Crianças que dormem mal têm mais riscos para doenças inflamatórias

Bem-estar Saúde Sono
02 de Fevereiro, 2023
Crianças que dormem mal têm mais riscos para doenças inflamatórias

O sono de qualidade é importantíssimo em qualquer fase da vida. É durante o repouso que nosso corpo realiza a manutenção das funções e “bota ordem na casa”. Na infância, não poderia ser diferente. Crianças que dormem mal são mais vulneráveis a doenças inflamatórias, entre elas a obesidade.

Além disso, a privação de sono pode gerar disfunções nos sistemas cognitivo e comportamental dos pequenos, dois aspectos essenciais para um desenvolvimento saudável.

É o que sugere um estudo brasileiro, feito por pesquisadores da Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo (USP). Para chegar à conclusão, o grupo reuniu 199 crianças com idades entre 5 a 7 anos de São Paulo (SP) e Fortaleza (SP).

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Crianças que dormem mal também descansam abaixo das horas recomendadas de sono

Nem sempre o tempo ideal de descanso corresponde à qualidade do sono. Contudo, além de dormirem mal, mais da metade das crianças do estudo repousam abaixo da expectativa para a idade.

Para observar os efeitos da privação de sono nos indivíduos, os cientistas mapearam o tempo de sono deles e mediram a circunferência abdominal para o perfil inflamatório.

O acompanhamento do descanso foi por meio de um acelerômetro, equipamento que avalia a atividade e o repouso. Ao longo de sete dias ininterruptos, as crianças conviveram com o aparato.

Além disso, as crianças realizaram exames de sangue para verificar a proteína C-Reativa (PCR). O teste ajuda a checar a suscetibilidade a inflamações. Como resultado, os valores médios chegaram a  1 mg/L, acima do parâmetro, que é abaixo de 0,3mg/L.

Logo, a circunferência abdominal, o resultado do exame e a média de sono abaixo de seis horas foram essenciais para destacar os riscos à saúde dos pequenos.

Além da obesidade e das possíveis alterações cognitivas, as crianças são mais propensas ao risco cardiovascular.

Quanto as crianças precisam dormir para ter saúde?

Para chegar aos números recomendados para o estudo, os pesquisadores da USP se basearam na tabela da National Sleep Foundation (NSL). O material fornece a recomendação de sono por faixa etária. No caso das crianças que integraram o experimento, que têm entre 5 e 7 anos, a média ideal oscila de oito a 12 horas por noite. A seguir, confira a sugestão de descanso por faixa etária em cada fase da vida, de acordo com a NSL:

  • 0 a 3 meses: 14 a 17 horas
  • 4 a 11 meses: 12 a 15 horas
  • 1 a 2 anos: 11 a 14 horas
  • 3 a 5 anos: 10 a 13 horas
  • 6 a 13 anos: 9 a 11 horas
  • 14 a 17 anos: 8 a 10 horas
  • 18 a 25 anos: 7 a 9 horas
  • 26 a 64 anos: 7 a 9 horas
  • 65 anos ou acima: 7 a 8 horas

Como o corpo das crianças que dormem mal reagem?

Acima de tudo, é importante esclarecer o que é “dormir mal”. Como falamos, a quantidade de horas não necessariamente se refere a uma boa noite de sono. O descanso adequado é aquele que o corpo ingressa em todos os ciclos de sono sem interrupções, da fase leve à profunda, que se intercalam durante a noite.

Quando despertamos em alguma etapa com frequência — por exemplo, acordar demais para ir ao banheiro, com barulhos etc –, o corpo reconhece o ato como uma ameaça. Logo, aciona o mecanismo do estresse, que produz componentes inflamatórios e prejudicam o repouso.

Na prática, os efeitos da restrição de sono para as crianças não só compromete a saúde física, mas afeta a capacidade de se concentrar, aprender e realizar atividades fundamentais nesse momento da vida.

Como melhorar o sono das crianças?

Com essa pesquisa, notamos como dormir impacta na saúde ou na doença. Infelizmente, as pessoas têm dormido mal. Uma pesquisa realizada pelo IBOPE a pedido da farmacêutica Takeda analisou o sono dos brasileiros e a busca por ajuda médica para dormir melhor.

Chamado Mapa do Sono dos Brasileiros, o estudo ouviu 2.365 pessoas acima de 18 anos, das classes A, B e C. Ao todo, 65% dos entrevistados sofrem com privação de sono em diversos níveis. Contudo, pouquíssimos fazem algo para melhorar a situação. Somente 7% procura auxílio médico nesse sentido.

Preocupações, estresse e estilo de vida pouco saudável são alguns fatores que colaboram para o quadro. Assim como os adultos, as crianças são impactadas dessa forma.

Por isso, estabelecer uma rotina fixa, com horários para as atividades pode ser o primeiro passo para ajustar o ciclo do sono. Veja algumas dicas para melhorar a qualidade de vida dos pequenos (e, talvez, a sua também):

  • Restrinja equipamentos eletrônicos (sobretudo smartphones e computadores) por, pelo menos, duas horas antes do horário de dormir.
  • Estimule atividades relaxantes — por exemplo, ouvir música, ler um livro e tomar um banho quente à noite.
  • Suspenda programas de TV e filmes que mexam com as emoções (por exemplo, filmes de terror, violência etc).
  • Ofereça refeições leves para não pesar a digestão e, assim, melhorar o descanso.
  • Por fim, defina um horário específico para se deitar, mesmo que a criança não esteja sentindo sono.

 

Sobre o autor

Amanda Preto
Jornalista especializada em saúde, bem-estar, movimento e professora de yoga há 10 anos.

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