Células metastáticas se espalham mais rápido durante o sono, aponta estudo
Um estudo publicado em junho pelo Instituto Federal de Tecnologia de Zurique (ETH), do Hospital Universitário de Basel e da Universidade de Basel, ambos localizados na Suíça, investigou a relação entre o sono e o desenvolvimento das células metastáticas do câncer de mama. Assim, os resultados apontaram que a doença acelera durante o tempo de repouso.
A descoberta incomum acontece porque, segundo os pesquisadores, durante o período do sono há maior liberação de células cancerígenas. Até então, acreditava-se que o aumento e disseminação das células metastáticas acontecia continuamente pelo tumor, durante todo o dia. Entretanto, a nova pesquisa, publicada na revista Nature, mostrou que essas células circulam principalmente quando o paciente está dormindo.
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Como foi a descoberta do aumento das células metastáticas?
Os pesquisadores responsáveis pelo estudo, que trabalham em horários diferentes, avaliaram amostras de tumores coletadas em diversos momentos do dia. Então, perceberam que dependendo do período, as células cancerígenas circulavam de forma muito rápida, diferente do normal.
Os primeiros testes foram feitos em camundongos. Assim, os cientistas perceberam que durante o sono, as células se reproduziam em maior quantidade se comparadas aos humanos. Então, foi feita uma pesquisa com 30 pacientes com câncer de mama.
Dessa forma, ao analisarem os casos humanos com amostras de sangue coletadas em momentos distintos do dia, foi descoberto que, assim como os camundongos, o tumor produz mais células metastáticas enquanto o corpo está adormecido. Outra observação é de que essas células se dividem de forma rápida, ou seja, têm mais potencial de formar metástases.
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Zoi Diamantopoulou, pesquisadora da ETH Zurich e uma das autoras do artigo, afirma que isso pode ser impulsionado por hormônios que seguem o relógio biológico de cada indivíduo.
“Nossa pesquisa mostra que a fuga de células cancerígenas circulantes do tumor original é controlada por hormônios como a melatonina, que determinam nossos ritmos de dia e noite”, conta a pesquisadora.
O novo objetivo dos pesquisadores é descobrir se o horário do tratamento dos pacientes também influencia essa disseminação. Por fim, eles esperam que a nova descoberta ajude com novas estratégias ligadas às terapias do combate ao câncer. Também devem avaliar se isso ocorre também em outros tipos de câncer.