Uso de telas na infância: conheça os malefícios e recomendações de especialistas

Bem-estar Equilíbrio Saúde
20 de Abril, 2022
Uso de telas na infância: conheça os malefícios e recomendações de especialistas

Atualmente, a preocupação de muitas famílias recai no uso de eletrônicos e telas durante a infância. Dessa forma, dúvidas como qual o momento certo e a maneira mais apropriada são frequentes entre os responsáveis. Durante a primeira infância, essas preocupações são ainda mais relevantes. 

Confira abaixo alguns dos malefícios causados pelo uso de telas durante essa fase de desenvolvimento e dicas para tomar decisões responsáveis e adequadas. 

Leia mais: Uso prolongado de telas aumenta ocorrência de olho seco em crianças e jovens

Quais os malefícios do uso de telas eletrônicas na infância?

De acordo com a Dra. Danielle H. Admoni, psiquiatra da infância e adolescência na UNIFESP e especialista pela ABP (Associação Brasileira de Pediatria), os males que surgem com o uso inadequado ou que excede o recomendado para cada idade durante a infância possuem diferentes consequências:

  • Físicas: falta de atividade física, menor contato com o ar livre e vitamina D, ocasionando o sedentarismo, bem como riscos de obesidade e doenças osteomusculares, por exemplo. Além disso, também observa-se o ressecamento dos olhos e desenvolvimento de miopia.
  • Comportamental: algumas crianças podem ter uma alteração na fala e na maneira de se comunicar, o que pode afetar a sociabilidade e rendimento escolar.

Também podem acontecer outras alterações no cotidiano e bem-estar das crianças, como a perda do sono e falta de atenção durante a alimentação, o que pode ser prolongado até a vida adulta.

O Dr. Fabiano de Abreu Agrela, PhD em neurociências e mestre em psicologia, também ressalta que transtornos podem surgir a partir deste cenário, seja na própria infância ou até na adolescência e/ou fase adulta. Por exemplo, o TDAH (Transtorno Déficit de Atenção e Hiperatividade), Transtornos de Ansiedade, Transtornos de personalidade dramática, TDP (Transtorno depressivo persistente), depressão, entre outros.

Primeira infância: contraindicações e riscos do uso de telas

A primeira infância é parte crucial do desenvolvimento infantil. Por isso, segundo a Sociedade Brasileira de Pediatria, o uso de telas é restringido a 0 horas nesse período, ou seja, sem eletrônicos para os pequenos de até 2 anos. 

“Temos que pensar que a primeira infância é um período de enorme desenvolvimento e importância. Até os 24 meses, a criança está aprendendo tudo e espelhando os adultos ao seu redor. Quando colocamos uma tela, tiramos essa experiência, e a criança passa a interagir menos”, comenta a Dra. Danielle. 

Neurologicamente, também existem consequências em apresentar telas precocemente às crianças. De acordo com o neurocientista, ocorre “uma alteração anatômica no cérebro. A ansiedade aciona a amígdala cerebral que busca soluções, levando a uma atmosfera ruim de pendência. O cérebro entende que a recompensa livra esta sensação, e é neste instante que elas buscam mais jogos e redes sociais.”

Existem tipos de telas eletrônicas que oferecem mais riscos? 

Celulares, tablets ou televisão: será que existe diferença na hora de apresentá-los às crianças? A recomendação é optar pela transmissão em telas maiores, como a televisão, uma vez que celulares, por exemplo, podem trazer mais alterações oculares, como olho seco e miopia. 

Segundo um estudo neozelandês publicado em 2021 no British Contact Lens Association, o tempo de tela prolongado em crianças foi associado ao comportamento de piscar e aos sintomas em pacientes com olho seco, apontando uma alerta para essa população.

Entretanto, no que diz respeito à alterações no comportamento, sono e alimentação, todas as telas oferecem riscos e devem ser controladas pelo adulto responsável. De acordo com a especialista, para cada idade existe uma recomendação própria indicada pela SBP:

  • Até 24 meses: uso nenhum de telas, nem mesmo de forma passiva.
  • Entre 2 e 5 anos: no máximo uma hora por dia com supervisão de adulto. 
  • Entre 6 e 10 anos: no máximo entre uma e duas horas por dia, ainda com supervisão.
  • De 11 a 18 anos: o recomendado é no máximo de duas a três horas, sempre colocando limites e acompanhando como esse uso acontece. 

Com limites, as telas podem trazer benefícios

Por mais que a atenção com os pequenos tenha que ser redobrada quando o assunto é uso de telas, com a quantidade e supervisão apropriada, esse contato pode ser saudável. A questão que se prioriza é a supervisão de um adulto e controle das horas de acesso, tomando cuidado para não deixar a situação se agravar, uma vez que retirar o eletrônico ou diminuir drasticamente será mais trabalhoso. 

Então, com a dosagem certa e priorizando o equilíbrio e bem-estar, como os momentos de atividade ao ar livre e alimentação adequada, não há problemas em assistir um filme ou acessar um conteúdo online. A especialista reforça, ainda, a importância em ficar de olho no que está sendo apresentado para as crianças, reforçando a supervisão e presença de um adulto.

“É muito legal as crianças poderem aprender músicas e verem cores e desenhos, sempre se relacionando com os adultos. A ideia não é que ela fique sozinha com a tela, mas que aconteça uma relação e interação com os pais durante o uso”.

Leia mais: Crianças no celular: Afinal, como fazer um uso saudável das telas?

Fontes: Dra. Danielle H. Admoni, psiquiatra da infância e adolescência na Escola Paulista de Medicina UNIFESP e especialista pela ABP (Associação Brasileira de Psiquiatria) (CRM: 101404) e Dr. Fabiano de Abreu Agrela (SFN registro: C-015737), PhD em neurociências, mestre em psicologia e diretor do Centro de Pesquisas e Análises Heráclito (CPAH).

Links úteis

Sociedade Brasileira de Pediatria
Associação Brasileira de Pediatria
British Contact Les Association

Sobre o autor

Gabriel Saez Domingues
Estagiário de jornalismo, formando pela Unesp.

Leia também:

mulher praticando atividade física ao ar livre e suando
Bem-estar Movimento

Suar emagrece? Entenda se a transpiração ajuda a perder calorias

Suar demais realmente significa que você está perdendo peso? Descubra

foto mostra uma xícara de chá vazia com paus de canela ao lado em cima de um prato
Alimentação Bem-estar

É termogênico e ajuda no equilíbrio da glicemia e do colesterol; veja benefícios do chá de canela

A bebida é uma ótima opção para esquentar o corpo — muitos afirmam, ainda, que ela emagrece

farinha de beterraba
Alimentação Bem-estar

Farinha de beterraba: benefícios e como incluir na dieta

Pode prevenir doenças cardiovasculares, melhorar o aporte de fibras e ainda ajudar a aumentar a performance esportiva