Obesidade e coronavírus: entenda a relação de risco
A Covid-19 desafia os sistemas de saúde do mundo todo. E, de acordo com os últimos relatos e estudos, obesidade e coronavírus apresentam uma relação de risco. Assim, segundo ciência, pessoas que estão acima do peso podem desenvolver as formas mais graves da infecção.
A atual experiência europeia, por exemplo, parece indicar casos cada vez mais graves entre as faixas etárias mais jovens. Pessoas com obesidade em todo o mundo já estão em alto risco de complicações graves da pandemia em virtude do aumento do risco de doenças crônicas que a obesidade gera.
Uma pesquisa no Reino Unido confirma essa associação. A informação foi publicada no jornal The Telegraph e faz parte de um estudo do Centro Nacional de Pesquisa e Auditoria em Terapia Intensiva.
De acordo com o estudo, sete a cada 10 pacientes internados por causa do coronavírus em unidades de terapia intensiva (UTI) no Reino Unido tinham obesidade ou sobrepeso. Contudo, a pesquisa não encontrou dados sobre diabetes nestes pacientes – um quadro de saúde que já é associado às formas mais graves da doença.
Obesidade e coronavírus: Como funciona na prática
A obesidade é uma doença complexa, que faz parte das doenças crônicas não transmissíveis (DCNT). De um modo geral, podemos dizer que ela é caracterizada por um acúmulo excessivo de gordura corporal. Tal acúmulo pode levar a outras enfermidades como doenças cardiovasculares, dislipidemia, diabetes tipo 2, síndrome metabólica e alguns tipos de câncer.
Obesidade pode ser classificada pela distribuição da gordura corporal e por graus, de acordo com o Índice de massa corporal (IMC), que é calculado dividindo-se o peso (em kg) pelo quadrado da altura (em metros).
Portanto, o resultado revela se o peso está dentro da faixa ideal, abaixo ou acima do desejado – revelando sobrepeso ou obesidade.
Classificação do IMC:
- Menor que 18,5 – Abaixo do peso
- Entre 18,5 e 24,9 – Peso normal
- Entre 25 e 29,9 – Sobrepeso (acima do peso desejado)
- Igual ou acima de 30 – Obesidade.
“Quando falamos em obesidade, não estamos falando apenas de estética. Estamos falando de saúde”, explica a nutricionista Vanessa Losano, de São Paulo. “É uma doença real, e que atinge uma parcela muito grande da população mundial. Assim, ela altera nosso organismo e seu funcionamento, e podemos ficar mais suscetíveis a inflamações. Com isso, ficamos mais propensos a adoecer, seja por fatores internos ou externos, como o caso de vírus como o Covid-19, bactérias e fungos”, esclarece.
- Segundo a especialista, a obesidade traz com ela diversos problemas, como:
- Aumenta a sobrecarga em nossas articulações;
- Reduz a mobilidade;
- Aumenta o peso em cima dos pulmões, o que por sua vez prejudica a respiração;
- Altera as funções hormonais, o que traz junto vários outros problemas, como aumento na liberação de insulina, podendo ocasionar em diabetes, redução na produção de alguns hormônios, aumento na produção de outros;
- Problemas de circulação (que podem levar ao aumento da pressão);
- Doenças cardíacas;
- Queda na imunidade.
Obesidade no Brasil e no mundo
Em recente publicação do site da Organizações Unidas, o chefe da ONU para a Alimentação e a Agricultura (FAO), José Graziano da Silva, alertou para o que descreveu como uma “globalização da obesidade”. Atualmente, mais de 2 bilhões de pessoas no mundo estão acima do peso. Mais de 670 milhões delas são obesas.
No Brasil, segundo dados de 2017 do Ministério da Saúde, 17,8% da população brasileira era obesa no ano de 2010; em 2014, o índice subiu para os 20%, sendo a maior prevalência entre as mulheres (22,7%).
“É fato que nem todas as pessoas obesas tem alguma comorbidade atrelada. Mas, é por conta de todas essas alterações que ela pode provocar que pessoas obesas estão no grupo de risco para o coronavírus”, relata Vanessa.
“Por isso, não só pensando na relação de obesidade e coronavírus, é essencial que cuidar melhor da nossa alimentação no geral. Nada de dietas radicais. Porém, mudar a qualidade do que comemos, a fim de dar ao nosso organismo o combustível correto para se manter saudável”, finaliza.
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