Afinal, qual é a do tênis de placa? Corredores iniciantes podem usar?

Bem-estar Movimento
18 de Setembro, 2024
Afinal, qual é a do tênis de placa? Corredores iniciantes podem usar?

Tudo começou em 2017, quando a Nike anunciou o lançamento do Nike Vaporfly 4%. O modelo, um tênis com placa de carbono voltado para a corrida, foi usado pelo atleta queniano Eliud Kipchoge para vencer a Maratona de Berlim (2018) com um tempo surpreendente de 2h01m39; e depois para conquistar o feito de terminar 42K em menos de duas horas pela primeira vez na história.

Apesar de já existirem tênis de placa há décadas, as vendas da marca dispararam após as façanhas do corredor. Esse tipo de acessório trazia melhorias tão significativas para a performance, que foi até chamado de “doping tecnológico” por alguns. O burburinho se estendeu tanto que a World Athletics, órgão que regula o atletismo, determinou “regras” para o seu uso em competições.

Hoje, o calçado já é bem mais acessível ao público geral (mesmo ainda custando caro), e diversos fabricantes têm os seus próprios modelos. A fama só cresce. Mas afinal, qual é a do tênis com placa? Será que o investimento alto vale a pena para corredores iniciantes?

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O famoso tênis de placa

Considerado uma verdadeira revolução no mundo do atletismo, o tênis de placa foi projetado para melhorar o desempenho dos atletas. Sua principal característica é a presença de uma placa rígida (geralmente feita com fibra de carbono) na entressola – estrutura que fica acima da sola e serve para garantir amortecimento e absorção dos impactos.

Essa tal placa garante maior propulsão na corrida, fazendo com que o praticante consiga manter uma postura eficiente e economize energia. Isso significa que o tênis tem uma melhor capacidade de resposta a cada passada, oferecendo uma verdadeira sensação de “impulso” ou “empurrão” a cada vez que o atleta bate com o pé no chão.

Tipos de placa

Existem diferentes materiais usados nos tênis de placa, cada um com as suas particularidades. Conheça alguns:

  • Placa de fibra de carbono: é a mais popular e amplamente utilizada por corredores competitivos. A placa de fibra de carbono oferece alta rigidez e leveza, proporcionando um retorno de energia muito eficiente;
  • Placa de nylon: uma variação mais acessível e flexível. Embora não ofereça o mesmo nível de rigidez e retorno de energia, ainda consegue melhorar o desempenho;
  • Placas de plástico rígido: os tênis tendem a ser mais acessíveis financeiramente, oferecendo uma menor rigidez, mas ainda assim com benefícios em termos de impulso e economia de energia. Esses modelos são ideais para corredores que querem experimentar a tecnologia sem investir em modelos mais caros;
  • Placa de grafeno: tecnologia mais nova, mas que tem despertado o interesse dos corredores. O grafeno é composto por uma camada fina de átomos de carbono, garantindo bastante resistência.

Benefícios do tênis de placa

1 – Melhora na performance

O principal benefício desse tipo de tênis é o aumento do desempenho. A placa ajuda a fornecer um impulso extra a cada passada, permitindo que o corredor mantenha uma velocidade mais alta por mais tempo. Isso é especialmente útil em competições, nas quais segundos fazem a diferença.

2 – Economia de energia

Ajuda a reduzir o gasto energético durante a corrida, já que diminui o esforço necessário para impulsionar o corpo para frente. Isso significa que o corredor consegue manter um ritmo forte sem se desgastar tanto.

3 – Redução do impacto

Apesar de serem projetados para melhorar a performance, os tênis de placa também oferecem bom amortecimento. A combinação de espuma responsiva com a placa ajuda a absorver o impacto das passadas.

4 – Maior eficiência de corrida

A estrutura rígida da placa promove uma melhor postura durante a corrida, ajudando o corredor a manter uma forma mais eficiente. Isso pode resultar em menos desgaste muscular e maior conforto durante a prática esportiva.

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Para quem o tênis de placa é indicado? Iniciantes podem usar?

Como o custo de um tênis de placa é alto (em média, R$1.000), é normal que muitas pessoas fiquem em dúvida se vale a pena comprar um.

Alguns afirmam, por exemplo, que esse acessório pode aumentar as chances de lesão, uma vez que ele altera a biomecânica natural do corredor. Um estudo de 2023, inclusive, resolveu investigar a possível associação entre o tênis de placa e lesão por estresse, trazendo casos de corredores que desenvolveram o problema após começarem a utilizar o modelo.

No entanto, os próprios autores concluem no artigo que mais análises a respeito do assunto são necessárias, e que talvez o problema esteja na transição rápida que algumas pessoas fazem do tênis convencional para o tênis com placa.

“A experiência anterior de lesões por estresse com calçados minimalistas levou as empresas a desenvolverem um programa mais gradual de transição para calçados minimalistas. É plausível que avanços semelhantes possam ser desenvolvidos por empresas, pesquisadores e médicos para promover a segurança no uso dos tênis de placa”, disseram no documento.

Além disso, outra “desvantagem” do equipamento é a sua vida útil mais curta. Ele dura, em média, 300K rodados, aproximadamente a metade de um modelo convencional.

É por isso que a recomendação normalmente se resume em: se você quiser apostar em um tênis de placa, reserve-os para os treinos mais importantes e para as provas, e tenha sempre o acompanhamento profissional. Dessa forma, você evita desgastes desnecessários no objeto, e fica de olho em possíveis dores e desconfortos que surgirem.

Referência: Bone Stress Injuries in Runners Using Carbon Fiber Plate Footwear.

Sobre o autor

Amanda Panteri
Jornalista e repórter da Vitat. Especialista em alimentação saudável.

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