Crianças no celular: Como fazer um uso saudável das telas

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17 de Agosto, 2021
Crianças no celular: Como fazer um uso saudável das telas

Quantas vezes vimos uma criança, conhecida ou não, com o olhar fixo para um telefone celular em suas mãos? Será que existe uma idade certa para começar a fazer uso das telas? Qualquer pai que tentou limitar o tempo de tela de seu filho antes da pandemia de COVID-19 rapidamente viu esses limites de tempo explodirem. Pois, além do tempo recluso em casa, os pequenos tinham que passar horas aprendendo na frente de seus dispositivos. Além de usar as chamadas em vídeo para reunir-se com amigos ou  falar com os avós. Assim, o tema crianças no celular tem sido cada vez mais estudado pela ciência. Confira o que  dizem as últimas pesquisas. 

Crianças no celular: Dados atuais 

Mesmo antes do ensino à distância e do isolamento social, os pequenos parecem estar tão viciados em tecnologia quanto seus responsáveis. Fora que o tempo de tela infantil proporciona, muitas vezes, um muito necessário respiro para pais que precisam trabalhar ou cuidar da casa. Nesse sentido, a pergunta que fica é: Até que ponto esse uso interfere no desenvolvimento deles?

Em comparação com 5 ou 10 anos atrás, mais e mais crianças estão usando smartphones, e eles estão usando muito mais cedo. Em uma pesquisa realizada em 2020 pelo Pew Research Center, 60% das crianças foram expostas a smartphones antes dos 5 anos. Nesse grupo, 31% foram apresentados aos telefones antes dos 2 anos.

crianças no celular

Crianças no celular: Prós

Alguns especialistas acreditam que há oportunidades de expor crianças menores a smartphones. De acordo com a Universidade Concordia, em Nebraska, Estados Unidos, a introdução à tecnologia pode beneficiar as crianças, ensinando-as a se tornarem mais alfabetizadas tecnologicamente.

Para as gerações anteriores, as memórias eram encontradas em álbuns de família, livros e calendários de fotos anuais.

Mas, para a geração Z e em diante, tais lembranças não fazem sentido. Pois, o repositório e a conexão de todas as suas vidas até agora residem nos telefones que fornecemos a eles e na nuvem onde todas as suas memórias são armazenadas.

Para eles, pode parecer que suas vidas começam e pausam a cada carga da bateria. Mas, é importante que eles desenvolvam o equilíbrio desde pequenos para que haja vida longe da tela.

Assim como acontece com a maioria das coisas da vida, a moderação é fundamental. Tempo excessivo de tela para bebês ou acesso ilimitado e descontrolado para adolescentes pode causar efeitos colaterais no desenvolvimento.

Outra vantagem para o desenvolvimento infantil e a participação em sua própria saúde mental é que a terapia agora está disponível online na forma de chat e vídeo. O que pode ser mais confortável para algumas crianças mais velhas e adolescentes. 

Como os smartphones afetam o cérebro

A Organização Mundial da Saúde (OMS) sugere que menores de 2 anos não tenham contato algum com telas, nem mesmo de televisores. Depois dessa idade, a TV pode ser liberada, mas no máximo durante uma uma hora por dia. Smartphone próprio, ou tablet, tão ­somente depois dos 8 anos, e sempre com vigilância. 

Bebês e crianças pequenas

Ainda é preciso aprender muito sobre como os smartphones podem afetar o desenvolvimento de um bebê. Ou como os filtros podem distorcer a realidade e a autopercepção deles. A crença geral, porém, é que o tempo de tela deve ser limitado para crianças muito pequenas.

Os recém-nascidos não conseguem processar as imagens que vêem além das imagens coloridas e do brilho da tela. Isso também é válido para bebês se vendo em um smartphone. Embora seja uma excelente maneira de um avô de longa distância dizer olá, é improvável que o bebê esteja processando o que vê no início, mesmo que seja uma imagem de si mesmo.

Antes da pandemia, a Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP), por exemplo, defendeu, em recomendações publicadas em fevereiro, que crianças de menos de 2 anos não fossem expostas a nenhuma atividade em tela.

Segundo a mesma instituição, crianças de 2 a 5 anos deviam passar apenas uma hora por dia diante de telas. Para crianças de 6 a 10, no máximo duas horas por dia (e sempre com supervisão de adultos). Para os mais velhos e adolescentes, o limite é de três horas.

Contudo, a SBP atualizou suas recomendações em maio de 2020, reconhecendo a importância das telas neste momento. Mas, pedindo que pais e cuidadores se esforcem para preservar o tempo das crianças para a saúde (mantendo horários de sono e de refeições), para o relacionamento afetivo e familiar que vá além dos eletrônicos. Com cuidados redobrados com a segurança e a privacidade online e um tempo “para a família se conhecer, brincar e criar novas formas de interação e afeto.

Crianças do ensino fundamental

A World Health Organization Trust Source enfatizou a importância de minimizar o tempo de tela por causa de sua relação com o sedentarismo. Pois, a atividade física, o sono adequado e a hora de brincar são importantes para o desenvolvimento das crianças (e de qualquer pessoa, na verdade). Assim, o tempo excessivo de tela pode atrapalhar a higiene do sono e deixar as crianças pequenas sentadas, em vez de se levantarem para brincar ou se mover.

“A obesidade infantil é ainda mais preocupante, sobretudo em tempos de coronavírus, considerando que os hábitos alimentares e o sedentarismo na infância estão entre os principais fatores para o seu desenvolvimento, elevando a probabilidade dessa criança se tornar uma pessoas com obesidade”, explica Profª. Dra Silvia Maria Franciscato Cozzolino, da Faculdade de Ciências Farmacêuticas da USP.

De acordo com o Ministério da Saúde, 4,4 milhões de crianças estão acima do peso no Brasil. Mais de 2 milhões têm sobrepeso, cerca de 1 milhão tem obesidade e, aproximadamente, 750 mil crianças tem obesidade infantil grave. 

Por outro lado, na prática, manter um smartphone longe de uma criança do ensino fundamental pode ser incrivelmente desafiador. A capacidade de rastrear crianças em aplicativos de localização de família também é um apelo para os pais. Mas, os benefícios de aumentar as conexões sociais de uma criança com amigos e familiares também podem trazer riscos.

Um estudo de 2018 da Trust Source com crianças do ensino fundamental encontrou uma correlação entre o aumento do uso do tempo de tela e problemas comportamentais. Como problemas de conduta, hiperatividade e desatenção.

Crianças no celular: Realidade na pandemia

Muitos pregaram as desvantagens de muito tempo na tela. Mas, muitos dos principais estudos emergentes eram anteriores a 2020. Pois, quando a pandemia COVID-19 começou, as crianças foram fechadas e forçadas a aprender a distância, o que significa mais tempo de tela. Crianças em todo o mundo precisavam usar laptops e tablets para se conectar com suas aulas online, fazer a lição de casa e ler.

Leia também: Como diminuir a obesidade infantil em tempos de coronavírus

Adolescentes

Conforme as crianças ficam mais velhas, elas desenvolvem uma melhor compreensão de si mesmas, de como são percebidas pelos outros e de como se encaixam nas estruturas sociais ao seu redor. Mas, esse senso de identidade pode ser distorcido quando os adolescentes colocam muita ênfase nas redes sociais ou absorvem muitas das mensagens “erradas” online.

Além disso, atitudes violentas são comuns no universo digital – é o famoso cyberbullying – e os adolescentes são vítimas constantes.

“As crianças de hoje crescem em um mundo rodeado pela internet. É impossível evitar que elas interajam, mais cedo ou mais tarde, com tudo o que é digital e, principalmente, com as redes sociais”, explica Carolina Mojica, gerente comercial de varejo da Kaspersky. Ela ressalta a importância dos pais supervisionarem o que as crianças publicam e explicarem a elas por que eles fazem isso. “Até os adolescentes podem não ter total compreensão sobre o impacto a longo prazo de suas postagens ou podem não entender que a internet nunca esquece nada. Portanto, é importante ensiná-los a ter bons hábitos online”, diz Carolina.

Leia também: Como fazer seu filho ter uma alimentação mais saudável

Crianças no celular: Como fazer um uso saudável das telas 

Crie “zonas livres de tecnologia”

Estabeleça zonas em sua casa onde eletrônicos simplesmente não sejam permitidos. Sejam telefones celulares, videogames ou laptops. Um exemplo é a sala de jantar ou cozinha de sua casa, que pode ser reservada para refeições e conversas em família.

Defina o momento de “desligar”

Defina o para desconectar. Reserve horários para toda a família se desconectar de seus dispositivos tecnológicos. Ou seja, a hora do jantar ou uma hora antes de dormir são dois exemplos. Quando todos concordam em deixar seus dispositivos de lado, a família tem a oportunidade de passar um tempo de qualidade juntos.

Explique por que você está limitando o tempo das crianças no celular

Se seus filhos entenderem que você está limitando o tempo de tela de sua família porque muito tempo gasto em telas tem desvantagens, é muito mais provável que sigam as regras. Mas, se as crianças apenas pensam que você está “sendo mau”, é mais provável que resistam ou quebrem as regras.

Com base no que é apropriado para a idade do seu filho, explique por que videogames, programas de TV e filmes violentos podem ser prejudiciais. Certifique-se de que cada membro de sua família seja incluído na discussão sobre o tempo de tela e faça parte da criação de um conjunto de limites que todos possam seguir.

Incentive outras atividades

Com uma grande variedade de aplicativos, jogos, dispositivos e sites, é fácil para as crianças dependerem de equipamentos eletrônicos para entretenimento. Por isso, incentive seu filho a procurar e se envolver em atividades que não precisam de uma tela. Brincar ao ar livre, ler um livro ou até mesmo desenterrar um antigo jogo de tabuleiro são apenas algumas ideias.

Além disso, também pode ajudar a estabelecer (e fazer cumprir) uma programação que todos em sua casa sigam. Por fim, deixar claro para seus filhos quando eles podem ou não ir às telas ajudará a esclarecer suas expectativas e pode evitar discussões.

Sobre o autor

Amanda Figueiredo
Amanda Figueiredo é nutricionista clínica pela USP (Universidade de São Paulo), pós-graduada em Saúde da Mulher e Reprodução Humana pela PUC (Pontifícia Universidade Católica) e especialista em emagrecimento e nutrição estética CRN-3 77456 Também é jornalista e editora-chefe da Vitat.

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