Síndrome Li-Fraumeni: a doença que matou 4 pessoas da mesma família

Saúde
15 de Agosto, 2023
Síndrome Li-Fraumeni: a doença que matou 4 pessoas da mesma família

Neste último domingo (13), a morte do economista Régis Feitosa Mota gerou comoção no Brasil. O motivo é que Régis já havia perdido seus três filhos pela mesma doença que o matou: a síndrome Li-Fraumeni. A primeira vítima foi sua caçula, de apenas 10 anos, em 2018; o segundo filho veio a óbito em 2020; e sua filha mais velha, de 25 anos, faleceu em 2021.

Nas redes sociais, o economista era famoso por compartilhar sua delicada história, já que lutava contra o câncer, derivado da síndrome, desde 2016. Em uma entrevista de 2019 para o UOL VivaBem, Régis conta que desconfiava do fato de ele e seus filhos terem câncer praticamente ao mesmo tempo. Na época, a suspeita se confirmou com um teste genético, que detectou a síndrome Li-Fraumeni.

 

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Afinal, o que é a síndrome Li-Fraumeni?

A síndrome é um transtorno hereditário, causado por uma mutação genética raríssima. De acordo com a Cleveland Clinic, a Li-Fraumeni afeta 5 em 20 mil famílias em todo o mundo.

Quem possui a síndrome, apresenta a alta probabilidade de desenvolver cânceres agressivos, e passá-los para seus herdeiros. Foi o caso de Régis, que transmitiu a alteração do gene TP53 para os três filhos — cada um teve um tipo diferente de câncer.

Este gene é responsável por evitar a incidência de tumores no organismo. Com a mutação, as defesas do TP53 ficam comprometidas, permitindo que as células tumorais se dividam e cresçam de forma descontrolada.

Quais as chances de enfrentar um câncer tendo a síndrome?

Com a explicação acima, provavelmente você teve a seguinte dúvida: todo mundo que tem a mutação genética enfrentará um câncer?

Infelizmente, todos os indivíduos que carregam a síndrome de Li-Fraumeni têm entre 70% e 90% de probabilidade de sofrer com um ou mais tipos de câncer ao longo da vida. Desse percentual, 50% das pessoas são acometidas pela doença antes dos 30 anos.

Sintomas da síndrome Li-Fraumeni

Não existem sintomas específicos, mas o próprio câncer em idade precoce é um indício para buscar o diagnóstico. Contudo, alguns tipos de câncer têm maior relação com a síndrome, e vice-versa. São eles:

  • Sarcoma de partes moles.
  • Câncer de mama.
  • Osteossarcoma.
  • Carcinomas.
  • Meduloblastoma.
  • Leucemia.
  • Linfomas, como o linfoma não-Hodgkin.

Além disso, é importante observar se familiares de primeiro grau têm histórico de câncer, como o que ocorreu com a família de Regis. A condição pode influenciar o avanço da neoplasia em qualquer órgão. Porém, é importante dizer que nem todo paciente com câncer tem a síndrome de Li-Fraumeni. Na dúvida, é fundamental esclarecer qualquer questão com um médico geneticista ou oncologista.

Diagnóstico e tratamento

A investigação por meio de testes genéticos é o único meio para identificar a alteração no gene TP53. Se houver desconfiança pelo histórico da família, essa é a melhor forma de descobrir se os os demais parentes possuem a síndrome.

Já o tratamento depende do tipo de câncer. De forma geral, quimioterapia, cirurgias e todos os cuidados relacionados ao combate à doença são utilizados.

Contudo, não existe uma cura para frear as consequências da síndrome, visto que é uma condição genética. Nessas situações, a recomendação é recorrer ao aconselhamento genético, se existir o desejo de ter filhos, para avaliar a probabilidade do herdeiro carregar a mutação.

Além disso, pacientes com Li-Fraumeni precisam realizar exames frequentes e ter estreita relação com oncologistas e geneticistas, a fim de acompanhar o possível desenvolvimento de câncer durante a vida.

Referências: Living LFS; LFS Association; National Library of Medicine; e Cleveland Clinic.

 

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