Qual a diferença entre intoxicação alimentar e virose? Dicas e cuidados
Sintomas como náusea e diarreia podem indicar duas condições frequentemente confundidas: intoxicação alimentar e virose. Mas como saber o que, de fato, causa esses e outros sintomas tão incômodos? Essa resposta é importante, já que o diagnóstico correto contribui na melhora do quadro a partir do tratamento adequado para a condição, seja ela uma intoxicação ou virose. Entenda agora como distingui-las, quais são suas principais causas, entre outros.
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Intoxicação alimentar e virose: afinal, qual é a diferença?
De acordo com a Dra. Erika Yuki Yvamoto, gastroenterologista do Hospital Japonês Santa Cruz, a intoxicação alimentar é uma doença que pode causar náuseas, vômitos ou diarreia. Ela é causada pela ingestão de alimentos que contêm bactérias, vírus ou parasitas. A virose, por sua vez, é um termo geral que significa doença provocada por um vírus e costuma indicar infecções virais mais leves e autolimitadas (condição com curso específico e limitado, com começo, meio e fim), que causam sintomas respiratórios ou gastrointestinais.
“A intoxicação alimentar pode ser causada tanto por vírus quanto por bactéria e vermes. Já a virose engloba qualquer doença causada por um vírus. Como a causa mais comum da intoxicação alimentar é viral, comumente ocorre o uso desse termo “virose” para quem está com sintomas leves gastrointestinais”, explica a médica.
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Quais são as causas de intoxicação alimentar e da virose?
As causas da intoxicação alimentar são os vírus, bactérias e parasitas, sendo a causa viral a mais comum. Assim, o principal vírus é o norovírus e adenovírus em adultos e rotavírus em crianças. As bactérias que são causas comuns de intoxicação alimentar são a Salmonela e a E. coli. Por fim, os parasitas são os minúsculos vermes que habitam, comumente, locais com condições precárias de higiene sanitária. É o caso das amebas, áscaris, tênia e giárdias, por exemplo.
Ainda segundo a especialista, as causas da virose dependem do local de acometimento. As que atingem a região gastrointestinal são, sobretudo, causadas pelos vírus rotavírus, norovírus, astrovírus e adenovírus entérico. Por outro lado, se houver sintomas respiratórios, as causas podem ser o vírus influenza, rinovírus, adenovírus, vírus sincicial respiratório, coronavírus, parainfluenza, entre outros.
Sintomas da intoxicação alimentar e da virose
Ainda segundo a especialista, os sintomas da intoxicação alimentar podem ocorrer logo após uma pessoa comer um alimento, após dias ou até semanas. Em casos de intoxicação, não é difícil, depois de uma conversa médica, desconfiar do alimento que causou a intoxicação.
Os sintomas mais comuns incluem náuseas e vômitos, diarreia, dor abdominal e febre. Pode ocorrer também sintomas de desidratação pela perda de líquido, como boca seca, diminuição da quantidade de urina e até visão turva e tontura. Mas esses últimos sintomas são mais raros. Os sintomas da virose, por sua vez, podem ser diversos, já que os vírus podem acometer diferentes partes do corpo e nem sempre tem uma relação clara com a ingestão de algum alimento.
Tratamento
Intoxicação alimentar
A maioria das pessoas com intoxicação alimentar melhoram espontaneamente. De qualquer modo, a médica explica que é importante ingerir bastante água para evitar a desidratação. O maior risco é a desidratação decorrente de forte diarreia. Por isso, é importante ingerir líquidos, especialmente água e sucos. Algumas medicações para controle do vômito, cólica abdominal e diarreia podem ajudar no controle dos sintomas, desde que orientados por um médico. Dependendo da situação, o médico poderá recomendar hidratação venosa e uso de antibióticos. A automedicação nesses casos pode ser prejudicial à saúde e levar a uma piora do quadro.
Virose
Geralmente, as viroses leves não possuem tratamento específico, além de apresentarem cura espontânea. Assim como na intoxicação, medicamentos para melhora dos sintomas podem ser utilizados, desde que orientados por um médico. “É comum essa confusão, por isso vou reforçar: o uso de antibióticos não melhora as viroses, pois os antibióticos são tratamento para infecções por bactérias e não para vírus”, alerta a especialista.
Dá para evitar a intoxicação alimentar?
Alguns cuidados podem diminuir o risco da intoxicação alimentar:
- Sempre lavar as mãos com água e sabão. Sobretudo, diante de situações como ao preparar alimentos, amamentar, após assoar o nariz, tocar em animais, levar o lixo para fora, usar o banheiro ou trocar fraldas, por exemplo.
- Manter a higiene da casa e pessoal, bem como dos utensílios de mesa e fogão.
- Segurança alimentar: Beber somente água tratada, filtrada ou fervida;
- Lavar cuidadosamente as verduras e frutas;
- Proteger os alimentos de moscas, baratas e ratos;
- Cozinhar carne até estarem bem passadas;
- Cozinhar ovos até a gema estar firme;
- Tomar cuidado com o consumo de leite não pasteurizado.
E a virose?
Por fim, é possível sim evitar as viroses. No caso das intestinais, por exemplo, a médica explica que as mesmas orientações para evitar a intoxicação também se aplicam a elas. Já a virose respiratória, isto é, que é transmitida pelo ar, objetos contaminados ou pessoas doentes, pode ser prevenida por meio da lavagem das mãos com água, sabão ou álcool em gel antes de ter contato com a boca, olhos ou alimentos. Além disso, a médica recomenda evitar ambientes fechados, pouco arejados e aglomerações, bem como o isolamento de pessoas com sintomas e o uso de máscaras de proteção.
Fonte: Dra. Erika Yuki Yvamoto, gastroenterologista do Hospital Japonês Santa Cruz.
Referência: Ministério da Saúde