Ativo do Ozempic vira alvo de estudo contra doença de Alzheimer
O Ozempic, medicamento para diabetes tipo 2 e utilizado de forma off-label para emagrecer, terá seu ativo como objeto de estudo para outra finalidade: o tratamento da doença de Alzheimer.
A semaglutida, ativo presente no fármaco, pode ser uma aposta para retardar ou impedir o declínio cognitivo, uma característica da doença e de outros tipos de demência.
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Por que o ativo do Ozempic pode ser promissor?
Primeiro, é importante entender a função da semaglutida. Ela “imita” a ação do hormônio GLP-1, responsável por promover a saciedade, o que reduz a fome e, assim, ocasionando na perda de peso. Além disso, a substância atua na produção de insulina, essencial para quem convive com diabetes tipo 2.
Mas, qual seria a relação entre o papel do ativo do Ozempic com a doença de Alzheimer? O que despertou o interesse da ciência é o histórico de estudos que investigam a associação entre a demência e o diabetes.
Dentre as diversas pesquisas sobre a doença de Alzheimer, existe a hipótese de que pacientes com diabetes possui um risco 50% mais alto de sofrer o processo degenerativo da enfermidade.
Outro achado interessante é que o diabetes pode estimular a inflamação do sistema nervoso, devido à ação do excesso de glicose no sangue. É possível que o processo gere, ainda, o acúmulo das proteínas beta-amiloide e tau no cérebro — ambas “marcas registradas” do Alzheimer.
Portanto, a investigação da semaglutida sob a perspectiva das doenças neurodegenerativas pode ser promissora para trazer novos recursos contra o problema.
Quem está à frente das pesquisas?
Atualmente, há duas pesquisas sob o comando da Novo Nordisk, farmacêutica e fabricante do Ozempic. A empresa “domina” a administração da semaglutida: além de comercializar o Ozempic, distribui o Rybelsys, forma oral da substância.
Os ensaios clínicos começaram há um tempo — em maio de 2021 — com o envolvimento de 3.680 voluntários ao todo. Os indivíduos se dividiram em dois grupos: o de controle, que recebe apenas placebo; e o segundo, que ingere 14 mg de semaglutida oral todos os dias.
Embora seja uma esperança para os pacientes com Alzheimer, ainda é cedo para comemorar. Afinal, ensaios dessa categoria demoram anos para chegar a um veredito, pois possui diversas etapas. Nesse caso, a Novo Nordisk pretende compartilhar as primeiras impressões do estudo em setembro de 2025.
Contudo, diferentemente de outras pesquisas, o trâmite dessa dupla é menos complexo, pois já está testando medicamentos aprovados em diferentes versões: Ozempic, Rybelsus e Wegovy, todos compostos pela semaglutida em dosagens distintas. Dessa forma, o objetivo será restrito à avaliação da eficácia sobre os indivíduos em diversos estágios da doença de Alzheimer.