Derrame (AVC): causas, sintomas e como prevenir
O acidente vascular cerebral (AVC), comumente chamado de derrame, é a principal causa de morte no Brasil, e pode provocar efeitos incapacitantes. De acordo com dados do portal de Transparência do Registro Civil, mantido pela Associação Nacional dos Registradores de Pessoas Naturais, o acidente vascular cerebral já matou 87.518 brasileiros de 1º de janeiro até 13 de outubro deste ano. O número equivale à média de 12 óbitos por hora, ou 307 por dia, e faz do AVC a principal causa de morte no país.
Além disso, segundo a Sociedade Brasileira de Doenças Cerebrovasculares (SBDCV), cerca de 70% das pessoas acometidas por AVC não conseguem ter condições de retomar as atividades profissionais, em decorrência de sequelas. A boa notícia é que é possível prevenir o problema controlando os fatores de risco. Conheça agora as causas, sintomas e como evitar o derrame.
Leia mais: Dieta vegetariana pode reduzir risco de AVC
Tipos de acidente vascular cerebral
O quadro costuma se dividir em dois tipos:
Acidente vascular cerebral isquêmico: ocorre devido à falta de circulação do sangue no cérebro, causada pelo entupimento ou comprometimento de um vaso saguíneo. Correponde por aproximadamente 85% dos casos de AVC.
AVC hemorrágico: O AVC hemorrágico ocorre quando há um rompimento (e não entupimento) de um vaso cerebral, provocando uma hemorragia, um sangramento. Corresponde a 15% dos casos de AVC, aproximadamente.
Em ambos os casos, seja por entupimento ou por rompimento, há comprometimento da circulação sanguínea na área acometida.
Causas do derrame
Doenças cardiovasculares, incluindo o derrame, matam 400 mil brasileiros todos os anos, segundo a Sociedade Brasileira de Cardiologia. No caso de acidente vascular cerebral, dez fatores de risco são responsáveis por 92% dos casos no mundo: hipertensão arterial, tabagismo, obesidade abdominal, diabetes, álcool, estresse e depressão, doenças cardíacas e colesterol alterado.
Tais fatores podem causar o derrame, ou seja, o entupimento e/ou rompimento dos vasos que levam sangue com oxigênio e nutrientes para o cérebro, ocasionando a morte de neurônios e consequente perda ou redução da função da região cerebral comprometida.
Outros fatores
Além disso, outros fatores também podem causar derrame:
- Doenças que ocasionam a formação de placas nos vasos, aumentando a chance de entupimento;
- Problemas no coração que levam a formação de trombos (coágulos) no coração. Tais coágulo podem se soltar (êmbolo) e causar o entupimento de vasos no cérebro;
- Alterações na coagulação do sangue, que sempre deve ser investigada no caso de pacientes mais jovens;
- Derrames sem causa conhecida (criptogênicos).
Sintomas de derrame
O derrame pode ser isquêmico, quando ocorre entupimento de um vaso que leva sangue para o cérebro ou hemorrágico, isto é, quando um vaso se rompe/estoura dentro do cérebro. Dessa forma, é importante ficar atento a todo sintoma neurológico que surja muito rápido (de forma aguda):
- Perda de força, formigamento ou dormência em rosto e/ou braço e/ou perna de um lado do corpo;
- Dificuldade para falar/compreender o que estão dizendo;
- Dificuldade para enxergar;
- Tontura sem causa conhecida, alterando a coordenação ou o equilíbrio;
- Dor de cabeça muito forte e que não melhora;
- Dificuldade para engolir;
- Confusão mental.
Como saber se uma pessoa está tendo um AVC
Além dos sintomas, existe um teste chamado SAMU (que tem esse nome justamente pra você lembrar de chamar o SAMU):
S – Peça para a pessoa sorrir: em casos de derrame, a boca costuma “entortar” com o sorriso.
A – Abrace: durante o abraço, o indivíduo tem dificuldade para levantar um dos braços.
M – Peça para cantar um trecho de música: se a fala ficar embolada ou com as frases sem contexto, é outro sinal da condição.
U – Por fim, se acontecerem todos os cenários acima, chame imediatamente uma ambulância ou vá ao socorro médico.
Prevenção
Ainda de acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), o Brasil será o país com maior número de casos de morte por doenças cardiovasculares em 2040. Dessa forma, a prevenção é a principal aliada para evitar diversas patologias, incluindo o derrame. Dados da Sociedade Brasileira de Cardiologia revelam, por exemplo, que a ingestão de frutas e legumes diariamente reduz em aproximadamente 20% a mortalidade da doença.
Dessa forma, para prevenir o derrame, deve-se manter uma vida saudável, incluindo uma alimentação saudável, consumo de água, prática regular de atividade física, evitar vícios como cigarro, bebida e drogas, além de controlar o peso e diminuir o risco de doenças como pressão alta, diabetes e colesterol alto. Exames preventivos também são fundamentais, pois muitas doenças podem ser silenciosas em um primeiro momento, sendo descobertas somente após o derrame já ter acontecido.
Por fim, havendo sequelas, o tratamento geralmente é multidisciplinar, incluindo fisioterapia, além de acompanhamento com fonoaudióloga, terapeuta ocupacional, psicóloga, entre outros, a depender da sequela de cada paciente.
Perguntas frequentes
Todo derrame deixa sequelas?
Não necessariamente. Se o AVC acomete uma pequena área do cérebro, a pessoa consegue se recuperar sem ter sequelas. Entretanto, a condição pode atingir proporções maiores do órgão, trazendo mais riscos de efeitos colaterais. Por exemplo, alterações na face (boca torta, olhos caídos), dificuldade permanente para falar e problemas de mobilidade.
Quem pode ter um AVC?
Embora o AVC atinja mais frequentemente indivíduos com idade acima de 60 anos, tem crescido entre jovens e pode, inclusive, afetar crianças.
Quais médicos procurar?
A princípio, se a pessoa está enfrentando um derrame, o pronto atendimento é a melhor opção. Por outro lado, já para acompanhamento médico preventivo ou pós-AVC, é importante ter contato com neurologistas e cardiologistas.
Leia mais: AVC: afinal, o que é, sintomas, causas e tratamento
Fonte: Alessandra Billi Falcão Gonçalves, neurologista do Dr. Consulta – CRM – 129038-SP/RQE-34406
Referência: Ministério da Saúde.