Deformidade no crânio do recém-nascido: quando se preocupar?
Quando o bebê nasce, durante o trabalho de parto ou dependendo da posição do bebê intrauterino, pode haver alguma alteração no segmento cefálico (cabeça do bebê) e este recém-nascido apresentar a cabeça amassada, normalmente, na parte de trás. A deformidade no crânio do recém-nascido assusta, mas não necessariamente é perigosa. “A tendência é que isso se resolva depois de uma ou duas semanas após o nascimento.
Isto é uma deformidade postural, que também pode estar relacionada nas situações em que o bebê fica deitado muito tempo na mesma posição, como em casos de recém-nascidos que permanecem muito tempo na UTI neonatal ou até mesmo bebês que ficam deitados apoiando a parte de trás da cabeça. É a chamada deformidade postural adquirida”, explica Dr. Ricardo Santos de Oliveira, neurocirurgião pediátrico.
Leia também: Gestação química ocorre quando o embrião não é implantado. Entenda
Deformidade no crânio do recém-nascido: o que fazer?
Ele conta que, nestes casos, não há necessidade de tratamento cirúrgico. Pode ser realizada uma radiografia simples do crânio para identificar as suturas cranianas (linhas) em alguns casos. Os pais devem ser orientados, após o nascimento do bebê, para que mudem a posição da cabeça dele no berço de forma a evitar as deformidades posturais.
Já a craniossinostose ou cranioestenose é uma deformidade craniana causada pelo fechamento precoce de uma ou mais suturas cranianas, que servem para determinar o crescimento e remodelamento do crânio. “As suturas não têm nada a ver com a moleira popularmente conhecida. A moleira, chamada de fontanela, são espaços amolecidos que existem no crânio do bebê, cuja função é acomodar os ossos do crânio durante a passagem da cabeça pelo canal do parto”, explica o neurocirurgião. A craniossinostose pode causar compressão cerebral, deformidade estética e está relacionada a aspectos psicossociais (rendimento escolar, convívio social, comportamento).
Neste caso, o tratamento (que é coberto pelo SUS) geralmente é cirúrgico e visa corrigir a deformidade craniana. Promovendo assim o crescimento do encéfalo sem restrições, e melhorar as condições funcionais.
“Para a cirurgia, considero ideal que a criança tenha pelo menos 6kg de peso e idade acima de 3 meses. Quanto mais tarde operar, mais difícil será a maleabilidade óssea”, explica o neurocirurgião com vasta experiência em deformidades craniofaciais.
Então, a grande diferença entre deformidade postural e a craniossinostose é que, neste último caso, o bebezinho já nasce com a deformidade craniana e não melhora com o tempo. Com o crescimento desta criança, a deformidade fica cada vez mais aparente.
Quando utilizar a órtese craniana?
“A indicação para uso da órtese (capacete) deve ser restrita e sugerida apenas quando existe o diagnóstico de uma deformidade postural (e não da craniossinostose) muito relevante. Em crianças abaixo de seis meses, pode ser indicado. Mas atenção aos cuidados: ao longo do primeiro ano de vida a cabecinha é uma das estruturas que mais vai se desenvolver. Então é importante fazer ajustes de tamanho na órtese nesse período. Higienizá-la também é fundamental, já que a órtese chega a ficar 23 horas por dia na cabecinha do bebê. E num país tropical como o Brasil, isso é ainda mais importante para evitar qualquer lesão no couro cabeludo”, finaliza Dr. Ricardo.
Fonte: Ricardo de Oliveira, neurocirurgião pediátrico.