Alimentação consciente: como encontrar equilíbrio ao comer?
De acordo com uma pesquisa feita pela startup Bake and Cake Gourmet, 60% dos brasileiros buscam uma alimentação saudável e restritiva. Dietas low carb, sem glúten e lactose ou vegetarianas e veganas são as mais adotadas por esse público. Entretanto, para a nutricionista Thayane Fraga, o termo saudável envolve muito mais do que o que se come. A especialista, que defende a alimentação consciente, mostra como a relação com a comida vai além de dietas e calorias, e aponta a melhor forma de encontrar equilíbrio ao comer.
“Hoje em dia fazemos muitas coisas no automático, e alimentação tem sido uma dessas coisas. Então, a proposta de uma alimentação mais consciente é trazer atenção para o momento das refeições, desde a escolha de o quê comer, quando comer e o quanto comer”, relata.
Segundo ela, esse tipo de alimentação ajuda a fazer com que o indivíduo identifique e reconheça os sinais de fome e saciedade, por exemplo. A ideia é ter mais autonomia para fazer escolhas saudáveis com o intuito de ter uma vida de equilíbrio.
Como adotar a alimentação consciente?
Para incorporar esse tipo de alimentação na rotina, é preciso estar mais atento às escolhas alimentares. Uma forma de colocar isso em prática é a partir de questionamentos, como: “estou com fome agora? Se sim, qual o tamanho da minha fome?”; “estou realmente com vontade de comer isso agora, ou vou comer só porque está disponível ou na tentativa de lidar com as minhas emoções desconfortáveis?”; “considerando o que eu tenho disponível, como posso fazer com que essa refeição seja boa para o meu corpo e para mim neste momento?”.
Além disso, é necessário se manter atento para perceber o seu grau de satisfação. Dessa forma, não é preciso comer tudo o que está disponível de forma automática. Também é importante adotar algumas estratégias para facilitar essa busca por uma relação mais equilibrada com a comida. Thayane recomenda que as refeições sejam feitas em um prato ou bowl, evitando, assim, comer diretamente das embalagens.
O mindful eating também faz parte desse leque de hábitos que compõem a alimentação consciente. “Comer sem distrações, com atenção aos sabores, texturas e aroma da comida também é importante para garantir a satisfação, que está relacionada ao prazer em comer”, esclarece.
Dica da nutri
A principal dica da profissional para quem deseja adotar uma alimentação consciente é a busca pela flexibilidade. De acordo com ela, evitar olhar para os alimentos de forma dicotômica, isto é, classificá-los em “bons” ou “ruins”, é essencial para que a alimentação seja saudável.
“O excesso de crítica e a inflexibilidade podem atrapalhar uma conexão genuína com o nosso corpo, com as nossas vontades. Assim, podem interferir na nossa capacidade de ter moderação e consciência”, afirma.
Ela ainda lembra que a alimentação não precisa ser restritiva para ser saudável. O importante, na verdade, é encontrar o equilíbrio e entender o que comer em cada momento, com qual frequência e em quais quantidades.
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Por que adotar uma alimentação consciente?
Thayane explica que a alimentação consciente é uma forma de se relacionar com a comida que não possui um prazo de validade, como as dietas convencionais, por exemplo. Tal prática é um comportamento que, uma vez incorporado, dura para a vida toda.
“A pessoa se torna capaz de fazer escolhas equilibradas, com consciência para dizer não para comida quando achar conveniente, ou dizer sim quando for adequado com a situação e às necessidades do corpo”, defende.
Assim, ela entende que o aprendizado fornecido por uma alimentação consciente consegue ser mais amplo e transformador do que apenas entender como seguir orientações sobre o que fazer e como fazer. Em resumo, a nutricionista entende essa forma de lidar com a comida como uma ferramenta que ajuda as pessoas a serem mais autônomas e saberem fazer escolhas.
“A alimentação consciente é baseada no respeito ao corpo, no autocuidado e na saúde”, finaliza.
Fonte: Thayane Fraga, nutricionista, especialista em Transtornos Alimentares UNIFESP e USP