Poucas horas de sono podem aumentar a gordura visceral
Dormir bem é um dos maiores atos de autocuidado que podemos fazer por nós mesmos. Subestimado em uma era de produtividade e sobrecarga, o descanso adequado traz inúmeros benefícios à saúde. No entanto, poucas horas de sono podem, literalmente, nos engordar.
É o que sugere um novo estudo americano, que observou que dormir menos de oito horas por noite eleva o risco de acumular a gordura visceral. Ou seja, aquele tipo de gordura que se entranha na cavidade abdominal e aumenta a chance de doenças cardiovasculares.
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Por que poucas horas de sono favorecem a gordura visceral?
Os cientistas americanos analisaram dados da Pesquisa Nacional de Saúde e Nutrição dos Estados Unidos. Ao todo, mais de 5 mil participantes de 18 a 59 anos responderam sobre a qualidade do sono, quantas horas dormiam e outras perguntas sobre o tema. Além disso, estes voluntários realizaram exames de raio-X para avaliar a porcentagem de gordura corporal.
Como resultado, a média de descanso dos indivíduos foi abaixo de sete horas — o que foge da recomendação mínima de sete a oito horas de descanso.
Mesmo um pouco abaixo do ideal, o déficit a longo prazo se mostrou relevante para o ganho de gordura visceral. Durante quatro anos de monitoramento, a privação de sono ocasionou em 12 gramas a mais da gordura no organismo.
Parece pouco, mas qualquer quantidade de tecido adiposo representa um risco para doenças do coração e metabólicas, como a obesidade, resistência à insulina e colesterol alto, por exemplo.
Na prática, dormir pouco desregula a atividade cerebral de diversas maneiras. Dessa forma, ficamos com os mecanismos de recompensa, sono e apetite alterados — sem falar no impacto da produção hormonal.
Em síntese, sem o descanso adequado, o metabolismo sofre para se manter em equilíbrio. Poucas horas de sono fazem com que o corpo compense com mais energia para fazer atividades do dia a dia. Logo, sentimos mais fome e vontade de atacar alimentos ricos em carboidratos, pois são fontes de combustível rápido (falaremos mais sobre isso no próximo tópico).
Além disso, outros estudos mostram que poucas horas de sono afetam nosso humor, com mais chances de se desenvolver distúrbios emocionais, como a ansiedade e a depressão. Logo, o antídoto para muitos males é, simplesmente, apostar em dormir bem.
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Boa qualidade do sono pode ajudar na perda de peso
Se o contrário resulta no ganho, o sono de qualidade é capaz de estimular o emagrecimento. Pesquisadores da Universidade de Pittsburgh, nos Estados Unidos, descobriram que aqueles que mantinham uma noite regular e ininterrupta conseguiam se adaptar melhor a dietas e planos de exercícios físicos.
O artigo foi apresentado em um congresso da American Heart Foundation, em março de 2023. Para Caio Signoretti, personal trainer especialista em emagrecimento, o sono reparador é capaz de manter as taxas hormonais sob controle, fazendo com que as pessoas atinjam seus objetivos com maior facilidade.
De acordo com Signoretti, o emagrecimento está baseado em três pilares, que são a alimentação, a prática de atividade física e o sono. Isso porque o sono está relacionado com o equilíbrio hormonal, que tem grande papel no emagrecimento.
“A privação de sono eleva os níveis de cortisol no organismo. E esse aumento pode prejudicar a produção de hormônios como a testosterona, que prejudica o emagrecimento e o ganho de massa muscular”, explica o profissional.
Outro hormônio afetado pelas poucas horas de sono, segundo Caio, é a grelina, responsável pelo apetite. A produção descompensada pode gerar um apetite além do normal, levando a pessoa a comer mais e, ao final do dia, ter ingerido mais calorias do que o que foi gasto.
Caio finaliza orientando que os indivíduos que desejam regular o sono para acelerar o emagrecimento devem criar uma rotina todos os dias a noite. “É ideal que a última refeição do dia aconteça, pelo menos, duas horas antes do descanso. Também é bom evitar a exposição a luzes muito brancas, e adotar atividades para desacelerar o cérebro, como a ler um livro ou meditar”, diz.