Sífilis: saiba tudo sobre a infecção e como se prevenir

Gravidez e maternidade Saúde
12 de Abril, 2022
Sífilis: saiba tudo sobre a infecção e como se prevenir

Pertencente ao grupo de ISTs (infecções sexualmente transmissíveis), a sífilis possui estágios distintos e apresenta riscos graves para a saúde se não for devidamente tratada.

Veja também: Gonorreia: tudo sobre a infecção sexualmente transmissível

Como a sífilis é transmitida?

A infecção causada pela bactéria Treponema pallidum é adquirida por meio das relações sexuais sem proteção. Sexo dos tipos anal, vaginal e oral sem preservativo apresentam os mesmos riscos de contrair a doença. Além disso, é possível que a gestante contamine o seu bebê ao longo da gravidez e na hora do parto. Outra forma de transmissão é via transfusão de sangue contaminado. Embora seja mais difícil, existe a possibilidade de ser infectado dessa maneira.

Sintomas e estágios da sífilis

Existem diversos sinais que identificam a presença da sífilis no organismo. Contudo, os sintomas dependem do estágio da sífilis, que normalmente é dividida em três fases:

Sífilis primária

De acordo com Ingrid Cotta, infectologista da BP – A Beneficência Portuguesa de São Paulo, o primeiro estágio apresenta uma ou mais feridas pelo corpo. “Geralmente essas úlceras não doem e podem aparecer na porta de entrada da infecção. Logo, se o contágio ocorreu por meio do sexo com penetração anal ou vaginal, as genitais (tanto masculina quanto feminina) e o ânus possivelmente serão acometidos pela lesão. Algumas se instalam no colo do útero, o que torna mais difícil a detecção pela mulher”, explica.

Das três fases, é a menos contagiosa e perigosa, e a ferida costuma melhorar de forma espontânea, sem intervenção medicamentosa. No entanto, isso não significa que a bactéria desapareceu do organismo. Pelo contrário: ela pode permanecer silenciosa e voltar após algum tempo. Portanto, a única forma de se livrar da enfermidade é o diagnóstico seguido de tratamento.

Secundária

Surge entre seis semanais e seis meses após a manifestação da fase primária que não foi tratada, embora algumas pessoas entrem na fase duas semanas depois da ferida inicial. Diferentemente do estágio primário, a etapa secundária não costuma apresentar lesões, mas manchas (roséolas sifilíticas) pelo corpo que podem ficar irritadas e coçarem. “São facilmente confundidas com alergias dermatológicas e atingem mais as palmas das mãos e plantas dos pés. Por isso, em qualquer lesão de pele, é comum que o médico solicite o exame de sangue para descartar ou confirmar o quadro de sífilis”, afirma Ingrid Cotta. Mais incômoda, essa etapa pode causar febre e dores de cabeça, além de ínguas na virilha e em outras partes do corpo, como pescoço e axilas. Assim como a primária, essa fase cessa espontaneamente – novamente, não significa que as bactérias desapareceram.

Terciária

Também chamada neurossífilis, a bactéria afeta o sistema nervoso central e pode provocar doenças como a meningite e AVC (acidente vascular cerebral).  Mais grave de todas, pois nesse estágio, as lesões atingem não apenas a pele, mas órgãos vitais, ossos, articulações e causar sequelas irreversíveis – inclusive, de acordo com a gravidade da lesão, pode levar à morte. De todas, é a mais “paciente”, pois pode levar entre 1 e 40 anos depois da fase primária.

Sífilis entre gestantes e bebês

Conhecida por sífilis congênita, esse tipo de transmissão ocorre durante a gestação ou no momento do parto. No entanto, a doença pode demorar levar até dois anos para se manifestar na criança. Ao longo da gestação, os riscos da infecção são aborto espontâneo, parto prematuro, malformação do bebê, surdez, cegueira e deficiência mental. Por isso, a forma mais eficaz de diagnosticar e tratar a sífilis é realizar o pré-natal com assiduidade e sempre manter o diálogo com seu médico ginecologista.

Diagnóstico da sífilis

A princípio, a forma mais utilizada de detectar a sífilis é através do teste rápido (TR) para a doença. É possível fazê-lo de forma gratuita pelo SUS (Sistema Único de Saúde) em alguns postos e hospitais públicos. O resultado sai em aproximadamente 30 minutos. Caso o reagente seja positivo, são feitos exames laboratoriais (não treponêmico) para validar o diagnóstico. Se a sífilis estiver em estágio avançado ou com suspeitas, Ingrid Cotta alega que é realizada a análise do líquor cefalorraquidiano, que é o líquido que envolve o cérebro e a medula espinhal. As alterações do exame poderão indicar o nível de comprometimento da bactéria no sistema nervoso.

Tratamento

Segundo a infectologista da Beneficência Portuguesa, o tratamento varia conforme a localização e estágio da enfermidade. “De qualquer forma, a doença é tratada com antibióticos, como a penicilina, cuja posologia é administrada de acordo com a fase e gravidade da sífilis”, esclarece.

Perguntas frequentes

É possível ter sífilis sem sintomas?

Sim, cuja condição é chamada sífilis latente ou fase assintomática, que pode durar um ano (latente recente) ou mais (latente tardia).

A sífilis tem cura?

Existe cura, porém deve ser descoberta o quanto antes para evitar complicações graves e dificuldade no sucesso do tratamento. Dessa forma, a melhor maneira de detectar a doença é fazer visitas de rotina regulares no ginecologista e urologista.

O que acontece se a sífilis não for tratada?

A infecção progride até alcançar a fase terciária. Embora possa demorar anos para se manifestar, a sífilis pode matar, pois provoca lesões que comprometem todo o organismo, causando falência múltipla de órgãos, por exemplo.

Dá para contrair a sífilis mais de uma vez?

Sim. A prévia exposição à bactéria não proporciona imunidade. Além disso, quem já contraiu a doença uma vez deve realizar o acompanhamento contínuo para monitorar possíveis recidivas.

Existe vacina para a sífilis?

Ainda não existe vacina para a IST. Em síntese, a melhor alternativa para permanecer protegido contra a sífilis e outras doenças é utilizar preservativos durante o sexo.

Ministério da Saúde

Centers for Disease Control and Prevention (CDC)

Mayo Clinic

OMS (Organização Mundial da Saúde)

Fonte: Ingrid Cotta, infectologista da BP – A Beneficência Portuguesa de São Paulo.

Sobre o autor

Amanda Preto
Jornalista especializada em saúde, bem-estar, movimento e professora de yoga há 10 anos.

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