Amanda Djehdian faz cirurgia de remoção de lipedema; o que é isso?

Saúde
27 de Janeiro, 2023
Amanda Djehdian faz cirurgia de remoção de lipedema; o que é isso?

A empresária Amanda Djehdian compartilhou um relato comovente sobre uma condição que a incomodava e atrapalha sua vida desde criança: o lipedema. Na publicação em seu perfil do Instagram, Amanda postou uma série de fotos que resumem o procedimento cirúrgico para retirada do lipedema. Ao todo, foram retirados 3,5 L de gordura das pernas da ex-BBB.

“Eu sempre soube, eu sempre ouvi meu corpo, e demorou 36 anos para eu descobrir e ser de fato diagnosticada que sim, tenho uma doença chamada lipedema, (CID EF02.2) que não era doida, que a culpa não era minha, que me esforcei e dediquei muito, mas que não dependeria só se mim”, escreveu a influenciadora na legenda.

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O que é a condição de Amanda Djehdian?

De acordo com a Sociedade Brasileira de Angiologia e Cirurgia Vascular (SBACV), o lipedema é uma doença vascular crônica, que provoca o acúmulo anormal de gordura em algumas partes do corpo. Sobretudo nas pernas e, às vezes, acomete os membros superiores.

Nesse quadro, as células de gordura se desenvolvem fora do normal, se inflamam, formando nódulos. Por esse motivo, pernas e braços podem ficar desproporcionais em relação ao restante do corpo, algo que prejudica a autoestima do indivíduo.

Mulheres são as principais vítimas

Amanda Djehdian não está sozinha. A maioria das pessoas com lipedema pertence ao gênero feminino. Os primeiros sinais podem aparecer no começo da puberdade, quando a mulher apresenta maior produção de hormônios.

O que Amanda Djehdian sentiu?

No Instagram, Amanda contou que sempre suspeitou de que havia “algo errado” com as pernas. Além disso, sentia muitas dores, sofria com inchaço e a sensação de peso frequente nas pernas.

Outro sinal que sempre a incomodou é a característica de suas pernas. “Cresci ouvindo que eram coxas grossas, que havia puxado as pernas do meu pai. Depois passei a ouvir comentários que me machucavam demais. Por exemplo, ‘a perna dela parece que tem elefantíase’, ‘credo, as pernas dela não têm divisão, parece um tronco'”, conta.

Com tantos comentários sobre a aparência de suas pernas, Amanda passou a evitar o uso de shorts e peças curtas, e começou a detestar essa parte do corpo.

É importante ressaltar que o lipedema não é uma questão estética, pois afeta bastante a qualidade de vida da mulher. Mesmo com dieta, exercícios e uma vida saudável, a doença causa a concentração de nódulos de gordura nos membros inferiores.

Como resultado, a paciente apresenta sensibilidade maior ao toque, flacidez na região, retenção de líquidos frequente e, dependendo do grau do lipedema, dificuldade para se locomover.

Graus da enfermidade

lipedema

Foto: Shutterstock

O lipedema possui quatro estágios distintos. O primeiro é o mais ameno, com a presença de alguns nódulos de gordura inflamada. Contudo, a textura da pele não apresenta alterações. No segundo grau, a gordura é mais saliente, com aspecto de celulite. Já o terceiro estágio resulta em sintomas mais desconfortáveis.

Afinal, o tecido subcutâneo se endurece e a gordura se acumula em outras áreas da perna — interno das coxas e ao redor dos joelhos, por exemplo. É comum ter edemas e hematomas, mesmo sem motivo aparente.

Por fim, o quarto e último estágio do lipedema é o mais grave, pois está relacionado ao linfedema, outra doença que compromete o sistema vascular e aumenta o tamanho dos membros.

Causas do lipedema

Embora a suspeita do quadro esteja associada a algum componente hormonal, não há uma certeza nem consenso médico sobre a causa do problema.

Um fato curioso é que a condição não provoca alterações no colesterol, pressão sanguínea ou outra função do metabolismo. No entanto, pessoas com obesidade tendem a desenvolver o lipedema, devido ao processo inflamatório de ambas as doenças.

Como diagnosticar

O lipedema é uma doença comum, mas ainda há muita dificuldade em identificá-la. Muitos médicos podem confundi-la com celulite ou outro problema vascular. Por esse motivo, é essencial buscar ajuda de um especialista com experiência no assunto.

Afinal, o lipedema também pode acometer pessoas com IMC fora do radar de sobrepeso, ou que levam uma vida ativa, com rotina de exercícios e boa alimentação. Quando a situação afeta mulheres com obesidade, a doença é subdiagnosticada.

A princípio, a avaliação é clínica. Logo, o médico analisa braços, pernas, apalpa os locais e ouve as queixas da paciente. Para confirmar ou descartar outras possibilidades, o médico pode solicitar exames de imagem dos braços ou pernas.

Todo caso precisa de cirurgia, como Amanda Djehdian?

Nem sempre o lipedema precisa de intervenção cirúrgica. A não ser que a doença atrapalhe a autoestima e a qualidade de vida da mulher. Com o procedimento, é possível retirar a gordura “doente” e, assim, melhorar o aspecto e controlar o avanço do lipedema.

Por outro lado, o tratamento conservador pode ser uma opção, mas ambas as indicações precisam de recomendação médica. Os cuidados, que também valem para quem fez a cirurgia, envolvem alimentação adequada e sem ingredientes inflamatórios, atividade física, drenagem linfática e terapia compressiva.

De qualquer forma, o lipedema não é uma doença que tem cura. Portanto, o acompanhamento e os hábitos para controlá-lo precisam ser por toda a vida. Dessa forma, a mulher consegue levar uma vida normal e sem limitações.

Não se autodiagnostique

Muitas mulheres podem acreditar que possuem lipedema ao conhecer os sintomas da enfermidade. Se você desconfia que tem algo anormal com suas pernas ou braços, busque ajuda médica especializada.

Não se precipite com o autodiagnóstico ou faça tratamentos sem antes consultar um profissional.

Referências: Sociedade Brasileira de Angiologia e Cirurgia Vascular (SBACV); ABESO; The Primary Care Dermatology Society UK.

 

Sobre o autor

Amanda Preto
Jornalista especializada em saúde, bem-estar, movimento e professora de yoga há 10 anos.

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