Obesidade em meninos pode prejudicar a puberdade, diz estudo

Saúde
10 de Maio, 2023
Obesidade em meninos pode prejudicar a puberdade, diz estudo

A obesidade é uma das principais preocupações da saúde pública mundial. De acordo com a World Obesity Federation, o Brasil terá, pelo menos, 30% da população adulta convivendo com a doença até 2030. O problema não é exclusivo para essa fase da vida: crianças e adolescentes também sofrerão cada vez mais com as consequências da enfermidade. Segundo o mesmo levantamento, meninos serão mais afetados pela obesidade do que as meninas.

Até 2035, a população de meninos com obesidade será de 10% a 20% maior. Por sua vez, a incidência entre as meninas será de 8% a 18%.

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Como a obesidade afeta o nosso organismo?

Antes de falarmos sobre o impacto da obesidade em meninos, que foi alvo de um estudo recente, vamos relembrar os motivos que tornam a doença tão perigosa.

Trata-se de uma enfermidade metabólica, cujo acúmulo de gordura provoca diversos processos inflamatórios no organismo. Por exemplo, alterações hormonais, resistência à insulina e hipertensão.

Como resultado, o corpo fica mais suscetível a uma série de complicações — diabetes, síndrome dos ovários policísticos nas mulheres, doenças cardiovasculares, entre outras. Sem falar que o excesso de peso impacta na saúde das articulações, causando dores e dificuldades de mobilidade.

Infelizmente, esses prejuízos estão cada vez mais precoces, devido ao estilo de vida da população em geral. Nos movimentamos menos, consumimos mais produtos industrializados e somos expostos a hábitos pouco saudáveis desde cedo. Além disso, diversos estudos apontam que o desenvolvimento da obesidade possui relação com a predisposição genética.

Logo, se existem membros da família com a condição, é bem provável que seus herdeiros carreguem a tendência ao quadro.

Obesidade em meninos e o atraso da puberdade

A infertilidade é outro efeito que acomete as pessoas com obesidade. Todavia, o quadro pode começar ainda na infância e na puberdade, de acordo com um estudo italiano publicado no European Journal of Endocrinology.

Os pesquisadores reuniram 268 crianças e adolescentes do gênero masculino, com idades entre 2 e 18 anos. Durante o experimento, os participantes passaram por uma avaliação completa: análise de IMC, do volume dos testículos, da glicemia e da insulina etc. Ao todo, 206 indivíduos apresentavam sobrepeso ou estavam em algum estágio da obesidade. O restante se enquadrou com peso normal.

Logo após os exames, os autores dividiram os voluntários em três grupos distintos: abaixo dos 9 anos; de 9 a 14 anos; e de 14 a 18 anos.

As crianças do grupo intermediário, de 9 a 14 anos, com obesidade ou com sobrepeso mostraram um testículo 1,5 menor em relação àqueles com peso dentro da normalidade. De todos os grupos, esse foi o que mostrou a redução mais significativa do testículo.

Por sua vez, o período pós-puberdade, dos 14 aos 16 anos, teve poucas alterações de tamanho. Exceto entre os jovens com resistência à insulina, cujo órgão se apresentou menor em comparação com o grupo de controle (com peso fora da linha do sobrepeso e da obesidade).

Na etapa seguinte do estudo, os pesquisadores observaram o desenvolvimento dos testículos sob uma métrica chamada classificação Tanner, que vai de 1 a 5. A escala avalia as características sexuais durante e após a puberdade.

Novamente, os indivíduos com 12 a 16 anos e com resistência à insulina não só tinham testículos menores, mas com o desenvolvimento dos traços masculinos mais atrasado. Menos pelos pubianos e pouca alteração na voz, por exemplo.

Como a condição pode afetar a infertilidade?

Embora a disparidade anatômica tenha chamado a atenção dos autores, não foi possível concluir que os resultados influenciem a infertilidade futura. No entanto, outras pesquisas já sugeriram que a obesidade em meninos e meninas pode, sim, atrapalhar o desejo de ter filhos naturalmente.

A Organização Mundial da Saúde (OMS) publicou um relatório em abril sobre o desafio mundial de aumentar a família. A infertilidade de homens e mulheres cresceu — 1 a cada 6 adultos está sofrendo com a condição. Ou seja, 17,5% da população mundial enfrenta desafios para ter filhos.

Em novembro de 2022, a Universidade de Oxford apontou uma queda importante da contagem de espermatozoides. Publicada na Human Reproduction Update, a revisão constatou que a média de espermatozoides por homem era de 100 milhões por mL em 1973. Em 2018, os homens apresentam menos da metade da contagem anterior — 49 milhões.

Para o ginecologista e obstetra Geraldo Caldeira, a razão para a queda dos espermatozoides é multifatorial. “Várias hipóteses estão em estudo: uso de hormônios, consumo de agrotóxicos, sedentarismo, obesidade e até mesmo a influência de ondas eletromagnéticas (de computadores, aparelhos eletrônicos e Wi-fi, por exemplo) são algumas possibilidades”, explica o médico.

As mesmas razões que afetam os homens também atormentam as mulheres. Afinal, todos os fatores citados pelo especialista e pelos estudos atrapalham o equilíbrio do metabolismo. Portanto, nosso estilo de vida pode ser um grande responsável pela infertilidade entre ambos os gêneros.

Assim, uma das alternativas para melhorar a saúde reprodutiva é mudar os hábitos controláveis. Ter uma vida mais ativa, uma alimentação com menos ultraprocessados e industrializados e evitar substâncias nocivas como o álcool e o cigarro.

 

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