Projeto Alimentos Tarja Verde estimula alimentação saudável infantil
Quase um terço da população mundial está com sobrepeso ou obesidade, e mais da metade dos brasileiros está com excesso de peso. Entre as crianças, o índice fica em torno de 15%.
Considerada pela Organização Mundial da Saúde uma epidemia mundial, a obesidade é fator de risco para várias doenças. Segundo o Instituto Nacional de Câncer (Inca), em sua Estimativa 2020 – Incidência de Câncer no Brasil, o país terá 625 mil novos casos a cada ano no triênio 2020-2022. Pela publicação, a obesidade estará entre os principais fatores de risco para o desenvolvimento de 11 dos 19 tipos mais frequentes de tumores.
Portanto, para mudar esse cenário, o Instituto Vencer o Câncer (IVOC), uma fundação sem fins lucrativos, lançou a campanha Alimentos Tarja Verde, que tem o objetivo de difundir informações sobre prevenção da obesidade infantil e estimular hábitos saudáveis entre os pequenos.
Projeto Alimentos Tarja Verde
Segundo os criadores da ação, a obesidade em crianças causa problemas cardiovasculares, psiquiátricos, metabólicos e oncológicos. “Mais de 20 tipos de câncer são relacionados à obesidade infantil e de 30 a 35% dos tumores são ligados aos fatores obesidade, dieta e sedentarismo. Assim, temos no mundo mais de 124 milhões de crianças obesas e 120 milhões com sobrepeso”, alertou o oncologista Fernando Maluf, um dos fundadores do IVOC.
O especialista diz que o instituto espera, com essa iniciativa, tocar o coração da maior parte das pessoas do país. “Temos que tentar riscar a obesidade infantil, que tem sérias consequências. Dessa forma, a campanha nasceu da ideia de que a vida saudável tem menos custo do que cuidar da doença”.
Também fundador do Instituto, o oncologista Antonio Buzaid destacou a importância de dar atenção aos alimentos que são oferecidos para as crianças. “Precisa cuidar da alimentação em casa e na escola. Sendo assim, a disponibilidade gera o problema: a criança vai comer o que estiver disponível”.
Alimentos Tarja Verde: Como funciona
O objetivo é levar informações sobre ações de prevenção a respeito da obesidade infantil e com isso garantir que na vida adulta, as pessoas tenham hábitos saudáveis e equilibrados. Assim, para incentivar a boa alimentação na infância, a campanha conta com o selo Tarja Verde, que identifica os alimentos saudáveis e não processados, que ajudam a prevenir doenças, como a obesidade e o câncer.
Dessa forma, quem produz ou comercializa alimentos Tarja Verde pode colocar a campanha em seus produtos e materiais de comunicação. Basta entrar em contato com o Instituto Vencer o Câncer para receber mais orientações.
Porém, a ação vai além da questão alimentar e envolve ainda a prática de atividade física e cuidados com tabagismo, consumo de álcool e drogas. Com isso, o sedentarismo, especialmente na população infantil, também fará parte das abordagens. “Houve queda no índice da prática de atividades esportivas entre as crianças, o que com certeza causa obesidade. A obesidade infantil cresceu dez vezes nos últimos 40 anos. Uma em cada três crianças tem obesidade ou sobrepeso”, conta Maluf.
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Alimentar bem as crianças por um futuro melhor
“Vemos aumento de sobrepeso e obesidade em todas as faixas etárias”, alerta Paulo Pachi, pediatra e professor da Santa Casa. O médico lembrou que esse aumento deve-se especialmente pelo consumo fácil dos alimentos ultraprocessados.
Assim, como o paladar humano se forma nos primeiros dois anos de vida, o pediatra alerta que é essencial nessa fase evitar gorduras, frituras e doces. “Isso fará com que esse indivíduo cresça desinteressado desses alimentos. Portanto, o que a gente incute na criança, ela vai levar adiante e passar para os filhos. Logo, nutrir uma nação adequadamente vai construir um futuro melhor”.
O sedentarismo infantil também foi apontado por Pachi como um problema para a saúde. “Não se faz regime em criança. No entanto, se organiza o estilo de vida apoiado nos pilares importantes”.
Entre esses pilares, ele cita alimentação, atividade física, sono e tirar as crianças da frente da tela, alertando que o excesso de tempo dos pequenos diante de telas leva a falta de concentração no futuro e a uma chegada, em breve, de uma epidemia de miopia. “Portanto, até dois anos é zero tela”, sentencia.
Dessa maneira, os cuidados com a alimentação devem começar antes mesmo do nascimento, já na alimentação da gestante. “A nutrição materna é importante até antes da gestação. A mãe precisa comer os nutrientes adequados e evitar alimentos que atrapalhem a absorção de nutrientes”, finaliza.
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