Câncer de mama e fertilidade: entenda como preservá-la nesse momento
O diálogo entre câncer de mama e fertilidade é um dos pilares necessários após o diagnóstico da doença. Isso porque, de acordo com a mastologista Caroline Rocha, do A.C.Camargo Cancer Center, cerca de 30 a 40% das mulheres com menos de 40 anos, que são submetidas aos tratamentos oncológicos, entrarão em menopausa precoce. Assim, a informação torna-se fundamental para que a figura feminina conheça as possibilidades que existem para que sua fertilidade seja garantida e, consequentemente, a gestação no futuro seja possível.
“Acredita-se, inclusive, que realizar um tratamento da preservação da fertilidade atrasa o tratamento para o câncer e, por isso, pouco se investe na disseminação dessa informação. No entanto, o fato é que é possível realizar o procedimento em apenas 14 dias, e pode ser feito em conjunto com o oncologista, para que o protocolo indicado seja o mais adequado possível. Assim, garante-se essa possibilidade para a mulher e não prejudica qualquer tratamento oncológico”, esclarece o ginecologista e obstetra Nilo Frantz, especialista em reprodução humana.
Leia mais: Câncer de mama na gravidez é raro, mas pode acontecer
Câncer de mama e fertilidade: o que pode ser feito para preservá-la?
Ainda de acordo com o obstetra, o principal método para preservar a fertilidade feminina após o diagnóstico do câncer de mama é o congelamento de óvulos. “Através deste procedimento, eles permanecem armazenados em baixas temperaturas, com a idade e qualidade do momento que são refrigerados”, explica Frantz.
Para realizar o procedimento, o primeiro passo é marcar a consulta com um especialista após o diagnóstico do câncer de mama. Ele, por sua vez, pedirá exames para avaliar a reserva ovariana e, então, começar a sua estimulação por meio de uso de medicamentos que amadurecem o maior número de óvulos em um mesmo ciclo.
“Após algumas ecografias de controle, o médico indica o momento certo para realizar a punção (coleta dos óvulos). Esse procedimento é feito com sedação endovenosa e no mesmo dia já é feito o congelamento”, completa o especialista em reprodução humana.
O congelamento de óvulos deve ser realizado logo após o diagnóstico do câncer bem como antes do início do tratamento para a doença oncológica. Assim, o tratamento costuma durar em média 15 dias e pode ser feito em qualquer fase do ciclo menstrual.
Leia mais: Câncer de mama na amamentação: doença pode surgir nessa fase?
Congelamento de embriões
A segunda opção para preservar a fertilidade feminina diante do diagnóstico do câncer de mama é o congelamento de embriões. “Para o êxito desse procedimento é necessário que exista um parceiro ou um banco de sêmen para que os oócitos coletados possam ser fertilizados in vitro e levados a embriões para posterior criopreservação”, detalha o ginecologista Jorge Mendes, do hospital HSANP.
Dessa forma, Frantz explica que esse processo é similar ao de congelamento de óvulos. A única diferença é que, no dia em que se coleta os gametas femininos, o médico também colhe o sêmen do parceiro. Assim, com os dois materiais, realiza-se a fertilização in vitro. “Após cinco dias do desenvolvimento embrionários, os embriões viáveis são congelados”, completa o especialista.
Leia mais: Alimentação e câncer de mama: entenda a relação
Congelamento do tecido ovariano
Já a terceira e última opção é o congelamento do tecido ovariano. No entanto, de acordo com Mendes, ela ainda consiste em uma técnica de exceção por ainda estar sendo testada no Brasil. Além disso, a sua taxa de sucesso é menor do que a de outras opções.
Para realizá-lo, o especialista retira o tecido ovariano por via laparoscopia e é congelado. Assim, basta descongelá-lo para, então, ser transplantado. “Ele poderá ser reimplantado na região pélvica, sobre o ovário, perto das trompas ou em locais diferente, como parede abdominal ou braço. Nessas condições, para que ocorra a gravidez, são necessários medicamentos para indução da ovulação”, finaliza Mendes.
Leia mais: Identificação do câncer de mama: cientistas brasileiras criam novo método
Fontes:
- Dr. Nilo Frantz, especialista em reprodução humana, da Nilo Frantz Medicina Reprodutiva;
- Dr. Jorge Mendes, ginecologista do hospital HSANP;
- Dra. Caroline Rocha, mastologista do A.C.Camargo Cancer Center.
Referências: