Tecnologia da vacina do Covid poderá ser útil contra HIV e outras doenças
Com o alto investimento em pesquisas contra o coronavírus durante a pandemia, a ciência pode estar diante de novas formas de combater doenças como o HIV e câncer. Contudo, a tecnologia da vacina do Covid não é novidade. Afinal, o RNA mensageiro é objeto de estudo há mais de três décadas, mas a corrida contra a doença trouxe mais insumos sobre o potencial do recurso.
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Benefícios da tecnologia da vacina do coronavírus
Antes de mais nada, é importante entender como funciona o RNA mensageiro. Ao contrário de vacinas que utilizam o vírus inativado para o sistema imunológico produzir os anticorpos, o RNAm faz com que o corpo produza a proteína-S do Covid. Ou seja, desenvolve o “inimigo” para, então, criar as células de defesa.
Com essa possibilidade, as pesquisas devem conseguir chegar a outros “manuais de instruções”, com códigos específicos contra diversas enfermidades. “Em teoria, a tecnologia é aplicável para diabetes, Alzheimer, câncer, não apenas doenças infecciosas. É uma esperança para muitas outras doenças que até então nós ou não temos vacina ou que precisamos de alternativas melhores”, afirmou infectologista e diretor da Sociedade Brasileira de Imunizações, Renato Kfouri ao jornal O Globo. HIV, ebola, herpes, zika e anemia falciforme também integram as previsões otimistas dos pesquisadores. Além disso, o RNAm poderá melhorar as vacinas da malária, dengue, tuberculose e da gripe.
Outro benefício da tecnologia é a redução de custos para a produção de imunizantes, pois não exige vírus vivos. Dessa forma, não necessita de laboratórios de biossegurança para a fabricação. Por fim, o RNAm é mais adaptável a mudanças, o que permite a agilidade no desenvolvimento das vacinas.
Brasil irá estudar e produzir novos imunizantes
Durante a pandemia, o país foi referência na produção de vacinas nacionais contra o Covid. Por exemplo, apenas em 2021 o Instituto Butantan forneceu mais de 40 milhões de doses da Coronac à população. Segundo o Instituto, a autorização da vacina pela Anvisa foi dada com base nos resultados dos testes e estudos clínicos que começaram em julho de 2020. O estudo foi realizado com 13.060 voluntários, todos profissionais da saúde e expostos diariamente à Covid-19.
Também em 2021, o Bio-Manguinhos, da Fiocruz, recebeu o direito de produzir as vacinas da AstraZeneca, iniciativa que agilizou a imunização no Brasil. Ao todo, o Ministério da Saúde contratou 105 milhões de doses da vacina da Fiocruz para este ano — sendo 45 milhões de doses da vacina nacional. Além disso, a instituição está envolvida em pesquisas para viabilizar novas vacinas e terapias para o câncer e outras enfermidades.