Volta às aulas presenciais: Como preparar as crianças para o retorno com segurança
Um momento muito esperado para as crianças já é uma realidade no Brasil: a volta às aulas presenciais. E embora a expectativa seja grande por parte dos pequenos, é muito importante instruí-los adequadamente a respeito das medidas de higiene que devem ser tomadas, justamente para evitar a disseminação do coronavírus entre estudantes e funcionários.
O sanitarista Sérgio Zanetta, professor de Saúde Pública e Epidemiologia do Centro Universitário São Camilo, descreve a volta às aulas presenciais como uma necessidade que deve ser adequada à realidade de cada instituição de ensino. “Um estudo recente, publicado na revista Science, indica que essas medidas não-farmacológicas são efetivas para impedir não somente a transmissão de Covid dentro das escolas. Mas também a contaminação de familiares e profissionais”, explica.
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Quais cuidados as crianças e os funcionários devem tomar na volta às aulas presenciais?
A primeira regra prevê o uso constante de pelo menos uma máscara, de preferência, com melhor qualidade de filtração. “Se possível, deve ser utilizada uma máscara cirúrgica e outra de tecido por cima, ou então a N-95 ou a PFF2. Isso porque a principal forma de transmissão da Covid-19 é por vias respiratórias”, diz o especialista.
A segunda dica é estabelecer o distanciamento de um metro entre os alunos. Esse espaço deve ser mantido também entre mesas e carteiras, e o ambiente deve ser bem ventilado. Por fim, continua sendo recomendada a frequente higienização das mãos, seja com água e sabão ou com álcool em gel. “Feito isso, a escola se torna um ambiente seguro. Em seguida, surge a necessidade de se proteger da transmissão comunitária”, lembra Sérgio Zanetta.
De acordo com o profissional, no momento da entrada de qualquer aluno, professor ou funcionário, o mesmo deve informar se apresenta algum sintoma de gripe ou Covid-19. Ou, então, se mora com alguém com a doença. “Em caso positivo, a pessoa deve automaticamente retornar para casa e ficar 14 dias em isolamento.”
Preparação emocional e psicológica para a volta às aulas presenciais
Contudo, não basta apenas cuidar da saúde física dos pequenos. É preciso prepará-los emocionalmente para esse retorno, uma vez que os dois últimos anos trouxeram diversas mudanças para eles. Os educadores, por exemplo, devem estar atentos a possíveis sinais comportamentais dos estudantes no momento de readaptação ao ambiente escolar.
Segundo a professora Glaucia Benute Guerra, coordenadora do curso de Psicologia do Centro Universitário São Camilo, é necessário saber identificar sinais de ansiedade, que têm aumentado muito entre o público mais novo. “Isso pode se manifestar na forma de medo e grande preocupação com a retomada das atividades. Portanto, pode ser necessária a readaptação da criança”, aconselha.
“Foi difícil se afastar da escola, mas também é muito difícil retornar agora. Afinal, foi um tempo considerável, em que as crianças desenvolveram outra rotina. O acolhimento, a segurança e a sensação de pertencimento entre os alunos são fatores que auxiliarão bastante na saúde mental de todos eles”, afirma a coordenadora.
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Dica para uma volta às aulas presenciais mais tranquila
A psicóloga Camila Cury, fundadora da Escola da Inteligência, dá alguns conselhos aos pais e educadores:
Sugira uma saudação diferenciada
Abraços e beijos, infelizmente, estão proibidos. Mas que tal trocá-los por uma saudação diferenciada? Uma reverência com uma música, por exemplo. Isso estimula o lado artístico na volta às aulas presenciais.
Converse com as crianças sobre suas expectativas
Uma sugestão é fazer uma dinâmica com os alunos para compreender como se sentem: dobre uma folha ao meio. De um lado, na parte superior, peça para os alunos escreverem a pergunta: como será a volta às aulas presenciais? E do outro lado: como eu gostaria que fosse?
Após a escrita ou o desenho, todos podem refletir e dialogar sobre as expectativas e as realidades que poderão encontrar no retorno.
Ajude a criança com a nova rotina
Em casa ou na escola, envolva as crianças e os adolescentes no planejamento da nova rotina. Assim, será possível ganhar a confiança deles e desenvolver suas autonomias. Ainda, conhecendo as atividades e os horários, os estudantes ficam menos ansiosos e mais cooperativos.
Lide com o luto de forma empática
Muitos pequenos e profissionais perderam familiares e amigos para a Covid-19. Diante do momento de luto e de sofrimento, é importante que a escola seja esse ambiente de acolhimento e empatia. “Que seja um espaço com atividades que propiciem a escuta mútua, como rodas de conversa e produção de textos, desenhos ou outras formas de expressar e validar os sentimentos”, aconselha a psicóloga.
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Fontes: Sérgio Zanetta, sanitarista e professor de Saúde Pública e Epidemiologia do Centro Universitário São Camilo; Glaucia Benute Guerra, coordenadora do curso de Psicologia do Centro Universitário São Camilo; e Camila Cury, psicóloga e fundadora da Escola da Inteligência.