Sono dos jovens foi ainda mais afetado pela pandemia
As heranças da pandemia do coronavírus estão sendo sentidas até hoje, e as previsões sugerem que as consequências se estenderão por um longo período. O isolamento social motivado pela disseminação da doença fez com que hábitos mudassem e, assim, praticamente todas as áreas foram impactadas — trabalho, saúde, social, etc. Dados de um estudo da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo mostraram, inclusive, que uma em cada 4 crianças teve sintomas de depressão e ansiedade durante a pandemia. Além disso, a qualidade do sono dos jovens também sofreu uma piora nesse período.
Antes mesmo da pandemia, dados já revelavam uma dificuldade dos brasileiros em dormir bem. Entretanto, a crise sanitária acentuou o problema. Em 2020, primeiro ano da pandemia, a Fiocruz (Fundação Oswaldo Cruz) fez uma pesquisa para analisar as mudanças na qualidade do sono dos adolescentes. Como resultado, os pesquisadores descobriram que 36% dos jovens de 12 a 17 anos tiveram uma piora na questão.
Dois anos depois, o cenário mostrou ser ainda pior. Pesquisadoras da UFPE (Universidade Federal de Pernambuco) fizeram um estudo com adolescentes de 13 a 18 anos. Nele, 58,2% dos jovens relataram uma piora na qualidade do sono.
Covid-19 e pesadelos
Além de o sono dos jovens ter sido mais afetado durante os anos de pandemia, um estudo internacional em conjunto com pesquisadores da UFRN (Universidade Federal do Rio Grande do Norte) mostrou que os sonhos também sofreram impactos.
De acordo com a pesquisa, aqueles que contraíram Covid-19 tiveram uma maior incidência de pesadelos. “Também identificamos que os sintomas de ansiedade, depressão e transtorno de estresse pós-traumático (TEPT) foram maiores nos participantes com Covid-19 do que nos controles (pessoas que não se contaminaram)”, afirmou Sérgio Arthuro, um dos pesquisadores do estudo.
Importância do sono dos jovens
Apesar de a qualidade do sono ser um fator importante em todas as idades, uma vez que ajuda a reduzir o estresse, melhorar a memória e fortalecer o sistema imunológico, durante a infância e a adolescência ela é um ponto crucial, justamente por se tratar de indivíduos ainda em desenvolvimento.
Por meio de uma noite bem dormida, é possível, sobretudo, organizar pensamentos e lembrar aquilo que aprendemos durante o dia. Tal função do sono é fundamental para a boa absorção dos conhecimentos — tanto em questões escolares quanto de valores.
Além disso, geralmente durante a adolescência, há um grande contato com telas. Estudos mostraram, por exemplo, que o tempo gasto nas redes sociais tem impacto na qualidade do sono. Também é preciso levar em consideração a luz emitida por esses dispositivos eletrônicos. Isso porque as luzes azuis dos celulares e outros equipamentos semelhantes atrapalham a produção da melatonina, hormônio responsável por induzir o sono.
Como dormir melhor?
Dessa forma, é importante adotar alguns hábitos para melhorar as suas noites. Diminuir o uso de telas antes de dormir e não passar tantas horas nas redes sociais é um começo. Além disso, buscar incorporar as práticas da higiene do sono tende a trazer impactos positivos. Veja alguns exemplos:
- Estabelecer um horário para dormir e acordar;
- Utilize a cama apenas para dormir;
- Se exponha à luz solar pela manhã;
- Evite o consumo de bebidas alcoólicas antes de dormir;
- Exercite o corpo e a mente;
- Evite cafeína e alimentos pesados durante a noite.
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