Anorexia infantil: o que é, sintomas e como tratar

Saúde
11 de Fevereiro, 2022
Anorexia infantil: o que é, sintomas e como tratar

Sabe quando uma criança se recusa a comer? Em alguns momentos, esse tipo de comportamento pode ser classificado como “birra” para conseguir um determinado objetivo. No entanto, o problema pode ser muito além disso, indicando a anorexia infantil. 

Assim, trata-se de um transtorno alimentar em que o pequeno não tem vontade de comer os alimentos. Esse tipo de problema pode ocorrer desde os primeiros dias de vida. Com o passar do tempo, a criança pode ter ainda outros sinais. Dentre os mais comuns, encontram-se: ansiedade, vômitos ou fazer jejuns mais prolongados, por exemplo.

Mas é fundamental que os sinais e sintomas de anorexia na criança sejam diagnosticados desde cedo. Isso porque o pediatra e o psicólogo podem estabelecer um tratamento adequado para o seu filho. 

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Causas da anorexia infantil

De acordo com Regis Ferrelli, gastropediatra do Hospital Santa Catarina, a faixa etária mais comum da doença é na adolescência. 

Nas crianças e adolescentes, manifesta-se quando se evita ou restringe-se a ingestão de alimentos. Dessa forma, as necessidades nutricionais não são atendidas e pode fazer com que o paciente tenha perda ou estabilização do peso. Portanto, veja abaixo as possíveis causas da condição:

Busca por vida mais saudável 

Em grande parte dos casos, a anorexia pode se manifestar com o desejo de ser “mais saudável”. A partir disso, ocorrem as restrições alimentares, geralmente, iniciadas pelo corte de carboidratos, acompanhados do corte da carne vermelha e até evitando se alimentar junto com outras pessoas. 

Representação mental do próprio corpo 

É um comportamento no qual a criança ou adolescente, mesmo estando magro, não consegue perceber sua magreza quando se olha no espelho. Por isso, essa imagem distorcida faz com que ele tenha medo de caber em uma cadeira ou não conseguir passar por uma porta estreita. 

Insatisfação com o próprio corpo 

A anorexia infantil também pode surgir quando o paciente está insatisfeito com o próprio corpo, ou seja, querendo emagrecer mais, uma vez que entende que está com muita “barriga” ou com glúteos volumosos. 

Outros comportamentos negativos também podem causar a anorexia. Como por exemplo, excesso de exercícios para aumentar o gasto energético, uso de medicamentos ou até outras substâncias tóxicas. 

Fator psicológico 

Bruno Sander, gastroenterologista e endoscopista, destaca que o fator psicológico também pode influenciar na alimentação da criança. “Às vezes, elas passam por um problema dentro de casa, um conflito ou uma separação dos pais. Isso faz com que elas se sintam mais reprimidas em diversos aspectos. E uma das formas de mostrar tristeza é não aceitando a comida”, explica. 

Além disso, para o médico, há dois tipos de restrições: quando a criança se nega a comer qualquer tipo de alimento e quando ela não quer comer determinadas comidas. Nesse segundo exemplo, o problema pode estar relacionado ao paladar, como é o caso das crianças que não gostam de verduras e vegetais. 

Cinara Cordeiro, psicanalista e escritora, destaca ainda outras causas comuns da anorexia infantil, como: histórico familiar de transtornos alimentares, baixa autoestima, perfeccionismo e ansiedade. 

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Complicações médicas que podem resultar de anorexia infantil

Regis Ferrelli, gastropediatra do Hospital Santa Catarina, lista as alterações nos sistemas do nosso organismo que podem ocorrer em virtude da anorexia. 

  • Hormonal: amenorreia em meninas e perda de massa óssea;
  • Gastrointestinal: constipação, dor abdominal e gastroparesia (movimento lentificado do trato gastrointestinal);  
  • Cardiovasculares: redução da massa cardíaca, prolapso de válvula mitral e derrame pericárdico, manifestando-se clinicamente por queixas como dor torácica e palpitações;
  • Da parte hematológica: a carência nutricional pode provocar anemias;
  • Da parte respiratória: pode ocorrer fraqueza e desgaste dos músculos respiratório e o paciente pode apresentar dispnéia (falta de ar);
  • Dermatológico: pele seca, queda de cabelo, queda das unhas;
  • Oftalmológicas: dificuldade para enxergar, dificuldade em fechar as pálpebras;
  • Neurológicas: as deficiências nutricionais podem provocar problemas com a memória e até encefalopatia com confusão mental.

Tratamento da Anorexia infantil

O primeiro passo é fazer o acolhimento. Como existe essa alteração na autopercepção do corpo, muitos pacientes com anorexia podem não se interessar pelo  tratamento.

Em primeiro lugar, pode-se começar o tratamento pelas complicações que o paciente possa estar apresentando (como ansiedade, transtorno do humor). O acompanhamento pode ser feito por consultas ambulatoriais e, no atual momento, pode ser interessante o uso de telemedicina. 

A abordagem multidisciplinar deve ser feita com equipe experiente no assunto e composta por pediatra, nutrólogo, endocrinologista, cardiologista, nutricionista, fisioterapeuta da imagem corporal e profissionais da saúde mental como psiquiatra e psicólogo. Contudo, alguns casos podem até necessitar de internação hospitalar.

De acordo com a gastropediatra, não há um consenso em relação ao uso de medicamentos. “O uso de medicamentos pode variar de acordo com as complicações apresentadas e devem ser avaliadas caso a caso e conforme haja necessidade. Nesse tratamento, a Terapia Cognitivo Comportamental (TCC) beneficia os pacientes, por incentivar as mudanças na cognição disfuncional como os pensamentos e crenças sobre peso e forma corporal”, explica a médica. 

Diagnóstico

O diagnóstico de anorexia é definido pelo DSM V (Manual de Diagnostico e Estatística de Transtornos Mentais, quinta edição – em inglês: Diagnostic and Statistical Manual of Mental Disorders) e requer os seguintes critérios:

  • Restrição de ingestão calórica, levando ao baixo peso, considerando-se sexo, idade, desenvolvimento do paciente;
  • Medo intenso de ganhar peso/engordar ou comportamento (uso de medicamentos por exemplo) que impeça o ganho de peso, apesar de paciente abaixo de peso;
  • Percepção distorcida do peso e da forma corporal, negação da gravidade médica do baixo peso corporal. 

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Como ajudar crianças com anorexia infantil? 

A psicanalista, Cinara Cordeiro, explica a importância dos responsáveis pela criança nesse processo. “O mais indicado é evitar alguns tipos de diálogos, como: desse jeito você está ficando muito magro e feio; eu conheci pessoas que morreram, entre outros. Isso causa ansiedade porque a criança e adolescente não tem habilidade para resolver o problema sozinho.”, explica. 

Desse modo, o acompanhamento dos pais precisa ser próximo, mostrando para a criança que é possível ajudá-la com os melhores profissionais sobre o assunto. Assim, o seu filho se sentirá mais seguro. 

Ademais, nos casos em que as crianças têm mais resistência em relação ao tratamento, é indicado manter o diálogo e explicar o problema com naturalidade. Dessa forma, o profissional descobrirá os motivos pelos quais ocorre a anorexia e quais são os melhores tratamentos para ajudá-la. 

Regis Ferrelli, gastropediatra do Hospital Santa Catarina; Bruno Sander, gastroenterologista e endoscopista; Cinara Cordeiro – psicanalista e escritora 

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