Riscos dos anabolizantes: fisiculturista morre por aneurisma
Na última sexta-feira (30), o mundo do fisiculturismo sofreu uma perda. O atleta alemão Joe Lindner, de apenas 30 anos, morreu devido a um aneurisma. Com mais de 9 milhões de seguidores no Instagram, Lindner admitiu a dependência dos anabolizantes para conquistar sua forma física. Em um post no Instagram, a namorada do fisiculturista desabafou sobre o ocorrido e contou que Lindner sentiu fortes dores no pescoço por três dias antes de falecer.
Infelizmente, o jovem atleta não é a primeira vítima do quadro, que pode ser fatal e motivado pelo uso de anabolizantes. A seguir, saiba mais.
Veja também: Energético faz mal? Os riscos da bebida ao organismo
O que é o aneurisma?
É uma dilatação que forma uma espécie de bolsa de tecido no interior de artérias, veias e vasos sanguíneos. A alteração pode acontecer em diversas partes do organismo, mas as mais comuns são na aorta, artéria do coração, e no cérebro, chamada acidente vascular cerebral (AVC). De acordo com o Ministério da Saúde, ambos são potencialmente mortais.
Contudo, o aneurisma só se torna um problema grave quando a bolsa se rompe. Isso acontece em casos de hipertensão, quando a circulação sanguínea aumenta e gera uma pressão maior sobre o tecido inchado.
Como resultado, a via se rompe e provoca hemorragia interna, que pode ser leve ou intensa. Em ambos os casos, requer atendimento médico para prevenir sequelas e o desfecho da morte. Os sinais do quadro dependem da localização do aneurisma, e geralmente são inespecíficos. Por exemplo, Lindner sentiu dores no pescoço com a ruptura.
Quais são os riscos dos anabolizantes e a relação com o aneurisma?
Embora seja atraente para quem trabalha com algumas categorias do fisiculturismo ou busca um físico mais desenvolvido, é fato que as substâncias causam efeitos colaterais.
Alguns são menos graves, como queda de cabelos, engrossamento da voz entre as mulheres e alterações na pele, com aumento da tendência à acne.
No entanto, os mais severos influenciam tumores no pâncreas, no fígado e falência ou insuficiência renal. Por fim, outro dano é do sistema cardiovascular, que pode sofrer arritmias cardíacas, infartos e hipertensão.
Embora não existam detalhes sobre o histórico do jovem alemão, algumas doenças crônicas podem favorecer o surgimento de um aneurisma, sobretudo se estiver associado a outro fatores de risco, como os anabolizantes.
Mas, ao contrário do que se pensa, as substâncias não são responsáveis diretas pelo surgimento do aneurisma, de acordo com Feres Chaddad, neurocirurgião, professor e chefe de Neurocirurgia da UNIFESP e da BP – A Beneficência Portuguesa de São Paulo. “O uso de hormônios está relacionado ao aumento da pressão arterial. Quando isso acontece, o aumento do fluxo sanguíneo pode, sim, romper o aneurisma”, explica.
Além disso, o especialista chama a atenção para um fator de risco para pacientes com aneurisma e praticam fisiculturismo. “Em atividades de esforço, se o atleta carrega muito peso, alguns movimento causam a hiperextensão do pescoço. Como resultado, pode ocorrer um quadro chamado dissecção das artérias do pescoço. Ou seja, uma lesão na parede da artéria, que promove a entrada do sangue entre as camadas arteriais. Isso pode causar o fechamento da artéria, que resulta em um pseudoaneurisma ou AVC”, detalha Chaddad.
Na opinião do médico, esta pode ter sido a razão da morte do fisiculturista, associada aos anabolizantes.
Veja a explicação completa do expert:
Ver essa foto no Instagram
Anabolizantes são proibidos no Brasil
Em abril deste ano, o Brasil proibiu a prescrição médica de anabolizantes e esteroides para fins estéticos e desempenho esportivo. A prática sempre foi alvo de muitas punições no mundo do esporte, como o atletismo e o triathlon. Em algumas categorias do fisiculturismo, as terapias hormonais eram permitidas e até recomendadas para atingir o volume muscular exigido.
Agora, o Conselho Federal de Medicina só autoriza médicos a administrarem as substâncias em certos tratamentos de doenças e condições.
Referências: Ministério da Saúde; Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia; e Conselho Federal de Medicina.