Câncer de esôfago: quais são as causas, sintomas e tratamentos?

Saúde
17 de Abril, 2023
Câncer de esôfago: quais são as causas, sintomas e tratamentos?

O câncer de esôfago acontece quando as células do revestimento interno do esôfago, isto é, tubo que vai da garganta ao estômago, passam a aumentar de maneira descontrolada. Contudo, a doença pode crescer, invadindo outras camadas do órgão ou mesmo outros órgãos ao redor.

De acordo com o Instituto Nacional de Câncer (INCA), são estimados 10.990 casos no Brasil, sendo 8.200 em homens e 2.790 em mulheres para cada ano do triênio 2023-2025. A doença é a 13ª mais comum no país, sem considerar os tumores de pele não melanoma.

Além disso, no mundo, o câncer de esôfago está entre a oitava mais frequente e seu tipo mais comum é o adenocarcinoma, seguido pelo carcinoma de células escamosas. Segundo a Dra. Renata D’Alpino, oncologista, é possível ainda que outros tipos de câncer também ocorram no esôfago. “Linfomas, melanomas e sarcomas podem surgir na região, mas vale lembrar que eles são bastante raros”, comenta.

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Tipos de câncer de esôfago

  • Carcinoma de células escamosas: Pode ocorrer em qualquer lugar ao longo do esôfago, mas é mais comum na região do pescoço (esôfago cervical) e nos dois terços superiores da cavidade torácica (esôfago torácico superior e médio);
  • Adenocarcinoma: Os cânceres que começam nas células da glândula (células que produzem muco) são os adenocarcinomas, frequentemente encontrados no terço inferior do esôfago (esôfago torácico inferior).

Sintomas

Quanto aos sinais da doença, a oncologista explica que na grande maioria dos casos o câncer de esôfago é assintomático em fases iniciais, podendo dificultar o diagnóstico do paciente.

“No entanto, quando os sintomas aparecem, é possível notar dificuldade de deglutição, dando a sensação de que a comida está presa na garganta ou no peito. Isso ocorre porque há uma obstrução da passagem de líquidos e alimentos; outro sinal é a dor no peito, como se fosse uma pressão ou queimação; e ainda a perda de peso sem causa aparente, que pode chegar até 10% ou mais do peso corporal do paciente”, explica Renata D’Alpino.

Outros sintomas possíveis do câncer do esôfago podem incluir:

  • Rouquidão;
  • Tosse persistente;
  • Vômitos;
  • Hemorragia digestiva.

“Caso os sintomas não passem, é muito importante procurar por ajuda médica. No entanto, vale lembrar que nem sempre esses sinais são relacionados aos casos de câncer de esôfago, por isso, o diagnóstico correto é fundamental para o início do tratamento mais adequado ao paciente”, reforça a médica.

Prevenção

Como forma de prevenção, é fundamental evitar alguns hábitos que podem aumentar os riscos de desenvolvimento da doença. Por exemplo:

  • Ingerir bebidas quentes demais, isto é, em temperatura igual ou superior 65ºC;
  • Tabagismo;
  • Inalar poeiras de construção civil, vapores de combustíveis, entre outros;
  • Consumir bebidas alcóolicas;
  • Exposição a ambientes com radiação ionizantes (raio X e Gama);
  • Obesidade.

De acordo com um estudo publicado no periódico Annals of Internal Medicine, beber chá quente demais pode aumentar os riscos da doença. Contudo, se junto ao hábito o paciente também consumir bebida alcóolica ou fumar, as chances podem ser cinco vezes maiores.

“Felizmente, o câncer de esôfago é prevenível, mas é importante que a população em geral deixe alguns hábitos de lado. Por exemplo, manter uma dieta equilibrada, não fumar, praticar atividades físicas regularmente e não ingerir bebidas alcóolicas ou quentes demais, como chás, chimarrão, entre outros, são alternativas para contornar o problema. Vale lembrar ainda que a vacinação contra o HPV é fundamental para evitar que a doença seja causada pelo vírus. Além do câncer de esôfago, ela também pode auxiliar na prevenção do câncer do colo do útero, ânus, boca, etc”, alerta a médica.

Diagnóstico do câncer de esôfago

Após a queixa do paciente, o médico solicitará uma endoscopia digestiva alta com biópsia e, caso se confirme a doença, exames de imagem. Os mais comuns são:

  • Endoscopia: um endoscópio com câmera avalia a parte interna do esôfago. Durante o exame, retiram-se fragmentos de lesões identificadas;
  • Ultrassom endoscópico: uma sonda emite ondas sonoras localizadas no final de um endoscópio. Este teste é feito ao mesmo tempo que a endoscopia digestiva alta e é útil para determinar o tamanho de um câncer de esôfago, e o quanto ele cresceu em áreas próximas. Também ajuda a mostrar se os gânglios linfáticos foram afetados pelo câncer;
  • Broncoscopia: para cânceres que estão localizados na parte superior do esôfago. O intuito é ver se ele está invadindo a traqueia ou brônquios (tubos que conduzem o ar da traqueia aos pulmões);
  • Toracoscopia e laparoscopia: são exames que permitem que o médico veja os gânglios linfáticos e outros órgãos próximos ao esôfago dentro do tórax (por toracoscopia) ou no abdômen (por laparoscopia) por meio de uma câmera. Também auxiliam a obter amostras de biópsia.
  • Tomografia computadorizada (TC): a TC de tórax, abdomen e pelve desempenha um papel crucial na detecção de linfonodos metastáticos, de metástases hematogênicas e também na avaliação do grau de acometimento local do tumor.
  • PET-CT: mostra se existem alterações no metabolismo celular, produzindo imagens com tecnologia digital e recursos de raio-x. Além disso, ele analisa em qual estágio o tumor está, para que seja possível planejar o tratamento. O procedimento consiste na aplicação de uma substância que emite baixas doses de radiação à base de glicose por via venosa. Com isso, o especialista poderá investigar o consumo de glicose no organismo e eventuais problemas.

Tratamento

Por fim, após o diagnóstico, o oncologista irá indicar o melhor tratamento para o câncer de esôfago, podendo variar entre cirurgia, radioterapia e quimioterapia (isolada ou combinada). Vale lembrar que quando o câncer de esôfago já se espalhou para outros órgãos, o tratamento envolve quimioterapia e, em alguns casos, imunoterapia.

“Dependendo de cada situação, o médico pode indicar a combinação de tratamentos, como o caso da quimioterapia, podendo ser associada com a radioterapia antes da cirurgia. O objetivo, neste caso, é eliminar células cancerosas não observadas, diminuir o tamanho do tumor”, finaliza a oncologista do Grupo Oncoclínicas.

Fonte: Dra. Renata D’Alpino, oncologista especialista em tumores gastrointestinais e neuroendócrinos da Oncoclínicas São Paulo.

 

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