, é importante ter contato com neurologistas e cardiologistas.

Leia mais: AVC: afinal, o que é, sintomas, causas e tratamento

Fonte: Alessandra Billi Falcão Gonçalves, neurologista do Dr. Consulta – CRM – 129038-SP/RQE-34406

Referência: Ministério da Saúde.

Sobre o autor

Fernanda Lima
Jornalista e Subeditora da Vitat. Especialista em saúde

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