Zolpidem e álcool: psicanalista alerta sobre os perigos da automedicação
Na última semana, o cantor sertanejo Fernando Zor relatou um episódio dramático vivenciado por ele ao misturar álcool com o remédio Zolpidem. Além disso, o jovem de 38 anos, confessou estar viciado neste indutor do sono, chegando a tomar 15 cápsulas por dia para conseguir apagar, após exaustiva rotina de trabalhos.
O caso serve como alerta para os perigos dessa mistura perigosa de remédios e bebida alcóolica. Isso porque o uso prolongado ou sem indicação médica de medicamentos provoca tolerância, dependência, surtos de alucinação e até sonambulismo.
Porém, além do zolpidem, vários hipnóticos, ansiolíticos, antidepressivos, antipsicóticos, estabilizadores de humor, entre outros, são utilizados no tratamento de diversos quadros e sintomas psicoemocionais.
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Os perigos da automedicação
De acordo com a Dra. Andréa Ladislau, psicanalista, os medicamentos são vilões. “Pelo contrário, eles são muito importantes no sucesso do combate à doenças, sejam elas físicas ou mentais. A grande questão é o excesso e prolongamento desse uso, além da automedicação”, explica.
Dessa forma, é mais do que necessário o uso racional de medicamentos, uma vez que, a automedicação é um hábito comum a 77% dos brasileiros e, em excesso, pode causar sérios riscos à saúde, como dependência química, intoxicação e até levar à morte.
Além disso, o uso indiscriminado de medicamentos pode dificultar um diagnóstico, mascarar sintomas das doenças e criar resistência à bactérias, por exemplo. “Por isso, fica o alerta: sempre que precisar, procure um médico, antes de recorrer a indicação de amigos, pesquisas no google ou à sua caixinha de remédios favorita”, alerta a psicanalista.
Quais são os riscos de misturar Zolpidem e álcool?
Pesquisas demonstram que, durante e após a pandemia, o consumo medicamentoso aumentou em mais de 20% em relação aos 12 meses anteriores ao período pandêmico. Dessa forma, consomem-se milhares de caixas de remédios para dormir, acordar, emagrecer, sorrir e ficar feliz, diminuir a ansiedade, melhorar o humor, aumentar a libido, dentre outros objetivos.
Outro dado preocupante é o número de crianças e jovens fazendo uso regular e contínuo de medicações psiquiátricas: o valor triplicou nos últimos dois anos.
“É incontestável a importância dos remédios para cura e controle do sofrimento psíquico e das doenças. Porém, tudo isso nos leva a refletir sobre os nossos limites. Afinal, todo excesso reflete uma falta. Onde estão nossas faltas e quais são elas, que precisam ser “preenchidas” apenas com medicamentos, transformando-os em muletas de apoio?”, questiona a especialista ao citar o uso de Zolpidem e álcool.
Por fim, o caso do sertanejo Fernando, sinaliza, mais uma vez, a necessidade de buscar auxílio de um profissional de saúde mental para que possa entender o que realmente está despertando gatilhos que estejam afetando o sono, apetite, humor, dificultando a interação social, retirando seu foco e atenção, já que muitas podem ser as respostas para suas dores.
Com a orientação médica e psicoterápica adequada, é possível a introdução de hábitos mais saudáveis e a utilização racional dos fármacos. “O assunto em questão deve ser levado a sério e é preciso se preservar quando a questão gira em torno dos excessos do ser humano, ou do contrário, as consequências podem ser ainda mais desastrosas”, completa a Dra. Andréa.
Fonte: Dra Andréa Ladislau, psicanalista.