Como diminuir o consumo de plástico? Sua saúde e o planeta agradecem

Saúde
16 de Dezembro, 2022
Como diminuir o consumo de plástico? Sua saúde e o planeta agradecem

De acordo com relatório Global Plastic Outlook – Economic Drivers, Environmental Impacts and Policy Options”, divulgado pela Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OCDE), em 2019 o mundo produziu 460 milhões de toneladas de plástico. Deste número, apenas 9% foi reciclado – o restante é destinado para aterros sanitários, incineração ou descartes irregulares. Tal matéria-prima leva, em média, 400 anos para se decompor, poluindo, sobretudo, os oceanos e colocando em xeque a vida marinha – além de afetar a própria saúde humana. Para Nathalie Gil, CEO da Sea Shepherd Brasil, aprender como diminuir o consumo de plástico não é um movimento que acontece somente em prol do bem-estar do peixe: “é por toda a ecologia do planeta”.

Dados alarmantes sobre os impactos do plástico vêm estimulando cada vez mais a urgência de trazer o assunto para o debate e encontrar formas de minimizar os efeitos prejudiciais. Durante a palestra “A Vida no Oceano Pede Socorro”, que aconteceu na nona edição do Congresso Vegetariano Brasileiro, Nathalie pontuou a dimensão dos prejuízos causados pela matéria-prima na vida marinha e também na vida humana. 

“Noventa a cem por cento dos animais marinhos estudados têm plástico nos seus sistemas e tecidos, incluindo a gente. Nós comemos o equivalente a um cartão de crédito de plástico por semana na nossa alimentação”, declarou.

O dado trazido pela CEO é intimidador e, infelizmente, real. Em 2019, uma pesquisa da Universidade Médica de Viena descobriu que os humanos consomem cerca de cinco gramas de pequenas partículas de plástico por semana. Apesar de o estudo ter sido conduzido há alguns anos, foi no início deste ano que pesquisadores da Universidade Vrije, em Amsterdam, conseguiram detectar pela primeira vez esses fragmentos de plástico em amostras de sangue.

Consequências do plástico para a saúde humana

Os resultados dos estudos revelaram que os tipos mais frequentes de microplásticos encontrados no sangue são provenientes de garrafas PET e sacolas de supermercado. Uma pessoa que bebe de 1,5 a 2 litros de água na garrafa por dia, por exemplo, pode contabilizar 90 mil fragmentos de plástico no organismo ao final do ano.

A ciência ainda não tem dados suficientes para entender o tamanho das consequências desse consumo de plástico. Há, entretanto, algumas suspeitas, que vão desde uma possível alteração na microbiota intestinal até um risco maior de desenvolvimento de câncer. 

Outra preocupação dos pesquisadores é o local em que tais fragmentos podem se infiltrar (seja em tecidos ou órgãos do corpo humano). Além disso, a possibilidade de que essas partículas sejam transportadas por células imunológicas e afetem o sistema de defesa do organismo também deixa os cientistas em alerta.

Leia mais: Podemos ingerir até 5g de microplásticos por semana, diz estudo

Como fica o planeta

Os oceanos são uma das maiores vítimas do consumo exacerbado de plástico. Segundo dados da Associação Brasileiras de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais (Abrelpe), os resíduos plásticos representam 48,5% dos materiais que vazam para o mar. Além disso, um relatório da World Wide Fund for Nature (WWF) estima que até 2050 a quantidade de plástico no mar irá quadruplicar. 

Com o plástico subindo e os peixes sumindo, a previsão é que em 2050 tenha mais plástico do que peixe na Terra

Ela ainda completa dizendo que aproximadamente 700 espécies marinhas estão em risco de extinção por conta do plástico.  

Diante desses impactos nos oceanos, não se pode esquecer que mais da metade do oxigênio do mundo vem das algas marinhas. Além disso, os mares são reguladores da temperatura do planeta. De acordo com a CEO, existe uma certa negligência em relação à preservação marinha, muito por conta de um certo afastamento da realidade. 

“A gente vê a destruição de áreas terrestres, mas a gente não está vendo a destruição da área marinha, a gente não vê o que está debaixo da linha d’água. O oceano representa 30% do nosso território. A parte do oceano que o Brasil é responsável é imensa, então é nosso dever olhar com carinho sobre isso”, defende.

Como diminuir o consumo de plástico

Apesar de o problema ter magnitudes gigantescas, Nathalie reforça que não dá mais para permanecer inerte diante dessa situação. Aquela história de que atitudes individuais não têm o poder de mudar o mundo pode ser, em partes, factual, mas é preciso começar de algum lugar. 

“Dá para vocês fazerem também em casa. Repassar essas informações, falar sobre o plástico, falar sobre os peixes. Entender que não é somente pelo bem-estar do peixe, mas também por toda a ecologia do planeta. Assim, precisamos deixar de consumir para além da embalagem”.

Algumas formas práticas de diminuir o consumo de plástico no dia a dia são:

  • Substituir sacolas plásticas por sacolas de algodão (ecobags);
  • Levar seus próprios talheres quando for fazer alguma refeição no trabalho ou na faculdade, assim você não precisa usar as versões de plástico;
  • Precisa comprar roupa nova? Priorize peças que são feitas de tecidos naturais e evite as de sintético;
  • Substituir a escova de dentes comum por uma de bambu;
  • Experimentar usar xampu e condicionador em barra;
  • Comprar menos produtos embalados;
  • Substituir potes de plástico por versões de vidro ou aço;
  • Comprar prendedores de roupa de madeira em vez de plástico.

Como diminuir o consumo de plástico por meio do seu prato

Essas são só algumas das estratégias que podem ser adotadas individualmente visando uma menor produção de plástico. Entretanto, a Sea Shepherd, organização internacional sem fins lucrativos de conservação da vida marinha a qual Nathalie faz parte, chama atenção para a maior fonte de poluição dos oceanos: a pesca.

“A maior fonte de plástico que está sufocando a vida marinha nos nossos oceanos é feita de redes de pesca, cordas, FADs (dispositivo de agregação de peixes), espinhel, caixas e cestas que são propositalmente ou acidentalmente perdidas, descartadas ou abandonadas”, afirma publicação da Sea Shepherd.

Durante a palestra, Nathalie relembrou um episódio em que a equipe da organização parou um navio de pesca ilegal na Antártida. Ela conta que eles levaram três semanas para retirar a rede do mar – isso porque a extensão do apetrecho totalizava 72 km. Além disso, a CEO destaca como a pesca é ineficiente, uma vez que 40% de toda a captura se trata de animais “não alvos” – como baleias, tartarugas, tubarões, etc.

Justamente por isso, a organização incentiva que as pessoas repensem as escolhas alimentares e considerem a diminuição do consumo de peixe como forma de minimizar os impactos negativos do plástico no planeta e na vida humana.

Fonte: palestra “A Vida no Oceano Pede Socorro”, realizada pela Nathalie Gil, CEO da Sea Shepherd Brasil, durante nona edição do Congresso Vegetariano Brasileiro.

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