Narcisismo: O que é e como identificar o transtorno
Na acepção da palavra, narcisismo é o amor pela própria imagem, mas existe um paradoxo na personalidade narcisista.
O transtorno é marcado principalmente pelo excesso de prepotência e superioridade de um indivíduo, que serve de máscara para ocultar aspectos vulneráveis do ser: baixa autoestima, insegurança, falta de autoconfiança…
Sabe aquela pessoa que precisa sempre chamar a atenção, se vangloria de conquistas, posição e sempre que tem oportunidade, cria situações para inferiorizar os outros?
Pois é muito provável que ela seja narcisista, que é um transtorno de personalidade que tem conceitos distorcidos sobre si (se acha superior) e sobre os outros (ninguém está à altura do indivíduo narcisista).
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Possíveis origens do narcisismo
A psicanálise e muitos especialistas acreditam que o narcisismo provém de uma combinação de fatores, que influenciam no desenvolvimento dessa personalidade egocêntrica. As principais:
- A criação dos tutores durante a infância, marcada por uma relação abusiva com críticas excessivas à criança ou dedicação demasiada, que “sufoca”.
- Questões hereditárias.
- Falta de conexão entre pensamento e comportamento.
Características do comportamento
Ausência de empatia
O narcisista é incapaz de se colocar no lugar do outro e se interessar por questões alheias. Não existe a preocupação com as pessoas ao redor, porque apenas suas questões íntimas são importantes e merecem atenção.
Incapacidade de aceitar críticas
Quem sofre desse transtorno cria a imagem de autoperfeição para se proteger de sua própria vulnerabilidade. Por isso, quaisquer comentários de cunho crítico são recebidos de forma hostil pelo narcisista. O indivíduo pode reconhecer suas falhas em seu íntimo, mas não tem a postura de admiti-las em público.
Não aceita ser contrariado
Ouvir um “não” ou tomar decisões contrárias a opinião do narcisista também é motivo de conflitos com outras pessoas, seja no ambiente familiar, social ou profissional.
É preconceituoso
Por acreditar que possui um nível superior de inteligência, beleza e vários outros predicados, a pessoa que sofre de narcisismo espelha essas crenças e valores em suas relações. Então, só são relevantes os indivíduos que se enquadram em seus critérios pessoais. Por exemplo: o narcisista se relaciona apenas com pessoas de determinada classe social, status e até raça.
Competitividade extrema
Por não gostar de “estar por baixo”, o narcisista sempre busca meios para se manter em evidência em todos os campos de sua vida. Por isso, os limites de competitividade podem extrapolar as questões éticas.
Possui relações fragilizadas
Por causa de seu comportamento tóxico, o narcisista dificilmente consegue estabelecer um vínculo sincero e profundo com as pessoas. Por essa razão, não é surpresa que termine amizades em pouco tempo, e precisa renovar seu círculo para nutrir a necessidade de ser admirado por novas pessoas.
Tem o hábito de mentir
É um dos principais artifícios para prender a atenção dos interlocutores. Não é raro que crie histórias mirabolantes em que é o protagonista.
As consequências negativas
As atitudes voltadas unicamente para satisfazer seu próprio ego trazem infelicidade para todos os envolvidos. O narcisista acha que é feliz, quando na verdade está escondendo um enorme vazio existencial, que se sustenta sobre uma realidade que só existe na cabeça do indivíduo. A falta de empatia afasta as pessoas, fato que causa ainda mais frustração no narcisista.
Os amigos, colegas de trabalho e familiares sofrem com o comportamento abusivo do narcisista, o que pode causar diversos problemas para a saúde mental de quem convive com uma pessoa com essa personalidade.
Existe tratamento para o narcisismo?
A terapia é uma das formas de investigar as origens do narcisismo, que precisa de orientação profissional para perceber suas atitudes, gatilhos e outros meios para conviver melhor em sociedade. Uma abordagem é criar caminhos para desenvolver a inteligência emocional e o autoconhecimento.
Dr. Yuri Busin – psicólogo, doutor em neurociência do comportamento pela Universidade Presbiteriana Mackenzie. Diretor do Centro de Atenção à Saúde Mental – Equilíbrio (CASME).