Relação com dinheiro afeta saúde e também deve ser tema de terapia

Bem-estar Equilíbrio
24 de Março, 2023
Relação com dinheiro afeta saúde e também deve ser tema de terapia

Objeto de desejo, símbolo de poder e liberdade, motivo de tantos conflitos. Se o dinheiro realmente traz felicidade, deixo para os pesquisadores e filósofos responderem. Mas a verdade é que já passou da hora de olharmos para a nossa relação com o dinheiro. Enquanto ignorarmos essa necessidade, vamos continuar nos endividando, sendo dependentes econômicos, vivendo com medo de olhar as faturas ou até poupando excessivamente…
E essa organização financeira pode – e arrisco dizer que deve – começar na terapia.

“Nossa relação com dinheiro é tema de terapia”

Em alguns casos, o problema com as finanças se resume exclusivamente a uma falta de letramento e organização. Nesse cenário, somente a educação financeira dá conta de resolver a questão. Mas na maioria das vezes não. 

A dificuldade para lidar com o dinheiro de forma saudável geralmente está bastante atrelada às nossas emoções, sentimentos e visão de mundo. Justamente por isso, Adriana Rodrigues, psicóloga e idealizadora do Instituto Psicologia e Dinheiro, defende que a relação com o dinheiro deve ser levada para a terapia.

“Eu sempre digo: ‘o dinheiro não é a coisa mais importante, mas se eu não tiver a minha vida financeira organizada, ele passa a ser o mais importante, porque toma toda a minha atenção e compromete todas as outras áreas da minha vida’”, diz.

Sua relação com dinheiro está adoecida?

Imagine sua relação com dinheiro como um casamento – e esse é para a vida toda… Não tem como pedir o divórcio, assinar os papéis e nunca mais olhar para a cara do sujeito. O dinheiro vai nos acompanhar até o fim. 

Só que essa relação anda trazendo mais dor de cabeça e medo do que qualquer boa sensação. Dados da BlackRock e do Serviço de Proteção ao Crédito – SPC mostram que a principal causa de estresse dos brasileiros é o dinheiro ou a falta dele.

Além disso, uma pesquisa de 2020 do Instituto Locomotiva revelou que 46% dos brasileiros sentiam, de forma frequente, ansiedade em relação às finanças.

Leia mais: Bem-estar financeiro: entenda a importância para a saúde mental

Mas como você vem lidando com ele?

O dinheiro não é vilão, nem mocinho. Ele é o que é. Como usamos ele e o que fazemos dele é o que realmente importa. O endividamento, por exemplo, lidera a lista de problemas financeiros. Em 2022, alcançamos um recorde: 77,9% das famílias brasileiras se declararam endividadas na Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic).

Mas Adriana lembra que existem muitas outras angústias econômicas para além das dívidas. Seus pacientes se dividem entre aqueles que dependem financeiramente de alguém, os que bancam terceiros, aqueles que compram compulsivamente ou de forma impulsiva, aqueles que poupam excessivamente, os que têm fobia financeira ou até mesmo aqueles que têm dinheiro mas não conseguem gastá-lo de maneira prazerosa.

E independente do perfil do paciente, todos eles compartilham a mesma dificuldade: lidar com o dinheiro de forma saudável e funcional. Esse desequilíbrio acaba por afetar diversas camadas do existir, trazendo consequências financeiras, relacionais, legais e jurídicas, e impactando até na saúde física e mental.

A psicóloga explica que as queixas vão desde dores no corpo, como gastrite, enxaqueca e febre até dores ‘emocionais’, como aumento da ansiedade, estresse e, principalmente, insônia.

E fora do âmbito da saúde, temos um afastamento de amigos, maior número de conflitos conjugais, vínculos de dependência, nome negativado e, em alguns casos mais complexos, até perda de bens.

Como organizar sua vida financeira

Talvez o primeiro passo seja começar uma terapia. 

Montar planilhas, fazer cálculos e planejar é fundamental, mas olhar para as emoções e entender qual é o significado do dinheiro para você, investigar e questionar o jeito que lida com ele e rever as próprias crenças e padrões é igualmente importante. E é justamente nessa segunda parte que o trabalho de psicólogos como Adriana entra.

“É um espaço de escuta, livre de julgamentos, em que o problema financeiro é a porta de entrada para a gente acessar outras questões. Buscamos identificar as dificuldades que o cliente tem e, assim, traçar um plano de tratamento que se adeque ao seu perfil”.

Dinheiro não traz felicidade?

A discussão se o dinheiro traz ou não felicidade é antiga. Mas ao olhar para os fatos, temos algumas respostas.

Um estudo feito pelo pesquisador Matthew A. Killingsworth da The Wharton School, da Universidade da Pensilvania, sugere que quanto mais dinheiro uma pessoa tem, mais chances terá de ser feliz. 

Nessa mesma linha, Chrystina Barros, certificada em felicidade pela Universidade de Berkeley nos Estados Unidos e incentivadora de uma nova linha de estudo que será lançada sobre felicidade da UFRJ, defende que o dinheiro isoladamente não traz felicidade, mas ele é o propulsor que nos dá as condições básicas para alcançarmos este estado de espírito. “Sem dinheiro não dá para ser feliz”, conclui.

Aqui, ela se refere à moradia, segurança, alimentação, lazer, educação, mobilidade, etc. Mas também não podemos esquecer da liberdade. Tanto de escolher o que fazer, quando e como – quanto de ser livre. Hoje, o segundo maior motivo que impede mulheres violentadas de denunciarem seus companheiros é a dependência financeira. Só perde para o medo que sentem desses homens.

Por uma relação mais saudável

Seja do time que acredita que dinheiro traz felicidade ou não, é preciso admitir que as finanças influenciam no bem-estar físico, mental, emocional e espiritual. A boa notícia é que é possível encontrar um jeito de fazer esse casamento não só durar (porque isso a gente já sabe que vai mesmo), mas prosperar e trazer bons frutos.

“O importante é estar conectado com a sua vida financeira de uma forma mais serena. Vai ter um pouquinho de ansiedade, é normal que tenha, não é um processo linear. Mas, de forma geral, em uma relação saudável com o dinheiro você consegue realizar uma boa gestão das finanças e faz com que essa parte da sua vida esteja coerente com os próprios valores”, finaliza.

Fonte: Adriana Rodrigues, graduada em psicologia e ciência contábeis, idealizadora do Instituto Psicologia e Dinheiro

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