Número de casos de diabetes tipo 1 aumenta no mundo todo

Saúde
30 de Setembro, 2022
Número de casos de diabetes tipo 1 aumenta no mundo todo

Por ano, são mais de 200 mil mortes por causa do diabetes tipo 1, só no Brasil. No mundo, são mais de 3,8 milhões de pessoas. O pior disso tudo: essas mortes poderiam ser evitadas se essas pessoas tivessem tido acesso a tratamento correto e adequado.  Ainda que a condição não tenha cura, o tratamento oferece uma vida longa e com qualidade às pessoas. Além disso, o levantamento “Type 1 Diabetes Index” , desenvolvido pela JDRF (Fundação de Pesquisa em Diabetes Juvenil) aponta que aumenta o número de casos de diabetes tipo 1 todos os anos, quatro vezes mais que o crescimento populacional. 

“Esse crescimento impactará de maneira significativa as pessoas com DM1, cuidadores, governos e sistemas de saúde”, afirma Levimar Araújo, presidente da Sociedade Brasileira de Diabetes. “No entanto, muito pouco está sendo feito para evitar que isso ocorra.”

O estudo que levantou mais de 400 publicações e contou com a participação de mais de 500 endocrinologistas no mundo todo publicou os resultados na revista científica Lancet, uma das mais importantes do mundo. 

Leia mais: Tenho diabetes, e agora? Como aceitar o diagnóstico

Acesso a tratamento poderia salvar cerca de 100 mil pessoas por ano 

O diabetes tipo 1, diferentemente do tipo 2 da doença, ainda não pode ser prevenido: é uma condição autoimune, ou seja, acontece “ao acaso”. Os pesquisadores ainda não sabem ao certo as causas que levam o corpo a atacar o próprio pâncreas e destruir as células beta, produtoras de insulina.  O tratamento envolve a reposição de insulina com seringas, canetas de aplicação ou a bomba de infusão. Além disso, os pacientes precisam monitorar os níveis de glicemia, por meio da picada no dedo ou com uso de sensores na pele.

Contudo, mesmo com os avanços no tratamento e acesso à saúde, infelizmente, há milhares de mortes por falta de diagnóstico. Somente em 2022, a estimativa é de que mais de 36 mil jovens morreram sem receberem o diagnóstico correto de diabetes tipo 1. 

“Se o diagnóstico não for feito em tempo de se iniciar o tratamento, pode haver morte prematura e se não for adequadamente tratada pode produzir complicações crônicas em rins, olhos, nervos e com o tempo, o coração”, destaca o estudo. 

Por isso, a situação pede ação com educação em diabetes para pacientes e cuidadores, mas também, principalmente, acesso ao tratamento com insulinas, tiras que medem a glicemia, bombas de insulina, entre outros insumos. De acordo com o estudo,  cerca de 100 mil pessoas poderiam estar vivas em 2040 se cada uma tivesse acesso ao tratamento e informação. 

Covid-19 pode explicar aumento do número de casos de diabetes tipo 1

“Existe uma teoria que é justamente o efeito do vírus da Covid sobre as células betas do pâncreas, que produzem insulina”, explica o presidente da SBD. “Além disso, alguns fatores ambientais podem interferir na genética e levar ao quadro de DM1”, complementa. 

Ainda não se sabe ao certo as causas que levam o corpo a atacar as próprias células do pâncreas, causando o diabetes tipo 1. Mas, de acordo com o especialista, até mesmo a mudança nos hábitos alimentares poderia influenciar a genética.

Como mudar essa realidade?

O tratamento do diabetes tipo 1 está previsto no SUS e inclui a distribuição gratuita de insulinas e tiras de medição de glicemia. Contudo, nem sempre isso funciona da melhor forma: é comum ver relatos de pacientes nas redes falando sobre a falta de insumos. Além disso, alguns pacientes que precisam de bomba de insulina e sensores, somente têm acesso ao tratamento necessário por meio da judicialização.

O tratamento da condição é considerado de alto custo. Mas, por outro lado, o não tratamento correto também leva a uma sobrecarga dos sistemas de saúde tanto a nível de internações, como em custos totais para tratar complicações de saúde causadas pelo diabetes. “Esse estudo é muito importante para que os governos, as entidades médicas e os profissionais de saúde possam se preparar melhor para cuidar das pessoas que convivem com diabetes”, ressalta Levimar Araújo.

Sobre o autor

Beatriz Libonati
Jornalista e repórter da Vitat. Especialista em diabetes e obesidade.

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