Síndrome da brida amniótica: o que é a condição que afeta bebês
A síndrome da brida amniótica é uma condição bastante rara, porém com altos riscos ao desenvolvimento saudável do bebê. Ainda na gestação, a criança pode enfrentar a constrição de diversas partes do corpo devido à soltura dos cordões da membrana amniótica. Como resultado, esses cordões ou bridas se envolvem nos membros da criança (dedos, braços pernas, pescoço, cabeça etc) e comprimem o local, o que provoca a deformidade e até a amputação da região afetada.
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O que são bridas amnióticas?
Primeiramente, antes de falarmos sobre a síndrome da banda amniótica, precisamos explicar o que são as bridas amnióticas. Contamos com a ajuda da Dra. Emybleia De Meneses Amedi, ginecologista do Hospital do Servidor Público Estadual (HSPE).
Segundo a especialista, bridas amnióticas são cordões fibrosos que aderem a partes fetais e podem causar deformidades em qualquer parte do bebê.
Deste modo, para entender melhor, é importante ressaltar que os bebês se desenvolvem dentro de uma bolsa composta pelo líquido amniótico e por membranas que a envolvem e a mantém fechada para proteção fetal. Em alguns casos raros, essas membranas podem gerar adesões, ou seja, podem se prenderem ao bebê, a chamada brida amniótica que causa a síndrome da banda amniótica.
O que é síndrome da banda amniótica?
A ginecologista consultada explica que a síndrome da banda amniótica é uma condição congênita que pode resultar em vários defeitos corporais, como a amputação de membros, deformidades craniofaciais, anomalias em órgãos fetais, entre outros.
“A ocorrência é rara e a incidência é estimada em cerca de 1:1.200 a 1:15.000 nascidos vivos”, complementa.
Causas da síndrome da brida amniótica
Segundo o médico ginecologista e obstetra Alexandre Pupo, não há uma causa para o surgimento das bridas amnióticas. Por outro lado, o especialista explica o processo que desencadeia a síndrome. “A bolsa que abriga o bebê é formada pela membrana amniótica que possui outra bolsa, a membrana coriônica. Quando essa última se solta, formam-se as bridas que atingem a criança”, esclarece.
Apesar de não haver um consenso médico para o desenvolvimento para as bridas amnióticas, acredita-se que ela ocorre quando a membrana amniótica sofre uma ruptura e estoura, mas a coriônica permanece intacta. Com isso, as bridas se soltam e podem enrolar os membros do bebê.
Consequências da síndrome da brida amniótica
As anomalias causadas pela síndrome da banda amniótica são assimétricas e variadas, então não seguem nenhum padrão de desenvolvimento. Sendo assim, as alterações mais comuns no bebê impactados por essa síndrome incluem:
- dedos grudados;
- pé torto congênito;
- braços ou pernas mais curtas;
- malformações das unhas;
- amputação da mão em um dos braços;
- braço ou perna amputada;
- fenda palatina ou lábio leporino.
Pupo explica que a condição é mais grave quando as bridas ou bandas se manifestam no primeiro trimestre da gravidez, fase em que o bebê ainda é um embrião.
“Nesse período, as bridas podem impactar na formação dos órgãos e no crescimento saudável do bebê em geral, como uma malformação no cérebro que leva a um possível aborto. Caso as bandas apareçam após o terceiro mês de vida, os ‘anéis de constrição’ podem causar deformidades como pés e braços tortos, assimetria de membros, problemas renais, luxações e amputações”, alerta o especialista. Além disso, a criança pode nascer com a fenda palatina se banda envolver a área da cabeça.
Além disso, existem alguns casos em que pode acontecer um aborto, especialmente quando a banda, ou brida amniótica, se forma em volta do cordão umbilical, impedindo a passagem de sangue para todo o feto.
Diagnóstico
A princípio, o ultrassom pré-natal é capaz de identificar a condição, que é assintomática. Ou seja, a mãe não sente nenhum desconforto que sinalize o problema, embora algumas mulheres relatem episódios de sangramentos.
“Em muitos casos é possível ver as áreas afetadas pela banda amniótica, mesmo nos estágios iniciais”, acrescenta Pupo, que destaca a importância do diagnóstico precoce. “Assim, evita-se malformações mais graves que podem interromper a vida do bebê ou causar a perda de membros”, complementa.
Tratamento da síndrome da banda amniótica
Por fim, há ainda o uso de várias técnicas que podem ser utilizadas de acordo problema a tratar e os riscos associados. São elas:
- Cirurgia para corrigir dedos grudados e outras malformações no corpo do bebê;
- Uso de próteses para corrigir a falta de dedos ou partes do braço e perna;
- Cirurgia plástica para corrigir alterações no rosto, como lábio leporino;
Esses recursos podem salvar a vida da criança e reparar a síndrome e a falta de oxigenação nos membros causada por ela. “Por exemplo, a cirurgia fetal é uma subespecialidade da obstetrícia e da medicina fetal, feita por meio de um procedimento chamado fetoscopia”, sugere Alexandre Pupo. Para o procedimento, que se assemelha a uma “microlaparoscopia”, o médico insere o equipamento de laparoscopia no útero da mãe. Dessa forma, é possível visualizar o bebê e localizar as bridas, que são removidas por meio de um sistema a laser. A intervenção é minimamente invasiva e pode ser feita em qualquer momento da gestação, com mais sucesso se ocorrer o quanto antes.
Além disso, caso o bebê nasça com pé torto congênito, o pediatra pode aconselhar fazer a técnica de Ponseti, que consiste em colocar gesso no pé do bebê a cada semana durante 5 meses.
Em seguida, o médico irá aconselhar o usar de botas ortopédicas até aos 4 anos, corrigindo a alteração dos pés, sem precisar de cirurgia.
Perguntas frequentes sobre a síndrome da banda amniótica
O bebê pode morrer se não houver tratamento?
Sim. Principalmente nos primeiros meses de vida que são cruciais para a formação íntegra da criança. Por isso, a Febrasgo reforça a relevância do pré-natal para descobrir quaisquer imprevistos antes de prejudicar o bebê de forma irreversível.
Consigo prevenir a síndrome?
Infelizmente não há como evitar a condição, pois não se sabe o denominador comum à causa.
Posso ter a síndrome da brida amniótica em todas as gestações?
A probabilidade de assumir uma gestação com a mesma síndrome é mínima e não há casos similares reportados pela ciência. Afinal, é pouco provável que a condição se associe a questões genéticas ou hereditárias.
Fonte: Alexandre Pupo, médico ginecologista e obstetra do Hospital Sírio-Libanês e Albert Einstein.
Dra. Emybleia De Meneses Amedi, ginecologista do Hospital do Servidor Público Estadual (HSPE).