Antidepressivos na gravidez não atrapalham desenvolvimento do bebê
O uso de medicamentos durante a gestação é um assunto que tende a causar dúvidas entre as futuras mamães, principalmente os de cunho psiquiátrico. No entanto, de acordo com um estudo recente publicado no JAMA Internal Medicine, a notícia é positiva: antidepressivos na gravidez não tendem a causar problemas no desenvolvimento do bebê.
Segundo o levantamento, cientistas descobriram que os remédios não estão associados a autismo, transtorno de déficit de atenção e hiperatividade (TDAH), distúrbios comportamentais, desenvolvimento da fala, linguagem, distúrbios de aprendizagem e coordenação e/ou deficiências intelectuais.
Leia mais: Gravidez psicológica: afinal o que é, sintomas, causas e tratamentos?
O que se sabe sobre o estudo de antidepressivos na gravidez
Para que fosse possível chegar a essa conclusão, os pesquisadores acompanharam, por até 14 anos, 145.702 gestantes que fizeram uso de antidepressivos na gravidez. Esse grupo foi comparado a uma base de 3.032.745 de indivíduos que não utilizaram o medicamento ao longo dos nove meses gestacionais.
Dessa forma, ao comparar irmãos expostos e não expostos a antidepressivos durante a gravidez, os números em relação ao risco dos pequenos desenvolverem transtornos neurológicos são:
- Autismo: 0,86;
- TDAH: 0,94;
- Transtornos de aprendizagem: 0,77;
- Transtorno de desenvolvimento da fala: 1,01;
- Distúrbios de coordenação: 0,79;
- Deficiência intelectual: 1,00;
- Transtornos comportamentais: 0,95;
Leia mais: Depressão infantil: afinal o que é, sintomas e tratamento?
Qual é a importância dessa pesquisa?
A análise mostra que o risco do bebê desenvolver transtornos neurológicos em decorrência do uso de antidepressivos na gravidez é baixo. Logo, a sua utilização é segura. Esse resultado é importantíssimo para que grávidas não venham a renunciar ao tratamento medicamentoso durante o período gestacional e, consequentemente, tenham mais estabilidade emocional para viver esse período que tende a ser mais desafiador por si só.
“Os resultados de estudos anteriores sobre este tema apresentaram resultados conflitantes. Devido ao nosso grande tamanho populacional e ao desenho cuidadoso do estudo, acreditamos que nossa pesquisa oferece a clareza que pode ajudar pacientes a tomarem decisões de tratamento na gravidez”, disse a autora Elizabeth Suarez, instrutora do Centro de Farmacoepidemiologia e Ciências do Tratamento da Universidade Rutgers e di Instituto de Saúde, Política de Saúde e Pesquisa do Envelhecimento, à CNN.
Vale lembrar que, de acordo com uma pesquisa publicada no British Journal of Psychiatry, uma a cada quatro gestantes pode desenvolver problemas psicológicos durante a gravidez. Dentre eles, os mais comuns são ansiedade, depressão, distúrbios alimentares e transtorno obsessivo-compulsivo (TOC).