Por quanto tempo tomar melatonina? Especialista responde
A melatonina é um hormônio produzido naturalmente pelo corpo humano e que tem papéis importantes na indução e na regulação do sono. Contudo, não devemos suplementá-lo por conta própria (sem a indicação médica), já que pode trazer efeitos colaterais nada agradáveis. Entenda melhor:
Afinal, o que é a melatonina?
De acordo com a Dra Márcia Assis, neurologista, especialista em neurofisiologia e vice-presidente da Associação Brasileira do Sono (ABS), a melatonina é um neuro-hormônio produzido naturalmente pelo nosso organismo – mais especificamente pela glândula pineal do cérebro. “Ela desempenha um papel fundamental na regulação do ciclo sono-vigília, ou seja, no controle do ritmo circadiano do corpo. Ajuda a induzir o sono e a regular o padrão de sono”, explica.
Ainda segundo a médica, a fabricação de melatonina é influenciada negativamente pela exposição à luz (ou seja, ela é sintetizada em maior quantidade à noite, quando há a ausência de luz).
Mas é claro que as vantagens não param por aí. A substância também tem ação antioxidante, o que ajudaria a fortalecer o sistema imunológico – benefícios que estão sendo muito estudados atualmente.
“Apesar de suas propriedades tão variadas, não significa que devemos utilizar a melatonina por conta própria, ou até mesmo para tratar uma queixa relacionada ao sono”, alerta a Dra. “Qualquer suplementação alimentar ou uso de fármacos devem ser orientados por um profissional da área médica. Até mesmo a melatonina não está livre de efeitos indesejáveis e de interação com algum medicamento de uso habitual.”
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Então, quando tomar melatonina?
A resposta para essa pergunta é simples: apenas quando você tiver indicação, prescrição e orientação médicas para tal. “A melatonina é um cronobiótico, e como foi dito, é fundamental na regulação do ciclo vigília-sono e no auxílio ao início do sono. No entanto, a melatonina não pode ser considerada um hipnótico, um indutor do sono ou um suplemento para tratar a insônia”, ressalta a médica.
Ela explica que isso acontece porque não ainda não existem evidências científicas consistentes que recomendam o uso do hormônio para o tratamento da insônia. Na verdade, a melatonina tem indicações para tratar distúrbios relacionados ao sono mais específicos, como:
- Jet lag;
- Problemas relacionados ao sono em doenças neurológicas;
- Distúrbio do sono que causa um atraso nas fases do sono.
“Existem também algumas evidências do uso da melatonina em idosos com dificuldade de iniciar e manter o sono. E a ciência também mostra que a melatonina pode auxiliar em insônia em crianças com doenças neurológicas como o autismo. Porém, a decisão desse tratamento deve ser bem avaliada por um especialista, levando em conta doenças pré-existentes e utilização de outros medicamentos”, diz a Dra Márcia Assis.
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Por quanto tempo tomar melatonina?
Já a resposta para essa pergunta é bem mais complexa. Isso porque tanto a dosagem quanto a duração do tratamento com a melatonina variam de acordo com as necessidades individuais de cada pessoa.
“A melatonina é geralmente segura para a maioria das pessoas quando usada a curto prazo. No entanto, como qualquer substância, o uso de melatonina pode estar associado a alguns efeitos colaterais, especialmente quando utilizada em doses elevadas ou por longos períodos”, alerta a especialista.
De acordo com a médica, os possíveis eventos adversos podem incluir:
- Sonolência diurna: a melatonina pode causar sonolência excessiva durante o dia, especialmente se a dose for muito alta ou se o o uso ocorrer em horários inadequados;
- Tonturas e náuseas: algumas pessoas podem experimentar tonturas, vertigens ou náuseas;
- Mudanças de humor: em alguns casos, a melatonina pode causar alterações no humor, como irritabilidade e ansiedade;
- Distúrbios gastrointestinais: alguns indivíduos apresentam sintomas gastrointestinais, como dores de estômago, diarreia ou prisão de ventre;
- Interações medicamentosas: a melatonina pode interagir com medicamentos como anticoagulantes, medicamentos para pressão arterial e antidepressivos, potencialmente afetando a eficácia dos fármacos.
“Como dito, a melatonina não deve ser utilizada sem orientação e acompanhamento médicos. É importante consultar um profissional de saúde antes de iniciar o uso de suplementos de melatonina, especialmente se você tiver condições de saúde pré-existentes ou estiver tomando outros medicamentos. Um médico poderá orientá-lo sobre a dosagem adequada, os horários de administração e os potenciais riscos e benefícios do uso de melatonina.”
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Fonte: Dra Márcia Assis, neurologista, especialista em neurofisiologia e vice-presidente da Associação Brasileira do Sono (ABS).