Adeptos do jejum intermitente têm menor risco de complicações da Covid
Um estudo recente apontou que pessoas que praticam o jejum intermitente regularmente e há anos têm uma menor chance de sofrer com as complicações da Covid-19. A pesquisa foi publicada na revista científica BMJ Nutrition, Prevention & Health, e feita por pesquisadores da Intermountain Healthcare — sistema de saúde sem fins lucrativos nos EUA.
A descoberta é inédita, apesar de já existirem investigações acerca dos benefícios da estratégia alimentar para a redução no risco de desenvolvimento de condições como diabetes e problemas cardíacos. Agora, mais estudos são necessários para entender por que isso acontece.
Jejum intermitente e Covid-19: como funcionou o estudo
Os cientistas selecionaram e analisaram dados de 206 pessoas inscritas no INSPIRE, um registro de saúde voluntário da Intermountain Healthcare. Todas elas haviam testado positivo para a doença entre março de 2020 e fevereiro de 2021. Ou seja, antes das vacinas estarem amplamente disponíveis para a população.
Entre os participantes, 73 afirmaram praticar o jejum intermitente pelo menos uma vez por mês por uma média de 40 anos. Isso porque a maioria dos pacientes voluntários pertencia à Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias. Lá, uma das tradições é jejuar no primeiro domingo do mês, ficando sem comida ou bebida por pelo menos duas refeições consecutivas.
Como resultado, os especialistas perceberam que aqueles que adotavam a prática alimentar tiveram menores taxas de hospitalização e morte por Sars-CoV-2. Por outro lado, eles não notaram ligações entre o jejum e o risco de contrair a doença.
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Mas por que isso acontece?
O artigo não conseguiu concluir como o jejum intermitente consegue ajudar o corpo a combater a doença, e mais estudos precisam ser feitos. Contudo, os autores levantaram algumas hipóteses.
Já se sabe, por exemplo, que o jejum intermitente é capaz de reduzir o nível de inflamação do organismo — condição que foi associada a uma piora nos quadros de Covid.
Além disso, depois de aproximadamente 14 horas sem comer, o corpo deixaria de usar a glicose (açúcar) como fonte de energia, e passaria a consumir cetonas (incluindo o ácido linoleico). Esse fator teoricamente deixaria o vírus menos capaz de se ligar a outras células.
Por fim, outra possível explicação estaria no processo de autofagia estimulado pelo jejum, no qual células danificadas e infectadas seriam destruídas e “recicladas”.
Mesmo assim, os pesquisadores não deixaram de alertar: as descobertas foram vistas em pessoas que praticam a estratégia alimentar há décadas, e quem se interessar por ela deve adotá-la apenas após o aval médico. Ademais, é sempre bom lembrar que o jejum não substitui a vacinação!