Tocofobia: o medo excessivo de engravidar e do parto

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14 de Abril, 2022
Tocofobia: o medo excessivo de engravidar e do parto

Apesar de muitas mulheres terem o sonho de engravidar, outras têm muito medo. Mas em determinados casos, o medo pode se tornar debilitante, transformando-se em uma fobia específica: a Tocofobia. 

A Tocofobia também está relacionada ao medo do parto que, apesar de ser um processo biológico, para muitas mulheres ele está associado à dor, sofrimento e medo. 

“O medo do parto é uma condição frequente nas gestantes, que pode interferir tanto nos relacionamentos e atividades sociais quanto nas funções domésticas e ocupacionais”, explica Katherine de Paula Machado Libânio, psicóloga e neuropsicóloga da Clínica Maia.

O termo Tocofobia, ou medo exacerbado da gravidez e de dar à luz, foi documentado em 2000, através do Periódico Britânico de Psiquiatria (British Journal of Psychiatry), da Universidade de Cambridge. Assim, o periódico foi o primeiro a classificar a fobia na literatura médica. 

De acordo com pesquisas, a tocofobia possui prevalência mundial entre 3,7% e 43%, sendo em média 14% gestantes. 

Causas da Tocofobia

Por se tratar de um assunto tão novo, as causas ainda estão sendo investigadas. Porém, segundo Katherine, há evidências de que é algo multicausal, ou seja, está relacionado a questões psicológicas, sociais, médicas e comorbidades que têm sido associadas a essa doença. 

Dessa forma, confira os fatores ligados a esse transtorno:

  • Baixa autoestima;
  • Rede de apoio precária;
  • Relacionamentos amorosos problemáticos;
  • Histórico de abuso sexual;
  • Experiências atribuladas com parto ou perdas gestacionais; 
  • Impotência durante o parto.

“Além disso, estudos investigam a relação entre tocofobia e transtornos de ansiedade, como acontece com outras fobias”, ressalta a especialista.

Sintomas e como identificar

Assim como outros tipos de fobia, os sintomas da Tocofobia são semelhantes aos do transtorno de ansiedade. Portanto, o principal sintoma de uma pessoa ansiosa é a presença constante de preocupação ou tensão, mesmo quando há poucos motivos ou nenhum motivo para tal. 

A psicóloga Katherine explica que quem sofre de Tocofobia, possui uma preocupação exacerbada com o tema gravidez, até mesmo quando não possui vida sexual ativa. 

“Algumas pessoas desenvolvem obsessão com métodos contraceptivos, e mesmo associando mais de dois métodos ainda permanece o temor, afetando a vida sexual de maneira significativa”, diz.

Um dos grandes sinais de que uma pessoa tem Tocofobia é apresentar os seguintes sintomas quando se deparam com o tema gravidez:

  • Alteração de pressão;
  • Enjoo;
  • Tontura;
  • Inquietação;
  • Taquicardia;
  • Formigamentos;
  • Desconforto abdominal;
  • Urgência ou retenção urinária;
  • Falta de ar;
  • Dor de cabeça;
  • Náuseas;
  • Tremores. 

Em alguns casos, também pode ocorrer alteração no padrão de sono, sensação de desespero, crises de ansiedade, crise de pânico e até mesmo desmaios. 

Além disso, a Tocofobia pode causar alterações fisiológicas no organismo da mãe afetando a gestação e o parto, como prolongamento da fase ativa da dilatação cervical, maior risco de pré-eclâmpsia, parto prematuro, cesariana de emergência, depressão pós-parto, baixos índices de amamentação e maior admissão do recém-nascido em unidades de terapia intensiva (UTIs).

Como diferenciar a vontade de não ter filhos da Tocofobia?

É importante ressaltar que a diferença entre a vontade de não ter filhos e a Tocofobia está nos sintomas. “A escolha de ter ou não filhos é algo que deveria ser simples, pois envolve liberdade de escolha. Quando existe um transtorno associado à escolha, a liberdade fica comprometida devido a sintomas extremos de mal-estar”, afirma a psicóloga Katherine.

Leia também: Quais perguntas fazer ao ginecologista antes de engravidar

Tratamento

A boa notícia é que existe tratamento para Tocofobia. O ideal é buscar ajuda com profissionais de saúde mental assim que você notar os sintomas citados acima. 

“É necessário o suporte do médico psiquiatra para ter o diagnóstico e avaliar a necessidade de um tratamento medicamentoso e da psicoterapia, para a compreensão das causas emocionais e em como tratá-las. Quando o diagnóstico ocorre durante a gravidez, é necessário o acompanhamento do ginecologista e obstetra para que, no momento do parto, a pessoa esteja preparada para este processo”, salienta Katherine.

A psicóloga ainda explica que, atualmente, um modelo de intervenção para tratar a Tocofobia está sendo trabalhado e vem mostrando potencial.

“Essa intervenção integra o modelo psicossomático e o modelo de processamento de informação adaptativo, através da utilização de algumas técnicas terapêuticas desenvolvidas especificamente dentro destes modelos (EMDR, mindfulness, hipnose)”, finaliza. 

Fonte: Katherine de Paula Machado Libânio – Psicóloga e Neuropsicóloga da Clínica Maia, especialista em Transtorno Mental e Dependencia Química. 

Sobre o autor

Julia Moraes
Jornalista e repórter da Vitat. Especialista em fitness, saúde mental e emocional.

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