Colangiografia: o que é, para que serve e como é feita
A colangiografia é um exame de raio-X, cuja principal função é investigar as vias biliares e ter um panorama completo do percurso da bile desde o fígado até ao duodeno. Essas vias servem de passagem para a bile, responsável pelo processo digestivo, e conectam o fígado e a vesícula biliar ao duodeno.
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Para que serve a colangiografia?
César Capel, cirurgião do aparelho digestivo do Hospital Albert Sabin (HAS), explica que a colangiografia é uma ferramenta essencial para checar alterações e problemas na região dos dutos biliares. Por exemplo, obstrução, lesões e dilatações e cálculos (pedras) na vesícula são casos que podem ser identificados por meio do exame. Além disso, há situações mais delicadas, como o tumor na vesícula, que são analisadas em uma colangiografia. Para o exame, o médico avalia os sintomas do indivíduo, e observa se há:
- Icterícia: tom amarelado na esclera ocular (a parte branca dos olhos) e na pele, urina escurecida ou fezes acinzentadas.
- Alterações laboratoriais nos exames de TGO, TGP, FA e GGT, correspondentes ao sistema hepático, além de dores abdominais.
O profissional ainda destaca que a colangiografia consegue identificar com precisão a patologia causadora dos sintomas, podendo ser benigna (inflamatória, por cálculos na via biliar) ou maligna (tumor hepático, de vias biliares, pancreáticas).
Como é feito o exame de colangiografia?
A princípio, existem alguns tipos e colangiografia que dependem da recomendação médica, de acordo com a suspeita em relação ao problema de saúde. Portanto, cada procedimento tem seus métodos. Por exemplo:
Colangiografia endovenosa
É necessária a injeção de meio de contraste e, a partir da aplicação, são obtidas imagens a cada 30 minutos. Normalmente a orientação é que o indivíduo siga uma alimentação livre de gorduras um dia antes do exame. Capel destaca que esse método tem sido pouco utilizado por conta da elevada incidência de reações ao meio de contraste (ioglicamato de meglumina, cujo nome comercial é Biligrama®). Por isso, não é indicado para quem possui alergia a contraste.
Colangiografia endoscópica
Neste exame, uma sonda é introduzida desde a boca até ao duodeno do paciente, local onde é administrado o produto de contraste. Logo depois é aplicado um raio-X na região do contraste, que ajuda a visualizar melhor o conteúdo dos dutos biliares. Muitas pessoas não sabem, mas o exame é realizado com sedação ou anestesia venosa sob supervisão de um médico. Se necessário, haverá a retirada de cálculos, dilatação ou colocação de prótese biliar durante o mesmo procedimento. Geralmente esse tipo de exame dura aproximadamente 45 minutos.
Intraoperatória
Diferentemente dos demais tipos, este exame é feito logo antes da cirurgia de retirada da vesícula biliar (colecistectomia). Para tal, é feita a administração de um produto de contraste e executado diversos raios-X. É importante fazer um jejum de pelo menos 6 horas e retirar qualquer tipo de objeto metálico do corpo (acessórios como brincos, piercings, pulseiras e cordões). No entanto, existem alguns contratempos que podem dificultar a realização do exame, como a claustrofobia que deixa o indivíduo ansioso e agitado. “Além disso, o restrito diâmetro de entrada do aparelho pode limitar a realização para pacientes com obesidade mórbida”, acrescenta o médico do Hospital Albert Sabin.
Por ressonância magnética
É executado depois da cirurgia de retirada da vesícula, e analisa os dutos biliares após a remoção, com o intuito de descobrir possíveis complicações causadas por cálculos residuais que não foram identificados no decorrer do processo cirúrgico.
Como se preparar para a colangiografia?
O método de preparo depende de cada procedimento. Porém, de forma geral, o paciente deve:
- Fazer jejum de 6 a 12 horas.
- Beber pouca água até duas horas antes do exame.
- Listar para o médico se utiliza medicamentos, principalmente aspirina, clopidogrel e varfarina.
Há restrições para o exame de colangiografia?
O procedimento não é indicado para quem possui hiperssensibilidade ao contraste. Também é desaconselhado para pessoas com infecção do sistema biliar ou que tenham níveis elevados de creatinina ou de ureia previamente identificados por exames de laboratório. Por outro lado, o profissional pode indicar outras alternativas de exame se essas se houver algum tipo de restrição.
Fonte: Cesar Capel de Clemente Junior, cirurgião do aparelho digestivo do Hospital Albert Sabin (HAS) e mestre em Ciências em Gastroenterologia pela FMUSP. CRM 162381.
Referência: Sociedade Brasileira de Endoscopia Digestiva (SOBED).