Bexiga baixa (cistocele): o que é, sintomas, causas e tratamento

Saúde
19 de Setembro, 2022
Bexiga baixa (cistocele): o que é, sintomas, causas e tratamento

Você já ouviu falar em bexiga baixa? Essa condição, também chamada cistocele, é bastante literal: diz respeito a uma mudança na posição habitual da bexiga, que acontece por perda da sustentação ou flacidez dos tecidos locais.

Em termos práticos, essa condição gera a sensação (e, às vezes, até a presença visível) de uma “bola na vagina”. Dessa forma, muitos desconfortos são desencadeados.

“A apresentação e as queixas podem ser bastante variadas e nem sempre se relacionam com o tamanho da cistocele (ou com o tanto que a bexiga desce). Isso inclui desde mulheres assintomáticas, que simplesmente constatam que há algo fora do lugar em sua região genital, sem outras queixas, até quadros em que os sintomas são bastante incômodos e prejudiciais à qualidade de vida”, explica Augusta Morgado Ribeiro, ginecologista especialista em uroginecologia e membro da equipe médica do Instituto de Cuidados, Reabilitação e Assistência em Neuropelveologia e Ginecologia (Increasing).

É a mudança da posição da bexiga que pode levar a sensação de “bola na vagina”. Tal condição gera um desconforto vaginal como se houvesse algo permanentemente dentro da vagina. Além disso, é possível sentir a dor em peso em baixo ventre – como se a bexiga estivesse sendo puxada para baixo. 

Em alguns casos, pode haver disfunções urinárias, manifestadas por aumento de frequência urinária diurna ou noturna. Outros sintomas são:

  • Urgência miccional;
  • Sensação de esvaziamento incompleto da bexiga;
  • Percepção de que a urina não sai satisfatoriamente ou que há a necessidade de fazer esforço;
  • Sensação de que é preciso reposicionar a bexiga para início do jato urinário.

Não só isso, mas a condição também costuma ser acompanhada de um aumento da incidência de infecções urinárias. Isso acontece por conta da tendência à retenção de urina.

Causas da bexiga baixa

Não existe apenas um motivo para a bexiga baixa acontecer. Normalmente, ela ocorre por perda da sustentação do órgão na sua posição original – localizada na parede anterior da vagina e sustentada por ligamentos e tecidos elásticos formados por colágeno, as fáscias. 

“Geralmente a causa da cistocele é multifatorial, incluindo condições como a fragilidade individual do tecido colágeno de cada mulher, que depende de questões genéticas e nutricionais, bem como da exposição a fatores que aceleram a perda de resistência deste tecido como tabagismo ou alterações hormonais”, explica a médica. 

O aumento contínuo de tensão nesses tecidos também pode facilitar a ocorrência dos prolapsos. Ou seja, da perda de sustentação da bexiga e outros órgãos, como o útero e o intestino. O sobrepeso e a obesidade, doenças que causam tosse crônica, esforços repetitivos ou levantamento de peso (em atividades físicas ou laborais) podem submeter estes tecidos a uma sobrecarga de esforço, facilitando sua ruptura.

Outros mecanismos, como gestações e partos, principalmente quando numerosos e de bebês grandes, também provocam o estiramento e flacidez desses tecidos de sustentação. Assim, pode ocorrer a queda da bexiga.

Leia também: Síndrome da bexiga dolorosa: O que é, sintomas e tratamento

Diagnóstico

O diagnóstico acontece baseado nas queixas da mulher e no exame físico detalhado para a avaliação da presença de prolapsos genitais. 

“Esse exame é feito no consultório do ginecologista, na posição ginecológica habitual. Assim, o médico avaliador solicitará que a mulher faça algumas manobras de tosse e esforço para constatar se há o deslocamento das paredes vaginais que sejam sugestivos de prolapso”, explica a Dra. Augusta. 

Na hora do exame, o médico pode fazer algumas medidas com uma pequena espátula graduada, que auxiliará na medida e classificação da cistocele. É aqui que o profissional também vai investigar e pesquisar outros prolapsos. Por exemplo os do reto ou da parede posterior da vagina, além do próprio útero. 

“Se houver alguma queixa urinária associada à cistocele, um exame complementar de avaliação da função da bexiga, o Estudo Urodinâmico, pode ser solicitado. Assim, é possível pesquisar alterações de seu enchimento e esvaziamento”, complementa. 

Tratamento de bexiga baixa

O tratamento adequado acontecerá de acordo com cada caso, dependendo, principalmente, dos sintomas relatados pela paciente e por sua condição clínica. Dessa forma, podem ser indicadas tanto a observação do quadro, pura e simplesmente, quanto outras condutas conservadoras até procedimentos cirúrgicos.   

“As condutas conservadoras incluem sessões de fisioterapia pélvica – uma terapia específica para fortalecimento da musculatura e melhora de qualidade de tecidos de sustentação, que levam a diminuição do desconforto e das queixas urinárias. Também pode ter o uso de um pessário, um anel de silicone colocado dentro da vagina. Ele sustenta a bexiga e a mantém em uma posição anatômica mais favorável de forma a controlar os sintomas provocados pelo prolapso”, explica a ginecologista. 

Em quadros mais graves, mais sintomáticos e quando há condições clínicas favoráveis, pode haver indicação de cirurgia, o que incluirá o reparo dos tecidos lesionados e a sua fixação em estruturas mais resistentes na pelve (com ou sem auxílio de telas sintéticas), para reposicionar a bexiga adequadamente, proporcionando importante melhora da qualidade de vida.

Fonte: Augusta Morgado Ribeiro, ginecologista especialista em uroginecologia e membro da equipe médica do Instituto de Cuidados, Reabilitação e Assistência em Neuropelveologia e Ginecologia (Increasing).

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