Oncofertilidade: o que é e como ajuda quem quer ter filhos?
O avanço na tecnologia trouxe novas perspectivas para a medicina. Pacientes com câncer, por exemplo, tiveram aumento na expectativa de vida, além de mais qualidade. Com o surgimento da oncofertilidade, uma nova possibilidade surgiu: a de gerar um bebê. Mas afinal, como isso é possível? Confira a explicação dos especialistas no assunto.
“Saber que é possível constituir família após uma doença como o câncer ajuda, também, na autoestima, especialmente no caso de mulheres diagnosticadas com cânceres ginecológicos, como de mama ou ovários, em que a feminilidade é extremamente abalada. Essa possibilidade – e não garantia – ajuda a percorrer o tratamento de forma mais otimista”, afirma Ligia Dantas, psicóloga e especialista em reprodução humana.
O que é oncofertilidade?
A oncofertilidade é uma nova especialidade multidisciplinar que atua em um curto espaço de tempo – entre a descoberta do câncer e o início do tratamento – e busca preservar os gametas, ou seja, os óvulos e espermatozoides, em mulheres e homens em idade reprodutiva.
De acordo com o Dr. Alexandre Silva e Silva, médico especialista em cirurgia robótica, a preservação da fertilidade em pacientes com câncer é um tema muito importante, mas depende do tipo de câncer, estágio, entre outros fatores.
“De uma maneira geral, a fertilidade de pacientes diagnosticados com câncer, em casos muito selecionados, pode ser preservada. Se o câncer vem do aparelho reprodutor feminino (colo uterino, corpo uterino, ovários/peritônio), por exemplo, somente há a possibilidade de preservação de fertilidade em estágios iniciais, e após avaliação e discussão de critérios rigorosos”, afirma.
Ainda segundo o especialista, a oncofertilidade leva em conta, ainda, se o câncer não alterou os órgãos reprodutivos. “Alguns tipos de cânceres não acometem o aparelho reprodutor, mas o tratamento quimioterápico pode comprometer a função ovariana e testicular, bem como a fertilidade desses indivíduos”.
“O ganho da preservação da fertilidade nessas pessoas é um olhar pro futuro, um ganho psicológico, de saber que pode existir vida após a doença. A oncofertilidade não oferece garantia, mas sim uma possibilidade. É um ganho não somente para o paciente, mas para toda a família, ja que ter a fertilidade comprometida abala muitos relacionamentos”
Afinal, é possível ter um bebê após o diagnóstico de câncer?
Segundo o Dr. Alexandre, sim. “A coleta e congelamento de óvulos e sêmen mantém vivo o sonho de muitos pacientes diagnosticados e tratados de um câncer. Portanto, a coleta pré-tratamento quimioterápico é uma forma de também preservar a fertilidade nesse grupo de pacientes”, explica.
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O que fazer em casos em que a gestação não é indicada?
A oncofertilidade ainda é um tema polêmico. Dessa forma, é importante que o especialista saiba informar e orientar grupos de pacientes que não se enquadram nos critérios para preservação da fertilidade após o diagnóstico de câncer, mas que não abrem mão do desejo de gestar um bebê.
“Essa decisão por si só, pode atrasar ou impedir o tratamento, de forma a permitir a evolução e avanço da doença e comprometendo a sobrevida desses pacientes. Ao optar por abreviar a sua existência em busca desse desejo, o indivíduo ou o casal, devem considerar previamente as consequências de tal decisão”, completa o especialista.
Fonte: Ligia Dantas, psicóloga e especialista em reprodução humana; e Dr. Alexandre Silva e Silva, médico especialista em cirurgia robótica.