Você sabe qual é a relação entre o lúpus e a saúde mental?
O lúpus eritematoso sistêmico — ou simplesmente lúpus — é uma doença crônica de origem autoimune. Isto é, ela acontece quando o próprio sistema imunológico perde o controle, passa a funcionar de modo inapropriado e, como consequência, ataca o organismo. Dessa forma, trata-se de um processo interno que precisa de auxílio médico para ser tratado e não pode ser transmitido.
Diversos fatores podem causar o lúpus, como questões genéticas, hormonais e até ambientais — exposição prolongada ao sol, por exemplo. Contudo, observações clínicas indicam que o estado emocional debilitado pode vir a contribuir para a exacerbação da doença. “Com relação à saúde mental, as emoções e o estresse não desencadeiam a doença, mas podem agravá-la”, afirma o psicólogo clínico Fábio Pedroso.
Ele explica que, por conta da gravidade do lúpus, é comum que o paciente apresente sintomas depressivos, como perda de energia ou interesse, insônia, redução do apetite e do desempenho sexual, além do aumento de dores. “Nesses casos, surge a necessidade de um tratamento com base em medicamentos psicotrópicos associados à psicoterapia. Essa, por sinal, é um elemento de grande importância na condução de aspectos emocionais e psicossomáticos.”
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Terapia para quem tem lúpus
Uma pesquisa realizada por cientistas espanhóis e publicada na revista científica Psychotherapy and Psychosomatics mostrou que a terapia cognitivo-comportamental (TCC) ajudou a melhorar a qualidade de vida dos pacientes com lúpus. No estudo, foram observados 45 portadores da doença. Eles foram avaliados de acordo com questões como estresse, ansiedade, depressão, índice de atividade do lúpus, sintomas, número de manchas, anticorpos e qualidade de vida.
O grupo foi verificado no começo do levantamento e posteriormente aos 3, 9 e 15 meses. Segundo os pesquisadores, houve redução significativa da depressão, da ansiedade e do estresse diário entre os pacientes submetidos à psicoterapia, ainda que a redução do índice de atividade da doença tenha sido pequena. Para Fábio, é essencial considerar a relação corpo e mente quando se trata do lúpus. “Isso porque são visíveis os prejuízos relacionados à baixa autoestima, à ansiedade e ao estigma social”, ressalta.
Sintomas do lúpus
É importante estar atento aos sintomas para buscar ajuda especializada o quanto antes. Existem alguns tipos de lúpus e o mais comum é o sistêmico, que afeta diversos órgãos. Já o discoide afeta apenas a pele, mas precisa de tratamento para não evoluir para o outro tipo.
Alguns sintomas comuns em quem tem lúpus são:
- Fadiga;
- Febre;
- Rigidez muscular e dor nas articulações;
- Lesões na pele que pioram após a exposição ao sol;
- Dificuldade para respirar e dor no peito;
- Erupções cutâneas;
- Inchaço nos membros;
- Ademais, feridas na boca.
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O tratamento
É importante lembrar que, como doença crônica, o lúpus não tem cura, apenas controle. O tratamento é individual, variando de acordo com cada paciente. Normalmente, são usados analgésicos, anti-inflamatórios não hormonais, corticosteróides, além de cremes e produtos que ajudam a aliviar os sintomas.
Também há tratamentos alternativos complementares que auxiliam a lidar com as emoções, como psicoterapia e terapias em geral, além de massagens, que ajudam a diminuir o estresse, reduzir a inflamação e melhorar o metabolismo.
Fonte: Fábio Pedroso, psicólogo clínico.