Perda de peso da cirurgia bariátrica pode reduzir risco de morte por câncer
Um estudo recente apontou que a redução do peso promovida pela cirurgia bariátrica é capaz de diminuir em 32% o risco de surgimento de câncer em pessoas com obesidade. E não para aí: as chances de morte em decorrência da doença caem até 48% nesses casos. A pesquisa foi publicada na revista científica JAMA, e apresentada no encontro anual da Sociedade Americana de Cirurgia Bariátrica e Metabólica.
“De acordo com a Sociedade Americana de Câncer, a obesidade perde apenas para o tabaco como uma causa evitável de câncer nos Estados Unidos. Esse estudo fornece a melhor evidência possível sobre o valor da perda de peso intencional para reduzir o risco de câncer e a mortalidade”, disse Steven Nissen, principal autor do estudo, em um comunicado.
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Cirurgia bariátrica e risco de câncer: como funcionou o estudo
Para chegar aos resultados, os cientistas da Cleveland Clinic e das Universidades dos Estados de Ohio e Louisiana, nos Estados Unidos, analisaram dados de 30.318 participantes durante 10 anos. Eles tinham, em média, 46 anos, e 5.053 haviam passado por uma cirurgia bariátrica.
Quem realizou a operação perdeu em média 27,5 kg. Já quem não fez o procedimento eliminou cerca de 2,7 kg — diferença de 19% na mudança de peso. Depois de 10 anos, 2,9% dos pacientes do primeiro grupo e 4,9% do segundo desenvolveram algum tipo de câncer ligado à obesidade — uma incidência 32% menor nos que passaram pela cirurgia bariátrica.
Já com relação às mortes causadas por câncer, 1,4% das pessoas com obesidade que não fizeram a operação faleceram. Por outro lado, 0,8% dos pacientes bariátricos morreram — um risco 48% menor. Desse modo, os pesquisadores reforçaram a importância do procedimento para os casos indicados.
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Para quem a cirurgia bariátrica é indicada?
Pacientes com obesidade grau III (IMC maior que 40) maiores de 18 anos, ou, então, pacientes com obesidade grau II (IMC acima de 35) e comorbidades relacionadas. Antes de passar pelo procedimento, o paciente precisa da avaliação de mais de um médico, inclusive de um psiquiatra.
Os meses anteriores à cirurgia requerem alguns cuidados e preparativos. Por exemplo, exames de rotina serão necessários, como o exame de sangue. Não só, também será preciso medir glicemia, pressão arterial, colesterol (HDL e LDL) e triglicérides. Além disso, é preciso avaliar os possíveis riscos da cirurgia. Por isso, precisam ser levadas em consideração as doenças do paciente. Por exemplo, o procedimento pode não ser recomendado para quem sofre de coágulos sanguíneos, de doenças no fígado ou de problemas do coração.
Tipos de cirurgia bariátrica
- Cirurgia de bypass: ocorre a diminuição do tamanho do estômago. Sendo assim, ele fica com 10% do tamanho original. Ainda, realiza-se um desvio do estômago para o intestino inicial (delgado). Isso faz com que o paciente precise comer menos para sentir saciedade;
- Sleeve (gastrectomia vertical): em resumo, nessa possibilidade, a redução do estômago não é tão drástica (de 70 a 85% do órgão). Essa é uma técnica irreversível. Em contrapartida, a bypass pode ser reversível;
- Derivativa: combina as técnicas sleeve e bypass. Ou seja, há uma redução menos drástica do estômago, mas também cria-se um acesso que leva os alimentos diretamente do estômago para o intestino grosso;
- Cirurgia gástrica ajustável: é a técnica de balão de silicone, feita no estômago. Na hora das refeições, o paciente pode acioná-lo, e ele diminui o tamanho do estômago. Dessa forma, controla o apetite.
Os meses após a cirurgia exigem ainda mais cuidado. Por isso, será uma fase nas quais as visitas ao médico serão frequentes, os exames vão ser necessários e a alimentação será menor, por isso, é importante garantir a boa nutrição do corpo. Se comparado com o de outros tipos de cirurgia, o tempo de recuperação também é mais longo.
Fonte: Association of Bariatric Surgery With Cancer Risk and Mortality in Adults With Obesity.