Câncer na família: qual é o impacto na vida dos filhos?

Saúde
31 de Agosto, 2022
Câncer na família: qual é o impacto na vida dos filhos?

Um estudo publicado na revista “Jama” pela Sociedade Americana contra o Câncer (American Cancer Society, em inglês) analisou dados de mais de 35 mil crianças e adolescentes de 5 a 17 anos, registrados entre 2010 e 2018. Os resultados mostraram que os filhos com histórico de câncer na família, mais especificamente entre seus pais, tinham uma chance maior de faltar à escola e de usar o sistema de saúde. 

De acordo com os autores, a pesquisa reforça a necessidade de uma atenção especial com os mais novos durante o processo de diagnóstico de câncer de seus pais. Isso exige, então, estratégias mais profissionais e até políticas de saúde.

“É uma doença muito complexa e difícil de enfrentar. Afinal, ela afeta todo o sistema familiar”, afirma Silmara Silva, psicóloga do Serviço de Psicologia do Hospital Israelita Albert Einstein. 

Câncer na família: o que acontece depois do diagnóstico?

De acordo com a especialista, o diagnóstico e o tratamento, normalmente feitos a longo prazo, acabam provocando mudanças em toda a rotina da família. “A criança pode se sentir confusa, com medo, com ansiedade e com dificuldades de entender as mudanças”. 

Muitos pais, ao tentar proteger os filhos da tristeza conectada à doença, acabam acreditando que é melhor evitar o assunto. Silva explica que, geralmente, “a criança capta tudo e percebe as mudanças”. O resultado pode ser ainda pior do que uma conversa franca e cuidadosa. 

“Na ausência de comunicação, os filhos podem criar fantasias que geram mais angústia”, alerta a psicóloga. Além disso, ela defende também a abertura de um espaço de conversa para atender às demandas da criança, como responder a todas as perguntas sobre a situação. 

Leia mais: Causas do câncer: estudo mostra principais responsáveis por doença

Como lidar?

As informações mais sensíveis devem ser colocadas de maneira gradativa e a linguagem deve ser adaptada ao nível de desenvolvimento, explica a especialista. Além disso, em caso de dificuldade por parte dos adultos, é válida a busca pela orientação de um psicólogo. Assim, o profissional pode ajudar a planejar o quê e como contar. 

“O essencial é que os menores saibam que podem perguntar e se expressar, se sentir acolhidos em relação ao que estão sentindo, e que entendam, sobretudo, que todos esses sentimentos são legítimos”, diz Silva. 

Alguns sinais podem mostrar dificuldade da criança em lidar com as mudanças após o diagnóstico dos pais. Por isso, deve-se ficar atento às possíveis alterações de comportamento, como irritabilidade excessiva, agressividade, choro frequente, tristeza, introspecção, dificuldade para dormir e queda no rendimento escolar.  

Daí a importância também de uma rede de apoio formada pela família mais ampla, com os amigos e a comunidade da escola. “Quanto mais fortalecido o vínculo da criança com essas pessoas, melhor ela passará pelo processo, por mais difícil que seja”, completa a psicóloga.

Fonte: Agência Einstein

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