Radioterapia contra tumores pode preservar tecido saudável dos órgãos. Entenda

Saúde
31 de Outubro, 2022
Radioterapia contra tumores pode preservar tecido saudável dos órgãos. Entenda

Cientistas de Israel desenvolveram um novo tipo de radioterapia que promete apresentar resultados promissores na eliminação de tumores e também na preservação de células saudáveis. Diferente das convencionais, essa radioterapia contra tumores consegue manter o tecido saudável do órgão e região afetados. 

A técnica, que se chama DaRT (Diffusing lpha emitters Radiation Therapy), é feita por um laser focado na eliminação das células cancerígenas. Dessa forma, preserva os tecidos saudáveis que estão ao redor do tumor. Por enquanto, o tratamento está disponível apenas para grupos de estudos, mas em breve poderá ajudar na reemissão do câncer de boca, língua, pâncreas e mama. 

O estudo foi feito pelo Centro Médico Hadassah, em Jerusalém, Israel. Os pesquisadores agora buscam por parcerias em diversos países.

“Gostaríamos de ter a pesquisa instituída também em algum hospital brasileiro, já que o país possui uma grande diversidade étnica e altas taxas de câncer”, afirmou Aron Popovtzer, professor e responsável pelo estudo. Desde 2018, os primeiros resultados publicados estão disponíveis no International Journal of Radiation Oncolody. No entanto, outros estudos seguem sendo realizados. 

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Como funcionou o estudo da nova radioterapia contra tumores?

O estudo contou com 13 participantes que convivem com câncer de pele, cabeça ou pescoço, todos resistentes à radiação. Após o uso da nova radioterapia, que durou cerca de cinco meses, todos os tumores responderam ao tratamento. Ou seja, nove tumores tiveram resposta completa, três com resposta parcial e apenas um tumor não foi destruído com sucesso e ficou em observação. Além disso, nenhuma toxidade importante foi percebida.

À BBC Brasil, o professor Popovtzer contou mais sobre o estudo. Segundo ele, enquanto as radioterapias comuns têm radiação beta ou gama, executadas com fótons, elétrons ou prótons. As radiações padrões viajam por distâncias consideradas longas, ou seja, de vários centímetros. Assim, podem ser irradiadas de fora do corpo para o meio dele. 

Por outro lado, a DaRT emite partículas alfa, isto é, viaja alguns milímetros, mas é eficaz em atacar diretamente o tumor. “Essa radioterapia tem o poder de ‘matar’ ambas as fitas de DNA e portanto, as células não conseguem se regenerar. É uma terapia nova porque ao longo dos anos, apesar de sabermos que as partículas alfa têm características específicas que a tornam muito eficaz para a radiação, simplesmente não sabíamos como usá-la.”

“Mas entre os problemas da radiação padrão está o fato de serem dependentes do oxigênio, criando radicais livres que destroem, muitas vezes, apenas uma das fitas de DNA da célula cancerosa, e infelizmente, isso significa que a outra pode se reparar e, portanto, não necessariamente matará todo o tumor”, afirma o cientista. 

Resultados

“Nossos estudos iniciais foram feitos em camundongos e mostraram que a DaRT tinha um poder maior de destruição de tumores quando comparada a radiação padrão. E isso nos levou ao nosso primeiro estudo e seres humanos, a publicação de 2018 no International Journal of Radiation Oncology”, diz Popovtzer. 

Portanto, desde então, outras três publicações clínicas foram feitas. Elas descrevem bons resultados em erradicar os tumores e proteger os tecidos saudáveis. Além disso, o professor explica que, para usar essa tecnologia, é necessário colocar “sementes” intersticiais (dentro da pele) no corpo, que é feita com anestesia local. 

“A vantagem, em relação à braquiterapia [radioterapia interna usada em alguma parte específica do corpo] , é que as sementes são muito finas e, portanto, é muito fácil fazer isso. E a DaRT tem uma tendência especial de entrar apenas em áreas com ele passa por vasos sanguíneos deficientes, uma característica presente nos tumores”, contou o professor à BBC. 

Por fim, o professor conta que por enquanto, os pacientes beneficiados são apenas os que fazem parte do estudo. Agora, se busca a aprovação do FDA (Food and Drug Administration, agência reguladora de saúde dos Estados Unidos) para dar início aos próximos passos e ampliar o acesso ao novo tipo de tratamento.

Referência: BBC Brasil.

Sobre o autor

Gabriela Ferreira
Jornalista e Repórter da Vitat.

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