Sinais de transtorno de espectro autista em crianças

Saúde
31 de Março, 2023
Sinais de transtorno de espectro autista em crianças

A Organização das Nações Unidas (ONU) celebra em  2 de abril o Dia Mundial da Conscientização do Autismo. O Transtorno do Espectro Autista (TEA) não é uma doença. É uma condição de indivíduos, seja criança ou adulto, com comprometimento em seu neurodesenvolvimento, na linguagem e no comportamento adaptativo, social e de repetições. Mas, para os pais e cuidadores, nem sempre é fácil identificar os sinais de  transtorno de espectro autista em crianças. 

Ouvir e compreender os sons, responder à voz dos pais, formular as primeiras palavras e frases, reagir a tons de voz diferentes… todos esses processos nos lembram o desenvolvimento de um bebê em seus primeiros meses de vida. E, de fato, mostram isso. Ou seja, qualquer comportamento atípico nessa área liga o alerta para a possibilidade de distúrbios auditivos e linguagem. Mas, o que nem todos sabem é que anormalidades na fala e audição também podem levantar a hipótese de autismo.

Por isso, a presença de um otorrinolaringologista é vital num diagnóstico precoce do transtorno, a fim de detectar e, eventualmente, tratar a questão, minimizando as dificuldades da vida da criança e de sua família. 

Dra. Roberta Pilla, médica otorrinolaringologista membro da ABORL-CCF (Associação Brasileira de Otorrinolaringologia e Cirurgia Cérvico-Facial), conta que sua especialidade pode ser considerada a primeira em importância para investigar possibilidades de autismo, principalmente quando há questões relacionadas à habilidade auditiva e de desenvolvimento de linguagem. “Numa consulta de avaliação otorrinolaringológica em si, podemos investigar a criança em relação a questões de desenvolvimento e questões sociais. Distúrbios de sono que também podem estar relacionados ao autismo também podem ser inicialmente investigados pelo otorrinolaringologista. Conforme alguns sinais e sintomas de alerta, ele inicia a triagem precoce deste distúrbio”, detalha.

Sinais de transtorno de espectro autista em crianças 

Uma vez que o sistema de comunicação humano carrega tantas complexidades e órgãos inter-relacionados, o otorrino figura como um importante aliado na realização de diagnósticos diferenciais e na elaboração de programas terapêuticos. “Na perda auditiva, por exemplo, do diagnóstico à conduta terapêutica, o otorrino é fundamental na elaboração do tratamento clínico ou até cirúrgico”, diz Dra. Roberta, ao reforçar que as perdas auditivas estão relacionadas diretamente a um maior risco de atrasos no desenvolvimento nas habilidades de comunicação receptiva e expressiva.  

As questões ligadas ao sono, ao sistema respiratório, a alterações auditivas e distúrbios da linguagem são muito frequentes nesse grupo de pacientes, segundo a especialista, que salienta o quanto essas comorbidades podem interferir negativamente no quadro clínico comportamental e social das crianças autistas. “O otorrino, por conta disso, acaba colaborando com pais e cuidadores no afastamento de desordens que possam agravar o quadro de autismo, da mesma forma que ajuda no diagnóstico e investigação desse transtorno”, acrescenta. 

Como identificar 

Para auxiliar nesse aspecto, a seguir, Dra. Roberta Pilla reúne 15 sinais de transtorno de espectro autista em crianças para os cuidadores observarem, na intenção de um diagnóstico precoce dos transtornos do espectro autista (TEAs): 

  • Dificuldade em manter contato visual;
  • Não responde ao sorriso ou outras expressões faciais dos pais;
  • Não olha para objetos para os quais os pais estão olhando ou apontando;
  • Não fala nenhuma palavra aos 15 meses ou frases aos 24 meses;
  • Repete exatamente o que os outros dizem sem entender o significado;
  • Pode não responder quando chamado pelo nome, mas responde a outros sons (como a buzina de um carro ou o miado de um gato);
  • Pode perder a linguagem ou outros marcos sociais entre os 15 e 24 meses de idade;
  • Balança as mãos, balança o corpo ou roda em círculos; anda na ponta dos pés por um longo tempo ou agita as mãos (chamado de “comportamento estereotipado” ou estereotipia);
  • Prazer em atividades incomuns, em interesses obsessivos, fazendo-as repetidamente durante o dia;
  • Brinca com partes de brinquedos em vez do brinquedo inteiro (por exemplo, girando as rodas de um caminhão de brinquedo);
  • Pode ser muito sensível ou nada sensível a cheiros, sons, luzes, texturas e toque;
  • Não brinca de brincadeiras simbólicas, como faz de conta, casinha, boneca;
  • Tem dificuldade para entender gestos, linguagem corporal ou tom de voz;
  • Confunde o uso dos pronomes, por exemplo, diz “eu” quando queria dizer “você”;
  • Tem dificuldade para elaborar frases, usa somente uma palavra por vez.

Diagnóstico precoce: sempre uma vantagem para a criança 

Entre as principais ponderações de Dra. Roberta, o diagnóstico no tempo certo pode ser o maior aliado para o tratamento e bem-estar da criança, já que recupera a possibilidade do desenvolvimento das habilidades do autista, evitando perdas nos processos de aprendizagem e de interação social. 

Muitas vezes, segundo Dra. Roberta, a criança pode aprender a sentar, engatinhar e andar de acordo com os marcos de desenvolvimento, mas apresentar dificuldade na comunicação não verbal, como o contato visual, na linguagem e na interação social. Em casa, segundo ela, os pais devem observar se a criança está com comportamentos diferentes de outras da sua faixa etária. 

“A partir do momento que se nota um comportamento não habitual, é muito importante procurar um profissional para uma avaliação mais completa e para definição de possíveis diagnósticos”, recomenda a especialista. 

 

Fonte: Dra. Roberta Pilla, Médica Graduada pela PUCRS- Porto Alegre/ Rio Grande do Sul, Título de Especialista em Otorrinolaringologia pela Associação Brasileira de Otorrinolaringologia e Cirurgia Cérvico-Facial

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