Cuidados com a saúde e a importância do lazer em pessoas com transtorno bipolar
O transtorno afetivo bipolar (TAB) é um transtorno psiquiátrico caracterizado por episódios de alteração de humor. É uma doença crônica que inclui, por exemplo, sintomas de depressão e euforia. Segundo dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), o transtorno atinge atualmente cerca de 140 milhões de pessoas no mundo e é considerado uma das principais causas de incapacidade.
Para evitar as consequências negativas da doença, é importante mantê-la sob controle. Mas como fazer isso? Uma das maneiras é cuidando da saúde física e mental, além de inserir momentos de lazer no dia a dia. Veja as dicas das especialistas!
Afinal, o que é o transtorno bipolar?
De acordo com a Dra Alexandrina Meleiros, o transtorno bipolar é uma doença neuropsiquiátrica que tem causas genéticas e ambientais. “Geralmente, as pessoas têm familiares que também têm o transtorno, mas ao longo do desenvolvimento de uma criança, por exemplo, a doença pode ser estimulada”, explica a médica.
A psiquiatra explica ainda que o transtorno é caracterizado por períodos de normalidade, períodos em que há depressão e períodos de excitação, euforia, exacerbação dos sentimentos e comportamentos. “Há muita irritabilidade e agressividade na excitação e euforia, assim como também pode ter irritabilidade e hostilidade na depressão. O agravo disso tudo é que, principalmente na depressão, pode cronificar e estimular até ideação suicida”, explica.
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Tipos de TAB
Mônica Machado, psicóloga, explica que o transtorno bipolar é dividido em dois tipos:
- No TAB tipo 1, a pessoa apresenta episódios de mania e pode ou não ter depressão.
- No TAB tipo 2, o indivíduo apresenta episódios de hipomania e de depressão. Nos episódios de hipomania, que duram 4 ou mais dias, o portador do transtorno pode ter os seguintes sintomas: aumento de energia, elevação de humor, falar mais e mais rápido que o comum, acompanhado de pensamentos acelerados, redução da necessidade de sono, pode ainda apresentar compulsões por compras, aumento de libido entre outros.
A mania, presente no tipo 1, é similar à hipomania, mas os sintomas são mais severos. “A pessoa pode ficar com humor eufórico ou irritável, e até apresentar sintomas psicóticos (delírios, alucinações, entre outros). Com o tratamento, a pessoa afetada pode ter melhora dos episódios de variação de humor. A medicação também ajuda a prevenir que ocorram novamente”, explica a psicóloga.
Além disso, o uso de medicamentos e substâncias químicas também pode contribuir para o surgimento dos sintomas.
Os riscos do transtorno bipolar
Ainda segundo a psicóloga, os indivíduos com transtorno bipolar podem causar ou se colocar em risco em algumas situações. Por exemplo, nos episódios de mania, já que envolve sintoma de agressividade, falta de senso crítico e sanidade mental. Isto ocorre porque nesses episódios o paciente está em crise psicótica ocasionando o estágio fantasioso e fora da realidade social.
Além disso, no estágio de mania, o indivíduo pode ter atitudes muito impulsivas, como fazer compras de maneira inconsequente, fala acelerada e forte preocupação com determinados assuntos, além de comportamento sexual também impulsivo, chegando a ser intransigente em alguns momentos. Há também prejuízos sociais, pois o paciente pode se expor de forma muito negativa diante de outras pessoas.
Cuidados com a saúde
Diferentemente da depressão, o transtorno bipolar é difícil de diagnosticar, já que muitos comportamentos característicos da condição ficam encobertos ou não são percebidos.
Nesse sentido, aponta a Dra. Alexandrina, quem tem transtorno bipolar deve ter um cuidado ainda maior com a saúde. “Um quadro de depressão ou de excitação, euforia, pode ser início de hipertireoidismo, por exemplo. A pessoa também precisa dormir bem, porque problemas relacionados ao sono podem desencadear o transtorno, além de predispor a entrada da fase de depressão ou de euforia”, explica.
Então, o ideal é reduzir ou eliminar o consumo de bebidas alcoólicas e drogas, já que tais substâncias também podem desencadear quadros de euforia ou depressão. Além disso, embora seja uma doença sem cura, existe tratamento. “É indicado acompanhamento médico e psicológico. É importante destacar, que o paciente pode ter uma vida funcional, desde que realize o tratamento de forma correta. Cabe ressaltar, que o indivíduo não é o diagnóstico e sim possui a condição”, completa a psicóloga Mônica Machado.
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Cuidados com o lazer
Quando alguém está numa fase depressiva, o lazer acaba ficando de escanteio. No entanto, são momentos fundamentais e que ajudam no tratamento e controle do transtorno bipolar. A dica da psiquiatria é incluir a prática de exercícios na rotina.
“A atividade física melhora o estado de humor e ânimo, fazendo com que a pessoa venha melhorar. Mas qual atividade escolher? Aquela que dê prazer. Além disso, a socialização também é muito importante que ela não fique reclusa e sozinha, favorecendo a melhora da doença”, afirma a Dra. Alexandrina.
Por fim, a família e amigos também têm papel fundamental. “O ideal é que, sabendo que a pessoa não está bem, que está passando por uma fase depressiva, convidá-la e estimulá-la a sair”, alerta a médica.
Fontes: Dra Alexandrina Meleiros – Médica Psiquiatra e do time da Abrata (Associação Brasileira de Familiares, Amigos e Portadores de Transtornos Afetivos) e Mônica Machado, psicóloga e fundadora da Clínica Ame.C, pós-graduada em Psicanálise e Saúde Mental pelo Instituto de Ensino e Pesquisa do Hospital Albert Einstein.