‘Bebês Ozempic’: medicamento pode cortar o efeito do anticoncepcional? Médica explica

Saúde
29 de Abril, 2024
‘Bebês Ozempic’: medicamento pode cortar o efeito do anticoncepcional? Médica explica

Desde o seu lançamento, o Ozempic (ou semaglutida) — medicamento para tratar diabetes tipo 2 —, vem ganhando adeptos devido ao seu efeito na perda de peso. Apesar disso, algumas mulheres têm relatado serem surpreendidas com uma gravidez enquanto tomavam o medicamento, o que chamam de ‘Bebês Ozempic’. Detalhe, mesmo utilizando anticoncepcional. 

Nas redes sociais, não faltam relatos sobre o efeito do Ozempic na fertilidade. Um grupo no Facebook chamado “I got Pregnant on Ozempic” (Eu engravidei usando Ozempic”, tradução do inglês), reúne mais de 600 mulheres que relatam suas experiências não planejadas após o uso dos medicamentos. Saiba mais a seguir. 

‘Bebês Ozempic’: medicamento corta o efeito do anticoncepcional? 

Segundo a médica ginecologista e presidente da Associação Mulher, Ciência e Reprodução Humana do Brasil (AMCR), Dra. Marise Samama, nenhum estudo comprovou o impacto do medicamento na anticoncepção oral. Estudos apontam ainda que o Ozempic não interfere em outras medicações.

Já o Mounjaro (tirzepatida), segue uma dinâmica diferente. O medicamento é classificado pela FDA (agência governamental dos EUA responsável pelo controle de medicamentos) como um remédio para a perda de peso, diferente do Ozempic, que é classificado apenas para tratamento de diabetes.

Dessa forma, o fabricante do Mounjaro recomenda que as mulheres que usam métodos anticoncepcionais orais mudem para uma via não oral, devido ao risco de diminuição da absorção da pílula. O que diminuiria a proteção anticoncepcional.

O Ozempic pode aumentar a fertilidade?

A resposta mais simples para essa questão seria não, já que o medicamento é direcionado para tratar casos de diabetes tipo 2. Portanto, o Ozempic não tem atuação direta no aumento (ou declínio) da fertilidade. Porém, é importante considerar que a explicação para os ‘Bebês ozempic’ é um pouco mais complexa. Vamos entender melhor. 

A saúde feminina pode sofrer impacto de diversas condições de saúde que podem diminuir as chances de gravidez, enquanto o tratamento dessas condições pode, consequentemente, aumentar as chances de concepção natural

“Para mulheres que têm resistência à insulina, intolerância à glicose, diabetes, síndrome dos ovários policísticos, sobrepeso, obesidade e não ovulam, estas medicações vão promover a liberação de insulina e perda de peso”, diz a médica.

Deste modo, a otimização do equilíbrio do metabolismo promove também o desbloqueio dos hormônios que estimulam a ovulação: “Estas mulheres podem voltar a ovular e menstruar regularmente. Portanto, a perda de peso pode levar a melhora da fertilidade”, diz a médica. 

A obesidade, por exemplo, causa uma inflamação dos tecidos que compromete a fertilidade. Além disso, os hormônios podem ser metabolizados na gordura, inibindo o processo de ovulação. 

Além disso, outro ponto importante é que as mulheres com obesidade têm mais risco de aborto e de não implantar embriões em tratamentos de fertilização in vitro. Já no caso do homem, a obesidade pode afetar a qualidade e a capacidade de se mover dos espermatozoides, portanto levando à perda da fertilidade. “A perda de peso no homem também favorece a uma reprodução saudável”, complementa. 

Contracepção

A médica explica que, em caso de tratamento com medicamentos que podem diminuir a absorção de contraceptivos orais, outros métodos são recomendados:

“Similarmente ao que recomendamos para as pacientes que fizeram cirurgia bariátrica e podem ter problema de absorção dos medicamentos, podemos usar outras vias de administração”.

Alguns deles são os contraceptivos hormonais, como o anel vaginal que libera hormônio em contato com a mucosa vaginal. A via transdérmica é outra opção interessante, segundo a médica. “O adesivo na pele, trocado 1 vez por semana, também é uma opção. Porém, para mulheres acima de 90 Kg, pode ser menos eficaz”, diz a médica. 

Por fim, para quem quer uma contracepção de longa duração, também podem ser utilizados contraceptivos como implantes, DIU hormonal e não hormonal (cobre ou prata com cobre).

Veja também: Uso de Ozempic e anestesia: pacientes precisam de cuidados especiais

Fontes:

  • Dra. Marise Samama, ginecologista e presidente da Associação Mulher, Ciência e Reprodução Humana do Brasil (AMCR).
  • Dra. Denise Samama, endócrinologista.

Sobre o autor

Tayna Farias
Jornalista e repórter da Vitat. Especialista em gravidez e maternidade

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