Síndrome de Guillain-Barré: o que é, sintomas, causas e mais

Saúde
10 de Julho, 2023
Síndrome de Guillain-Barré: o que é, sintomas, causas e mais

A síndrome de Guillain-Barré repercutiu na imprensa com a declaração de estado de emergência no Peru para a doença neste último sábado (8). A decisão ocorreu após a morte de quatro pessoas por conta da síndrome, cujo decreto deve durar 90 dias. Desde o começo do ano, o país registrou 182 casos, o equivalente a uma pessoa por dia.

Embora seja uma situação local, a notícia se espalhou rapidamente pelo mundo, já que a enfermidade pode ser mortal. Com a preocupação coletiva, o governo peruano reforçou que a doença não é contagiosa. Além disso, disponibiliza uma linha telefônica gratuita para a população tirar dúvidas sobre sintomas, causas e outras informações relevantes.

O surto no país não é inédito — em 2019, o Peru também recorreu apelou ao estado emergencial depois do aumento de casos incomuns da Guillain-Barré.

Veja também: Dengue ou febre maculosa? Saiba diferenciar os sintomas

O que é a síndrome de Guillain-Barré?

De acordo com o Ministério da Saúde, a Guillain-Barré é uma doença de incidência rara e autoimune. Em outras palavras, o sistema imune, ao invés de defender o organismo, ataca uma parte dele. Nesse caso, a síndrome afeta o sistema nervoso.

No Brasil a prevalência anual é de 1 a casos para 100 mil habitantes, mais frequente entre indivíduos com 20 a 40 anos de idade.

Quais são as causas?

Não existe uma única razão para o desenvolvimento da síndrome. Contudo, os pacientes têm em comum o histórico recente de infecções variadas. Por exemplo, infecções respiratórias (incluindo Covid-19), urinárias e gastrointestinais. A causa mais comum provém da infecção intestinal da Campylobacter, que provoca diarreia.

Outras doenças que podem ser fator de risco para a síndrome de Guillain-Barré:

  • Dengue.
  • Chikungunya e Zika.
  • Sarampo.
  • Influenza A (gripe).
  • AIDS.
  • Hepatites.

Sintomas da síndrome de Guillain-Barré

O principal sistema que sofre com o ataque dos anticorpos é o nervoso. O processo inflamatório deteriora a bainha de mielina, que recobre e protege os neurônios.

Os primeiros sintomas são leves, com formigamento e fraqueza nos pés e pernas, que se disseminam para a parte superior do corpo. No entanto, conforme a evolução do quadro, o formigamento e a fraqueza ficam mais intensos, podendo levar à paralisia.

Mais sintomas que precisam de atenção

  • Tremores e perda da estabilidade ao fazer uma caminhada, devido à fraqueza dos músculos. 
  • Formigamento que se assemelha a pontadas de agulhas, que geralmente aparece nos dedos, tornozelos e pulsos.
  • Dores no corpo que pioram à noite.
  • Dificuldade para mover os músculos da face, incluindo falar, mastigar, engolir e mexer os olhos.
  • Hipotensão (pressão baixa) e frequência cardíaca acelerada.
  • Falta de fôlego para fazer atividades simples — conversar, por exemplo.
  • Confusão mental e sonolência.

Diagnóstico e tratamento

A identificação se dá pela avaliação dos sintomas e por exames diversos: laboratoriais, eletroneuromiografia, punção lombar ou da coluna vertebral e ressonância magnética.

Se houver suspeita do quadro, a internação é uma forma de acompanhar os sinais vitais do paciente e os sintomas. Afinal, a síndrome pode progredir rapidamente — às vezes, em menos de 24h — e gerar complicações. As mais comuns são pneumonia aspirativa, embolia pulmonar e sepse.

Já a linha de cuidados dependerá do estado de saúde e do tipo da síndrome. Existem dois caminhos:

Plasmaférese: funciona como uma espécie de hemodiálise, mas que filtra especificamente o plasma do sangue. O plasma é a parte líquida que contém os anticorpos responsáveis pela reação contra o sistema nervoso. Feita a filtragem, o paciente ainda pode receber uma transfusão de plasma para amenizar a reação do sistema imune.

Uso de imunoglobulina: é um medicamento que também é produzido com plasma sanguíneo com anticorpos saudáveis de doadores de sangue. Nesses casos, o paciente recebe a dosagem via intravenosa.

Fisioterapia: como a síndrome costuma comprometer os movimentos, a fisioterapia é uma aliada da recuperação da mobilidade. Além disso, os exercícios respiratórios podem ser necessários na reabilitação, já que a doença prejudica esse sistema.

Expectativa de melhora (prognóstico)

Na maioria dos casos, a recuperação da síndrome de Guillain-Barré é positiva. Com o tratamento precoce, os sintomas e o processo inflamatório costumam desaparecer entre dias e semanas.

Porém, conforme a gravidade, o indivíduo pode desenvolver a manifestação crônica da doença, que provoca fraqueza muscular gradativa por oito semanas ou mais. Nesse sentido, o tratamento é mais longo e pode incluir outros tipos de medicamentos, como corticoides.

Quanto à mortalidade, 5% a 15% morrem pela doença, segundo dados do Ministério da Saúde.

Referências: MSD Manuals; BP – A Beneficência Portuguesa; Mayo Clinic; e Ministério da Saúde.

Sobre o autor

Amanda Preto
Jornalista especializada em saúde, bem-estar, movimento e professora de yoga há 10 anos.

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