Lábio leporino: o que é, causas e tratamentos
No Brasil, estima-se que um a cada mil nascidos vivos possua lábio leporino, ou fissura labiopalatina. A condição pode afetar lábios, nariz, região alveolar e palato dos bebês recém-nascidos. A seguir, saiba tudo sobre esse tipo de deformidade.
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O que é lábio leporino?
De acordo com Maria Aparecida de Almeida, cirurgiã plástica do Hospital Santa Catarina – Paulista, o lábio leporino é uma deformidade congênita. Ou seja, que se forma durante a gestação (durante os três primeiros meses) e afeta os tecidos do lábio superior, rebordo alveolar e palato.
Geralmente, os lábios dos bebês se desenvolvem entre a quarta e a sétima semana de gravidez. Mas em alguns casos, a malformação pode afetar a região da face do ser humano e causar uma abertura no lábio e/ou do palato (céu da boca).
Por que isso acontece?
Infelizmente, ainda se sabe o motivo para a malformação do lábio e do palato. “Alguma coisa acontece entre a quarta e sétima semana que impede a união dos brotos labiais, e até a décima segunda semana para o fechamento da parte óssea do palato”, comenta a especialista.
Embora a causa seja desconhecida, existem muitas hipóteses a respeito. Por exemplo, deficiência de ácido fólico durante a gravidez e/ou predisposição genética. Além disso, a medicina investiga se determinados fatores de risco podem influenciar a malformação. Uso de álcool, drogas, tabagismo pela mãe ou pai, exposição à radiação e algumas doenças maternas são alvo de estudos.
Também há especulações que relacionam a deformidade facial com a realização de raios-X na região abdominal e ingestão de medicamentos, como anticonvulsivantes ou corticoide, durante o primeiro trimestre gestacional.
Como é feito o diagnóstico?
A fissura labial, segundo a especialista, pode ser diagnosticada durante a gravidez após a 8ª ou 9ª semana por meio de ultrassonografia. Contudo, diagnóstico da fissura labiopalatina acontece após o nascimento do bebê, já que é mais fácil diagnosticar a deformidade facial.
Com a confirmação da deformidade, o médico deve apresentar as opções de tratamentos disponíveis aos responsáveis pelo recém-nascido.
Como é o tratamento do lábio leporino?
O atendimento para tratar a fissura labiopalatina nos bebês, segundo a especialista, requer cirurgia e acompanhamento multidisciplinar: “cirurgia plástica, ortodontia e fonoaudiologia”, conta.
Com tratamento correto, a cirurgiã plástica conta que os pequenos levam uma vida normal. Mas, ressalta que cada caso precisa de análise individual pois a evolução do tratamento depende de vários fatores. No total, o tratamento completo de um ser humano com fissura labiopalatina pode levar de 16 a 20 anos para se completar.
Afinal, é necessário realizar novos tratamentos em épocas adequadas para cada intervenção, já que é preciso respeitar o crescimento craniofacial e a maturidade fisiológica de cada criança.
Como é o tratamento pós-cirurgia?
Depois da intervenção, a criança precisa receber os cuidados de uma equipe multidisciplinar. Fonoaudiólogos, fisioterapeutas e dentistas são essenciais para a reabilitação do paciente.
É comum que, mesmo com o sucesso cirúrgico, os pacientes mantenham o padrão de voz anasalada e fanha, como se ainda não tivesse sido feita a cirurgia reconstrutora do céu da boca.
Nesses casos, é essencial realizar a fonoterapia para reabilitar a fala, principalmente por meio de treinamentos específicos e orientações aos responsáveis e com profissionais da escola.
Como evitar as possíveis complicações?
Por fim, a cirurgiã plástica comenta que os tipos de complicações mais frequentes são a fístula de palato e deformidades nasais, entre outras: “cada caso requer uma análise e conduta específica”, acrescenta.
Fonte: Dra. Maria Aparecida de Almeida, médica cirurgiã plástica do Hospital Santa Catarina – Paulista.