Pessoas noturnas: maus hábitos favorecem o surgimento de diabetes
Pessoas noturnas, também chamadas de notívagas, correm um risco maior de desenvolver diabetes tipo 2, bem como uma série de hábitos de vida pouco saudáveis. Os dados são de um estudo publicado na revista Annals of Internal Medicine, que acompanhou quase 64 mil enfermeiras que participaram do Nurses’ Health Study II. Trata-se de uma das maiores investigações sobre os fatores de risco para as principais doenças crônicas em mulheres.
“Quando analisamos a relação entre o cronotipo e o diabetes, descobrimos que os notívagos tinham um risco 72% maior de desenvolver diabetes ao longo dos oito anos do nosso estudo”, disse a autora principal Sina Kianersi, pesquisadora de pós-doutorado no Brigham and Women’s Hospital e na Escola de Medicina Harvard, em Boston.
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Detalhes sobre o estudo feito com pessoas noturnas
O estudo coletou dados das participantes de 2009 a 2017. Primeiramente, eles analisaram o cronotipo autorreferido, isto é, a preferência de horários para dormir, acordar, praticar atividades físicas, estudar e trabalhar. Além disso, os pesquisadores também analisaram a qualidade da dieta, peso e IMC, horário de sono, comportamento de fumar, uso de álcool, atividade física e histórico familiar de diabetes. Então, os dados foram correlacionados com registros médicos para determinar quem desenvolveu diabetes.
Então, os pesquisadores encontraram uma associação significativa entre o desenvolvimento de diabetes em pessoas noturnas que trabalhavam durante o dia. No entanto, eles não encontraram uma associação para notívagos que iam trabalhar mais tarde ou trabalhavam em turnos noturnos.
“Uma parte significativa do risco de desenvolver diabetes se deve ao estilo de vida. No entanto, como o cronotipo é moldado tanto pela nossa genética como pelo ambiente, sabemos que os notívagos podem reduzir o risco mantendo um estilo de vida saudável”, disse a autora do estudo da Universidade de Harvard.
Outros estudos também investigaram os hábitos de pessoas noturnas
O estudo não é o primeiro a encontrar uma ligação entre um cronotipo de sono tardio e comportamentos pouco saudáveis que podem levar a doenças. De acordo com outra pesquisa recente, pessoas noturnas têm maior probabilidade de morrer cedo, principalmente devido aos maus hábitos que desenvolveram ao ficarem acordados até tarde, como beber e fumar.
Além disso, um estudo de 2022 indicou que os notívagos eram mais sedentários, tinham níveis de aptidão aeróbica mais baixos e queimavam menos gordura em repouso e enquanto estavam ativos do que os madrugadores. Segundo o estudo, as pessoas noturnas também estão mais propensas a serem resistentes à insulina, um precursor do diabetes. Os notívagos têm níveis mais elevados de gordura corporal visceral na região abdominal, um fator de risco importante para diabetes tipo 2 e doenças cardíacas.
Resultados do estudo
De acordo com os pesquisadores, existe uma forte ligação entre um estilo de sono “tarde para deitar e acordar” e alguns comportamentos pouco saudáveis. Como consequência, aumentam as chances de desenvolver doenças crônicas, como o diabetes tipo 2.
“Os notívagos em geral eram mais propensos a ter uma dieta pobre, a ser menos ativos fisicamente, a usar álcool em maiores quantidades, a ter um IMC (índice de massa corporal) pouco saudável, a fumar e a dormir menos ou mais do que as sete a nove horas recomendadas todas as noites”, disse Kianersi.
No entanto, quando os pesquisadores excluíram os hábitos pouco saudáveis dos dados, o risco de uma pessoa noturna desenvolver diabetes tipo 2 caiu para 19% em comparação com os madrugadores. Isto é, pessoas que gostam de se levantar e ir para a cama cedo.
No entanto, especialistas apontam que mesmo excluindo os fatores de estilo de vida, pessoas noturnas têm um ligeiro aumento do risco de diabetes. Isso porque pode haver alguma predisposição genética responsável tanto pela diabetes como pela preferência noturna. Dessa forma, pessoas que têm uma clara preferência noturna devem estar cientes desses riscos e buscar hábitos mais saudáveis.