Cólica menstrual: o que é, sintomas, tratamentos e causas
Muito comum – estima-se que atinja de 70 a 90% das mulheres em idade fértil -, a cólica menstrual incomoda e é até capaz de diminuir a produtividade da mulher no trabalho, em casa e nos estudos. O nome que os médicos dão para essa dor na região pélvica é dismenorreia. Ela acontece, sobretudo, antes ou durante o fluxo menstrual e tem como característica principal uma dor acentuada na região do abdômen e na lombar, podendo irradiar até as coxas.
Por que sentimos cólica menstrual?
De acordo com a ginecologista regenerativa, funcional e estética Yara Caldato, a dor acontece por conta da liberação de uma substância chamada prostaglandina. “Faz, então, o útero contrair para eliminar o endométrio, a camada interna do útero, quando não há fecundação do óvulo”.
O que pode piorar a dor?
Em dias frios, é comum que a mulher sinta a dor da cólica menstrual com mais intensidade. Isso porque a queda da temperatura faz com que os vasos sanguíneos se contraiam. “Assim, prejudica o fluxo de sangue, diminui oxígenação e faz com que as dores se acentuem”, esclarece.
Além disso, vale ficar atenta à alimentação nesse período. Itens ricos em gordura, por exemplo, estimulam a produção de prostaglandina, o que piora as contrações. Yara também alerta para o excesso de cafeína. Outra questão que pode impactar na intensidade das dores é o sedentarismo.
Tipos de cólica
A dismenorreia pode ser dividida em duas categorias: primária e secundária. A primária é a mais comum. Surge de 6 a 12 meses após a menarca (primeira menstruação) e é causada pela liberação de prostaglandinas. Neste caso, a dor é forte mas espaçada. Em geral, começa junto com o início do fluxo e dura de 2 a 3 dias. Por fim, melhora com o uso de analgésicos ou anti-inflamatórios.
A secundária também está ligada à liberação de prostaglandinas e à contração do útero, porém é agravada por alguma alteração no sistema reprodutivo, como endometriose, miomas ou doença inflamatória pélvica. A dor, neste caso, tende a ser intensa, progressiva e incapacitante. Pode começar até 15 dias antes da menstruação e, muitas vezes, não responde ao uso de analgésicos e anti-inflamatórios.
Cólica fora do período menstrual
A ginecologista explica que não é normal sentir cólicas frequentes fora do período menstrual. Segundo ela, caso isso aconteça, é necessário visitar um médico para avaliar as causas. Nesses casos, elas podem estar relacionadas com alterações do sistema reprodutivo que causam a cólica secundária. Por exemplo: endometriose, miomatose uterina, adenomiose e tumores pélvicos.
“Algumas pacientes se acostumam com a dor e acreditam que é normal sentir cólicas fortes mensalmente, inclusive nas relações sexuais. Porém não se deve acostumar com a dor, sentir dor não é normal, isso diminui a qualidade de vida. Toda mulher merece viver em plenitude seus dias, sem ser limitada por dores frequentes”, diz.
Leia também: Endometriose: quando a dor da cólica deve chamar atenção?
Outros sintomas e diagnóstico para cólica menstrual
A dor nas regiões pélvica, lombar e nos membros inferiores não é o único sinal da cólica. Mas, muitos outros sintomas podem estar associados à ela, como náusea, vômito, dor de cabeça, inchaço, cansaço, irritação, nervosismo e até ansiedade.
Antes de mais nada, é essencial buscar auxílio médico para um diagnóstico correto. Por meio de avaliação clínica e exames laboratoriais, o profissional saberá avaliar o tipo de cólica e se há outras doenças atreladas à ela. Dessa forma, poderá indicar à paciente o tratamento mais adequado.
Atraso menstrual, cólicas e corrimento branco
Outra questão vivenciada por algumas mulheres é a presença do atraso menstrual junto com o surgimento de cólicas e um corrimento branco. Primeiramente, Yara defende que todo atraso menstrual deve ser avaliado para evitar a possibilidade de gestação.
De qualquer forma, essa condição pode acontecer por conta de estresse ou mudanças na rotina. “Caso venha acompanhado de corrimento branco, é preciso avaliar possíveis infecções vaginais. Se coçar e for um corrimento pastoso com pedaços (tipo leite coalhado) bem provavelmente deve se tratar de candidíase associada”, comenta.
Acima de tudo, é necessário uma consulta bastante detalhada para descobrir o diagnóstico e identificar o melhor tratamento para o atraso menstrual.
Como aliviar cólica menstrual?
Além do acompanhamento de um médico, também é possível tomar medidas simples para aliviar os sintomas da cólica menstrual no dia a dia. Uma das mais comuns – e eficazes! – é colocar uma bolsa de água quente no abdômen. Pois, o calor dilata os vasos sanguíneos e, assim, diminui a intensidade da dor.
Além disso, outra dica é fazer exercícios físicos, especialmente os aeróbicos. Assim como o calor, eles também agem na circulação sanguínea e aliviam o incômodo da cólica menstrual. Manter uma alimentação, sobretudo, saudável e equilibrada é extremamente importante Ou seja, evitar ou diminuir alguns alimentos e bebidas antes da menstruação, como sal, açúcar, gorduras animais, cafeína e álcool, ajuda a amenizar a dor e o inchaço. Por outro lado, nesse período, vale investir em alimentos, como, brócolis, sementes de abóbora, ovos, banana e chá de camomila.
Alguns alongamentos também ajudam a diminuir o incômodo causado pela cólica. Fazer uma aula de yoga de baixa intensidade, por exemplo, é uma boa ideia. Por fim, vale saber que a acupuntura, um tratamento com agulhas que age no sistema nervoso, libera substâncias que trazem bem-estar e alívio da dor em geral.
Qual a melhor posição para aliviar a cólica?
Além dessas atividades, uma forma prática de encontrar maior conforto nesse momento é investir em posições que trazem alívio para as dores. Veja algumas opções:
Deitada de lado com as pernas dobradas, em posição fetal
Ajoelhar-se no chão, sentar sobre os calcanhares e inclinar o corpo para frente, mantendo os braços esticados para frente em contato com o chão
Ficar deitada de barriga para cima, abraçando as pernas dobradas e mantendo os joelhos próximos ao peito
Deitar na cama de lado com travesseiro no meio dos joelhos dobrados
Recomendações para o período menstrual
- Evitar o excesso do consumo de doces, pois açúcar e gordura em excesso pioram a cólica menstrual. Assim, invista em pequenas porções e opções com maior concentração de cacau;
- Faça massagens na barriga e compressa com água morna;
- Realize atividades físicas;
- Além disso, em caso de dores muito intensas, é possível usar anti-inflamatórios e antiespasmódicos (consulte sempre um ginecologista).
Fonte: Telma Zakka, ginecologista, médica acupunturista e presidente do Comitê de Dor da Associação Paulista de Medicina (APM) e Yara Caldato, ginecologista regenerativa, funcional e estética CRM-PA 11627 – RQE 5066