Marcha atópica: conheça as alergias que começam na infância
Você sabia que 80% dos pacientes com asma, uma doença que ainda mata no Brasil, também tem rinite alérgica? As alergias não costumam vir sozinhas. Ao longo da vida, o desenvolvimento de uma delas pode desencadear o surgimento de outras. É o que os especialistas chamam de marcha atópica.
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O que é a marcha atópica?
De acordo com o Dr. Evandro Alves do Prado, alergista, a marcha atópica é uma sequência de doenças alérgicas que podem ocorrer em algumas pessoas ao longo do tempo. Trata-se de uma evolução natural relacionada a uma predisposição genética para o seu desenvolvimento.
“As doenças que compõem a marcha atópica são a dermatite atópica, rinite e asma“, explica o médico. Além disso, também pode surgir alergia alimentar ou conjuntivite. A primeira manifestação, que ocorre ainda no primeiro ano de vida, geralmente é a dermatite atópica, uma doença dermatológica que tem como principal sintoma a coceira na pele causada pelo pouco teor de óleo e água. Em seguida, as outras condições podem surgir, chegando até a fase adulta.
Segundo a Associação Brasileira de Alergia e Imunologia, nem todas as crianças vão apresentar todas as manifestações da marcha atópica. Também não é possível prever com certeza se uma criança com alguma das manifestações irá evoluir com as demais doenças. Entretanto, de 20 a 30% das crianças com dermatite atópica desenvolvem outras manifestações alérgicas até a idade adulta. ⠀
Quais são as causas?
Segundo o alergista, a causa das doenças atópicas geralmente tem relação com os alérgenos inaláveis, isto é, fungos, pelos de animais, ácaros, poeira domiciliar, pólen de gramíneas entre outros. “Os ácaros intradomiciliares são os principais representantes”, explica.
Além disso, especialistas apontam que ter um sistema imunológico enfraquecido no início da vida pode predispor o corpo a se sensibilizar pelos alérgenos, dando início às manifestações de atopia. Por fim, fatores genéticos também estão envolvidos.
Como tratar a marcha atópica?
Ao receber o diagnóstico, ainda na infância, o médico explica que é possível tratar precocemente e controlar a evolução das doenças. “O tratamento é individualizado para todas as doenças. De todo modo, envolve controle ambiental, cuidados gerais, farmacoterapia e imunoterapia específica (vacinas)”, explica.
Por fim, estudos indicam que se a marcha atópica iniciar na pele, os tratamentos podem barrar a dermatite atópica ou diminuir sua gravidade. E, então, atenuar o surgimento de outras manifestações de atopia, como a bronquite/asma e a rinite alérgica.
Fonte: Dr. Evandro Alves do Prado, Coordenador do Depto Científico de Dermatite Atópica da Associação Brasileira de Alergia e Imunologia (ASBAI).