Mielite transversa: o que é, sintomas, tratamentos e causas
A mielite transversa é uma inflamação da medula espinhal (mais especificamente na região lombar), que é responsável por transmitir impulsos nervosos para todo o corpo. Seus principais sintomas incluem fraquezas em braços e pernas, dormência e formigamento, dor e desconforto, problemas na bexiga e dificuldades intestinais.
“As causas podem ser infecciosa viral, bacteriana, doenças autoimunes crônicas ou agudas ou, de forma rara, após vacinações”, explica Filipe Von Glehn, da Academia Brasileira de Neurologia (ABN) e professor de Neurologia da Faculdade de Medicina da Universidade de Brasília (UNB).
Causas da mielite transversa
De acordo com o especialista, as causas mais comuns são as virais, como vírus da herpes e HTLV, um “primo” do HIV que pode ser transmitido de mãe para filho durante a gestação ou amamentação, durante relações sexuais desprotegidas ou por meio do compartilhamento de agulhas. A inflamação da medula espinhal também pode surgir a partir de uma meningite, a inflamação da membrana que reveste o cérebro.
A mielite transversa pode atingir qualquer pessoa, desde criança até idosos, inclusive quem é saudável, mas a maior possibilidade é que indivíduos com comprometimento nos sistemas de defesa do organismo sofram com uma maior prevalência da doença.
“Geralmente, ela surge de modo súbito ou rápido, em algumas horas ou dias, causando alteração na sensibilidade e alteração da força motora”, explica Daniel Mazzo José, neurologista clínico da Unimed de São José do Rio Preto, interior de São Paulo.
De acordo com o Centro de Mielite Transversa do Hospital John Hopkins, nos Estados Unidos, a maioria dos casos de mielite transversa não tem causa detectada e cerca de 40% são por doenças autoimunes como esclerose múltipla, lúpus eritematoso sistêmico e sarcoidose, dentre outras.
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Quadro clínico
Von Glehn explica que o quadro clínico da mielite transversa pode ser variado. “Desde uma fraqueza em uma perna até em ambas, com alteração da sensibilidade em nível medular. Também podem acontecer alterações nos hábitos urinários e intestinais, causando incontinência ou retenção urinária e prisão de ventre”, explica o especialista.
Sintomas e tratamento da mielite transversa
De acordo com a Mayo Clinic, dos Estados Unidos, os sintomas envolvem dor na região lombar, braços, pernas, peito e abdômen, sensação de formigamento, dormência, frio ou queimação, fraqueza nos braços e pernas e problemas de bexiga e intestino.
Conforme o neurologista da ABN, o tratamento da mielite transversa é feito de acordo com sua causa. Por exemplo: se é um vírus, um antiviral; se é uma bactéria, um antibiótico. “A mielite em si você trata com corticoide, e aí, você vai tratar a causa. Também envolve o uso de analgésicos para dor e de remédios para bexiga.”
É essencial procurar o médico tão logo os primeiros sintomas apareçam, pois eles são comuns em outras doenças que são emergenciais, como compressão da medula espinhal, por exemplo. Além disso, se for mielite transversa, é essencial tratar o quanto antes para que o prognóstico seja melhor.
De acordo com Daniel Mazzo José, crianças e adolescentes têm melhor prognóstico do que idosos. O quadro clínico vai depender do grau de inflamação da medula, se for pontual ou extenso. “O tratamento, se feito de maneira adequada, pode não deixar sequelas. Se não for feito no tempo correto, a chance de deixar sequelas existe.”
Vacina
É raríssimo que a mielite transversa apareça depois de alguém tomar uma vacina. Quando o imunizante da Oxford em parceria com o laboratório sueco AstraZeneca estava em testes, ainda em 2020, um voluntário teve mielite transversa depois de receber a vacina.
Os estudos foram interrompidos, como determina o protocolo. Mas não foi encontrada nenhuma relação causal, ou seja, ficou determinado que a inflamação na medula espinhal não tinha relação com o imunizante.
Fontes: Daniel Mazzo José, neurologista clínico da Unimed de São José do Rio Preto (SP); Filipe Von Glehn, da Academia Brasileira de Neurologia (ABN) e professor de Neurologia da Faculdade de Medicina da Universidade de Brasília (UNB); Centro de Mielite Transversa do Hospital John Hopkins e Mayo Clinic, ambos dos Estados Unidos.