Obesidade e coronavírus: entenda a relação de risco

Saúde
02 de Abril, 2020
Obesidade e coronavírus: entenda a relação de risco

A Covid-19 desafia os sistemas de saúde do mundo todo. E, de acordo com os últimos relatos e estudos, obesidade e coronavírus apresentam uma relação de risco. Assim, segundo ciência, pessoas que estão acima do peso podem desenvolver as formas mais graves da infecção. 

A atual experiência europeia, por exemplo, parece indicar casos cada vez mais graves entre as faixas etárias mais jovens. Pessoas com obesidade em todo o mundo já estão em alto risco de complicações graves da pandemia em virtude do aumento do risco de doenças crônicas que a obesidade gera.

Uma pesquisa no Reino Unido confirma essa associação. A informação foi publicada no jornal The Telegraph e faz parte de um estudo do Centro Nacional de Pesquisa e Auditoria em Terapia Intensiva. 

De acordo com o estudo, sete a cada 10 pacientes internados por causa do coronavírus em unidades de terapia intensiva (UTI) no Reino Unido tinham obesidade ou sobrepeso. Contudo, a pesquisa não encontrou dados sobre diabetes nestes pacientes – um quadro de saúde que já é associado às formas mais graves da doença.

Obesidade e coronavírus: Como funciona na prática 

A obesidade é uma doença complexa, que faz parte das doenças crônicas não transmissíveis (DCNT). De um modo geral, podemos dizer que ela é caracterizada por um acúmulo excessivo de gordura corporal. Tal acúmulo pode levar a outras enfermidades como doenças cardiovasculares, dislipidemia, diabetes tipo 2, síndrome metabólica e alguns tipos de câncer. 

Obesidade pode ser classificada pela distribuição da gordura corporal e por graus, de acordo com o Índice de massa corporal (IMC), que é calculado dividindo-se o peso (em kg) pelo quadrado da altura (em metros).

Portanto, o resultado revela se o peso está dentro da faixa ideal, abaixo ou acima do desejado – revelando sobrepeso ou obesidade.

Classificação do IMC:

  • Menor que 18,5 – Abaixo do peso
  • Entre 18,5 e 24,9 – Peso normal
  • Entre 25 e 29,9 – Sobrepeso (acima do peso desejado)
  • Igual ou acima de 30 – Obesidade.

“Quando falamos em obesidade, não estamos falando apenas de estética. Estamos falando de saúde”, explica a nutricionista Vanessa Losano, de São Paulo. “É uma doença real, e que atinge uma parcela muito grande da população mundial. Assim, ela altera nosso organismo e seu funcionamento, e podemos ficar mais suscetíveis a inflamações. Com isso, ficamos mais propensos a adoecer, seja por fatores internos ou externos, como o caso de vírus como o Covid-19, bactérias e fungos”, esclarece.

  • Segundo a especialista, a obesidade traz com ela diversos problemas, como: 
  • Aumenta a sobrecarga em nossas articulações;
  • Reduz a mobilidade;
  • Aumenta o peso em cima dos pulmões, o que por sua vez prejudica a respiração;
  • Altera as funções hormonais, o que traz junto vários outros problemas, como aumento na liberação de insulina, podendo ocasionar em diabetes, redução na produção de alguns hormônios, aumento na produção de outros;
  • Problemas de circulação (que podem levar ao aumento da pressão);
  • Doenças cardíacas;
  • Queda na imunidade.

Obesidade no Brasil e no mundo

Em recente publicação do site da Organizações Unidas, o chefe da ONU para a Alimentação e a Agricultura (FAO), José Graziano da Silva, alertou para o que descreveu como uma “globalização da obesidade”. Atualmente, mais de 2 bilhões de pessoas no mundo estão acima do peso. Mais de 670 milhões delas são obesas. 

No Brasil, segundo dados de 2017 do Ministério da Saúde,  17,8% da população brasileira era obesa no ano de 2010; em 2014, o índice subiu para os 20%, sendo a maior prevalência entre as mulheres (22,7%). 

“É fato que nem todas as pessoas obesas tem alguma comorbidade atrelada. Mas, é por conta de todas essas alterações que ela pode provocar que pessoas obesas estão no grupo de risco para o coronavírus”, relata Vanessa. 

“Por isso, não só pensando na relação de obesidade e coronavírus, é essencial que cuidar melhor da nossa alimentação no geral. Nada de dietas radicais. Porém, mudar a qualidade do que comemos, a fim de dar ao nosso organismo o combustível correto para se manter saudável”, finaliza. 

Leia também: Coronavírus: O que você precisa saber para se cuidar

Sobre o autor

Amanda Figueiredo
Amanda Figueiredo é nutricionista clínica pela USP (Universidade de São Paulo), pós-graduada em Saúde da Mulher e Reprodução Humana pela PUC (Pontifícia Universidade Católica) e especialista em emagrecimento e nutrição estética CRN-3 77456 Também é jornalista e editora-chefe da Vitat.

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